MOEMA

MOEMA
PAPIRUS DO EGITO

sábado, 18 de fevereiro de 2012

A CAPITANIA DE CUMÃ - PARTE I


Moema de Castro Alvim



A área da antiga Sub- Capitania de Cumã é de 23.478,0 Km², abrangendo as atuais Regiões da Baixada, com 21 municípios, excetuando o município de Santa Helena (2.538,9km²), cujo território pertencia à Sub- Capitania de Caeté e Anajatuba (1.137,6Km²), incluída na Capitania do Maranhão, perfazendo uma área de 17.956,6 Km² e a Região Litoral Ocidental, com 9.197,9 Km², onde se situam 13 municípios (dados do IBGE).

A Região da Baixada compreende os baixos cursos dos rios Mearim e Pindaré e médios e baixos cursos do Pericumã e Aurá e outros pequenos rios de menor importância, como o Anajatuba, Uru e Cururupu. O mais importante, no entanto, é o Rio Pericumã, com uma bacia hidrográfica de 4.500Km², que tem a sua nascente na lagoa Bujiritiva, atualmente pertencente ao município de Pedro do Rosário, próximo à zona rural de São Bento. Após percorrer quase 115,51km deságua na Baia de Cumã, próximo à cidade de Guimarães. A maior parte do seu percurso é feito através dos campos da Baixada, sendo alimentado por importante complexo lacustre formado por diversas lagoas e lagos, como Cafundoca, Laguinho, Lago Grande, Faveira. Quanto à navegabilidade as embarcações podem chegar até Pinheiro, cerca de 50 km da sua foz. As marés salinas penetram através do seu estuário, causando grande mortandade de peixes. Em 1978 foi construída pelo DNOS uma barragem para tentar minimizar essa ação. Os campos do Pericumã, planos, constituídos por depressão preenchida por sedimentos quaternários ainda em formação, com solos areno-argilosos, devido ao transbordamento do rio Pericumã e dos numerosos lagos, no período chuvoso (janeiro-julho),ficam inundáveis, propiciando o crescimento de uma vegetação diversificada em ciperáceas e gramíneas, rica e úmida, formando excelentes pastagens que e foram aliados valiosos no desenvolvimento do município de Pinheiro, cuja economia se baseia na pecuária de bovinos, suínos e, após a década de 1960, de bubalinos.

Parte da Baixada Maranhense, cujo povoamento remonta há milhares de anos, deu-se às margens dos grandes lagos como o de Cajarí, comprovado através de pesquisas feitas pelo cientista Raimundo Lopes, baseadas em relatos do Cel. Bernardino Pereira Lago, em 1820 e de Celso Magalhães, teve a sua economia desenvolvida em torno das suas bacias lacustres, que formam um dos complexos mais importantes do Maranhão, graças ao seu grande potencial hídrico. Esses lagos, como o Maracu (Viana), Acará (Monção)Lago-açu (Conceição do Lago-Açu) Apuí,Aquari,Aquiri, Cajarana (Viana) Formoso (Penalva), Itaus (Matinha), Lagos, Laguinho e da Morte (Arari) , Verde, Carnauba, Jatobá, ligam-se aos rios, alimentando-os com as suas águas, através de estreitos canais. O sistema lacustre Viana-Cajarí integra a bacia do rio Pindaré. Nos dias atuais, grande parte dos projetos agropastoris, de psicultura e de irrigação ali implantados cumprem relevante papel no desenvolvimento sócio-econômico da Região.

A Capitania de Cumã, hereditária pelo sistema jurídico então vigente, durou 127 anos,quando, a partir de 1754, com a extinção dos direitos dos sucessores do Des. Antônio Coelho de Carvalho, o último dos quais, Francisco de Albuquerque Coelho de Carvalho, após negociações com a Coroa por permuta de terras em Portugal, títulos e outras honrarias, foi reincorporada à Coroa, tornando-se real. O seu primeiro proprietário foi Francisco Coelho de Carvalho, que a recebeu em 1629, doando-a ao seu sobrinho Des. Antonio Coelho de Carvalho, em 1639. Essa anexação foi feita através da Carta Régia de 01/6/1754, a qual o brigadeiro dos reais exércitos , Gonçalo Pereira Lobato de Sousa, então Governador do Maranhão, apôs o “cumpra-se” dirigindo-se, em companhia do ouvidor-mor Manuel Sarmento, à Alcântara, para a posse da referida donataria, em nome de El Rei. Até o ano de 1700 das 18 capitanias doadas no início da colonização, 13 já haviam revertido à Coroa. A última integração deu-se em 1759 com a Capitania de São Vicente.

