MOEMA

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PAPIRUS DO EGITO

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

DIOGO ANTÔNIO DOS REIS.*

* Aymoré Alvim.

                Na história de Pinheiro, vamos encontrar várias pessoas que marcaram a sua vida com o seu trabalho e com a sua dedicação à causa do desenvolvimento e do bem estar da terra e do seu povo. Resgatar-lhes a memória para o conhecimento das gerações vindouras se impõe pelo exemplo que nos legaram e como preito da nossa gratidão pelo muito que realizaram. Desta forma, iniciamos por destacar o Sr. Diogo Antônio dos Reis.

Não era pinheirense, mas amou a terra que o abraçou como se fora a sua.

Nascido em Alcântara, em 1813, foram seus pais Agostinho Antônio dos Reis e Maria Joaquina dos Reis dos quais lhe nasceram quatro irmãos. Todos concluíram, na capital da Província, o curso de humanidades. Por volta de 1832, chegou ao Lugar do Pinheiro.

Não obstante as regulares transações comerciais que mantinha, principalmente, com as vilas de Alcântara e Guimarães e, às vezes, até com a capital, o lugarejo se constituía em um espaço tranqüilo e de paz, o que, certamente, motivou a vinda de várias famílias para tentar a sorte, nas atividades comerciais, que já prenunciavam bons negócios e, na agropecuária, que estava em expansão ou, simplesmente, para morar.

O conturbado ambiente que imperava, no restante da Maranhão, decorrente das lutas políticas entre conservadores e liberais, permitia, quase sempre, a ocorrência de conflitos de exacerbada violência como a guerra da Balaiada que, no final da década de 1830 e início da de 1840, manchou de sangue as terras maranhenses.

Enquanto isso, sem imiscuir-se nesses conflitos, o povoado desenvolvia a sua pecuária e a sua agroindústria com o plantio da mandioca, arroz, milho e da cana de açúcar que recebera grande incentivo, nessa época, quando Franco de Sá governava a Província. A partir de então, foi ampliada a área cultivada e vários engenhos para produção de açúcar começaram a ser instalados.

Tais iniciativas permitiram à povoação não somente atingir, na década seguinte, o “status” de vila, como ainda, apresentar uma pauta de produção, segundo César Marques, de 3.000 arrobas de açúcar/ano, propiciando bons lucros aos seus produtores junto à produção do algodão que também atingiu bons preços, em decorrência da grande crise, nos Estados Unidos, deflagrada pela guerra de Secessão e pela libertação dos escravos.

Foi esse ambiente de paz e de início de prosperidade que Diogo dos Reis encontrou ao chegar ao Lugar do Pinheiro.

 Ainda bem jovem, passou a dedicar-se às atividades comerciais. Inicialmente, trabalhou como empregado do capitão José Caetano de Sá e, mais tarde, pela dedicação demonstrada e pela argúcia nele vista, o patrão terminou por convidá-lo para sócio.

Atencioso e prestativo, logo granjeou a simpatia e a amizade do povo. Exímio comerciante, pouco a pouco, adquiriu a confiança da comunidade, o que viria torná-lo o guru do lugar, a quem todos acorriam para consultá-lo antes de realizar qualquer negócio.

Com tal perfil, não passou despercebido aos políticos locais e regionais que logo o convidaram a se filiar ao Partido Liberal cuja liderança, na Província, segundo Carlos Lima, era exercida pelo doutor Carlos Fernandes Ribeiro, Barão de Grajaú.

Os Liberais pinheirenses, logo, o fizeram chefe político local do Partido e, com outras tantas lideranças locais, muito trabalhou pela emancipação política do povoado.

Após a instalação da Câmara de vereadores, em 1862, na vila recém-criada, Diogo dos Reis a presidiu, em três legislaturas, em 1873, 1883 e em 1887 quando permaneceu até 14 de janeiro de 1888. Nesse mesmo mês, tomou posse, pela segunda vez, como deputado, na Assembléia Legislativa Provincial.

Ali desenvolveu um profícuo trabalho em benefício da Vila de Santo Inácio de Pinheiro e do seu povo pelo bom desempenho político que, segundo Viveiros, sempre o caracterizou.

Conciliador e arguto articulador político, fez na Assembléia fortes laços de amizade até mesmo com os colegas adversários que sempre lhe dispensaram grande respeito e muito apreço.

Por isso, todos lamentaram o seu falecimento ocorrido, em São Luís, no dia 9 de março desse mesmo ano.

A Vila ficou triste, pois havia perdido um grande amigo.