A anexação de Cumã e das outras capitanias secundárias e ainda hereditárias que pertenciam ao Estado do Maranhão e Grão-Pará, como Caeté, Camutá e Cabo Norte, atendia a interesses superiores da Metrópole, a esse tempo sob o reinado de D.José I, que assumiu o governo em 1750, após a morte do seu pai, o Rei D. João V. Para Ministro da Guerra e dos Negócios Estrangeiros nomeara Sebastião José de Carvalho Melo, depois, Primeiro- Ministro, futuro Conde de Oeiras (1762) e a partir de 1771, Marquês de Pombal. Até a sua indicação como Ministro, com mais de 50 anos , o futuro Marquês tivera uma carreira relativamente obscura, como representante de Portugal na Inglaterra e Diplomata na côrte Austríaca. Homem culto, inteligente e esclarecido, era sintonizado com as idéias iluministas que vicejavam na Europa, principalmente na Inglaterra, onde convivera com políticos e economistas , assistindo ao desencadear da política mercantilista. Como Ministro dos Negócios Exteriores, Pombal elaborou um projeto político-econômico global, dentro do contexto político vigente no século XVIII, com o objetivo de equiparar Portugal, que permanecia arcaico economicamente, a outros países europeus sacudidos pelos ventos da Revolução Industrial.





As principais e mais urgentes medidas adotadas pelo futuro Marquês no Maranhão, foram: encerrar os conflitos entre colonos e jesuítas; organizar a produção em bases sólidas, após inventariar as possibilidades produtivas da região; organizar a estrutura da exportação e comércio entre a Colônia e Portugal. Em sua política colonial, Pombal tratou de centralizar a administração para maior controle da metrópole, extinguindo as capitanias hereditárias, em 1759 e promovendo a reunificação administrativa. O Brasil que fora em 1621, ainda sob o domínio espanhol, dividido em dois Estados: o Estado do Brasil com sede em Salvador, e o Estado do Maranhão, que compreendia os atuais estados do Maranhão, Pará, Ceará, Piauí, Amazonas, Amapá e Roraima com sede em São Luís, este independente daquele, sendo subordinado diretamente à Metrópole. Por sua vez, o Estado do Maranhão, fora dividido em duas Capitanias: Maranhão e Grão Pará, com várias capitanias secundárias.

Segundo Caio Prado Jr. o Estado aparecia como unidade inteiriça que funcionava num todo único abrangendo o indivíduo, conjuntamente, em todos os seus aspectos e manifestações. A Capitania formava a maior unidade administrativa da Colônia e era dividida em Comarcas. Estas se compunham de Termos, com sedes nas vilas ou cidades respectivas. Os Termos, por sua vez, dividiam-se em Freguesias, circunscrição eclesiástica que formava a Paróquia, sede de uma Igreja Paroquial e que serviam, também, para a administração civil. Finalmente as Paróquias eram formadas por Bairros, cujo principal papel aparecia na organização das Ordenanças.

Com a Restauração em 1640, subiu ao trono D. João IV, iniciando a Dinastia de Bragança, sendo criado dois anos depois, o Conselho Ultramarino para centralizar as relações entre a Metrópole e suas colônias de além-mar, competindo a esse órgão o controle total sobre os negócios da Fazenda, a entrada e saída de navios, e os problemas judiciários. Em suma, nenhuma medida ou decisão de caráter político-administrativo poderia ser tomada sem a sua prévia autorização. Somente em 1643, durante as lutas para a expulsão dos holandeses foi nomeado o primeiro governador do novo Estado do Maranhão, Pedro de Albuquerque, falecido no ano seguinte, sendo imediatamente substituído por Antonio Teixeira de Melo. Portugal perdera durante a União Ibérica uma parte considerável de suas conquistas, mantendo, além do Nordeste Brasileiro, a mais valiosa possessão, Angola e Guiné.

Além da extinção das capitanias hereditárias , Pombal cuidou da reunificação do Brasil, elevando-o, em 1762, à condição de Vice-Reino, governado por um vice-rei, nomeado e fiel ao rei; determinou que a sede administrativa fosse o Rio de Janeiro e diminuiu os poderes do Conselho Ultramarino. Nessa época verificou-se a decadência da mineração. Em 1751 foi criado o Estado do Grão-Pará e Maranhão, sendo nomeado para Governador e Capitão-General, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão do Marquês, para comandar uma mega-operação , a ser executada na região, começando pela observação do comportamento dos jesuítas em relação aos colonos, estabelecimento de povoados, transformando em vilas as aldeias com mais de 15mil almas e distribuindo privilégios. Foi, também, incentivada a emigração em Portugal e a reativação do povoamento, estimulando cruzamentos entre portugueses e índias. Foram, também, construídos fortes e fortalezas e criadas novas corporações para a defesa das vilas e cidades, contra invasões de franceses e holandeses, principalmente, que rondavam o litoral, e dos ataques de índios.

Após a implementação da infra-estrutura necessária, Pombal deu início à segunda etapa de sua estratégia: em 1755 foi criada a Companhia Geral do Grão-Pará e do Maranhão com monopólio de 20 anos, que tinha como objetivo dinamizar a produção agrícola dessas regiões, com o cultivo do algodão, arroz, cacau, café, e açúcar, incentivar a pesca, principalmente nos rios amazônicos, estimular a criação de gado, selecionando as raças que melhor se adaptassem à região. Os produtos eram exportados e, em troca a Companhia introduzia escravos africanos. Foram criadas pequenas indústrias, em função das necessidades dos colonos. Essa Companhia nasceu com 90% do capital privado dos mercadores de Lisboa e do Porto e com apenas 10% dos comerciantes da colônia, auferindo lucros maiores, por conseguinte, os comerciantes portugueses. O Estado participava através dos incentivos fiscais, empréstimos, carta de crédito, isenção de tributos, tudo que favorecesse o enriquecimento da classe mercantil metropolitana.

Em 1759 foi criada a Companhia Geral de Pernambuco e Paraiba que durou até 1780, com a mesma finalidade. A Companhia do Grão-Pará e Maranhão atuou de 1756 a 1778, sendo extinta no reinado de D.Maria, que sucedeu o seu pai, D. José I, a partir de 1777, após a “Viradeira”, movimento representante dos setores retrógados da sociedade de Portugal, de base feudal, formados por nobres e parte do clero.

D. Maria, através do Alvará de 5/1/1785 extinguiu as manufaturas e pequenas fábricas tão estimuladas por Pombal, permitindo o funcionamento apenas das que fabricavam os panos grossos com que eram feitas as vestimentas dos escravos.

Com as medidas adotadas pela política pombalina, Portugal recuperou o controle do comércio das exportações coloniais, intensificando o intercâmbio com outros países, abrindo,assim, a economia portuguesa ao mundo capitalista, embora tenha imposto à Capitania a vocação agrícola, uma vez que o reduzido mercado interno não tenha estimulado a produção fabril. Foi, portanto, a agricultura que assentou a ocupação e exploração do Maranhão, adquirindo posição dominante durante os primeiros séculos da colonização.

A medida mais drástica tomada por Pombal, considerado por alguns historiadores como “déspota esclarecido”, foi após a emancipação dos índios (1755), decretar a expulsão dos jesuítas de Portugal e dos domínios ultramarinos, em 1759, despovoando aldeias e missões. Desse modo, acabou com a hegemonia dos jesuítas no ensino e na cultura, cujos reflexos negativos foram sentidos na Educação em nosso Estado até as primeiras décadas do século XX. O confisco dos bens da Companhia de Jesus, principalmente as fazendas, parece ter sido a meta de Pombal, que entregou as terras e a administração das fazendas a militares. Outro objetivo seria retirar os jesuítas, geralmente espanhóis, das áreas de fronteira, visando expandir os domínios portugueses, já bastante dilatados pelos vários tratados celebrados entre Portugal e a Espanha, como o de Lisboa (1681), o de Utrecht (1713-15), o de Madri (1750), o de Pardo (1761) e já no reinado de D. Maria, o de Santo Ildefonso (1777) e o de Badajoz (1801) na regência de D. João. Entretanto, deve considerar-se que a própria Igreja aceitou a expulsão dos jesuítas, que extinguiu a Companhia de Jesus em 1773 ( Papa Clemente XIV). Quanto à Educação no Brasil, Portugal não teve a mesma preocupação que a Espanha em relação às suas colônias. Em 1538 foi instalada a Universidade de São Domingos e em 1551 foram criadas as Universidades de São Marcos, em Lima e a Universidade Autônoma no México, enquanto no Brasil a primeira Instituição de Ensino Superior foi aberta somente em 1808, em Salvador (Faculdade de Medicina da Bahia). A primeira Instituição sob a denominação de Universidade foi criada somente em 1912 no Paraná.

Em 1772, houve uma nova reforma administrativa, sendo criado pelo DR de 20 de agosto daquele ano, o Estado do Maranhão e Piauí, que durou até 1811, três anos após a chegada da Família Real ao Brasil. Foi nomeado para primeiro governador e capitão-general do novo Estado, João Pereira Caldas, substituído em 1775 por Joaquim de Melo e Póvoas, sobrinho do Marquês de Pombal e ex-governador da capitania do Rio Negro.

Ainda segundo Caio Prado Jr. Na Capitania o chefe supremo é o Governador (Capitão-general, Capitão-mor) comandante supremo das forças armadas e cabeça de toda a administração geral.





A Capitania de Cumã II





Ainda sob o domínio espanhol, o Rei Felipe III, em 1623, por Carta Régia, mandou instruções ao então governador do Maranhão, Francisco Coelho de Carvalho, referente ao modo como deveriam ser distribuídas as terras na Capitania.

Apesar de ter voltado ao domínio da Coroa Portuguesa, em 1754, tornando-se real ou pública, a antiga Capitania de Cumã só teve as suas terras doadas três anos mais tarde, provavelmente em virtude do esforço concentrado do rei D. José I e, principalmente do seu 1º Ministro, o futuro Marquês de Pombal na reconstrução de Lisboa, parcialmente destruída pelo terremoto de 1755. A primeira solicitação de sesmaria foi feita por Domingos da Rocha Araujo na enseada da boca do lago Maracu.

Enquanto isso, dezenas de sesmarias já vinham sendo distribuídas na Capitania do Maranhão, desde 1622, quando Antonio Muniz Barreiros, capitão-mor da conquista do Maranhão e Cavaleiro da Ordem de Cristo e Provedor da Fazenda Real, requereu e conseguiu uma sesmaria medindo duas léguas e meia de terras nas proximidades do rio Itapecuru, para instalação de dois engenhos. As regiões mais visadas para solicitação de terras foram: ribeira do Itapecuru, Pindaré e Munin, no século XVII e já nos século XVIII, os vales férteis do Mearim, Grajau, Tocantins, Balsas, Parnaiba, Tutóia, Aldeias Altas, Brejo, Pastos Bons.

Ou porque as terras de Cumã eram de particulares, ou porque seus solos são mais pobres, ou porque seus rios são de pequeno curso, sem grande expressão, com baixo potencial de navegabilidade, apesar de uma importante bacia lacustre, o certo é que além das aldeias indígenas e das Missões Jesuíticas em Maracu e na região do Pericumã, e da vila de Alcântara, cabeça da antiga Capitania, pouco se conhecia dessa região, o que gerou um atraso em relação às demais regiões, de quase 150 anos, cujos reflexos sentimos até hoje.

Até 1755 não se conhecia gênero algum que se exportasse do Maranhão, exceto umas insignificantes partidas de sola e alguma diminuta porção de algodão em rama. Não havia navegação entre a Metrópole e essa Capitania, cujos habitantes eram considerados os mais pobres e miseráveis de toda a Colônia.

As terras passaram a ser solicitadas, somente após a consolidação da Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e do Maranhão, criada em 1755 e a comercialização de escravos provenientes do Continente Africano. Só no ano de 1768 foram enviados a D. José quatro requerimentos de sesmarias; no ano seguinte dois. A partir de 1770 as solicitações se multiplicaram.

No ano de 1760 o Maranhão exportou a primeira remessa de algodão que produziu: 651 arrobas. A Capitania que era considerada a mais pobre da Colônia transformou-se numa das mais ricas e destacadas, favorecida pela Companhia que fornecia crédito, escravos, ferramentas aos lavradores, embora as atividades comerciais fossem quase que exclusivamente controladas pelos reinóis.

O programa econômico proposto por Pombal foi em parte frustrado porque a partir de 1760 a economia da Colônia entrou em um período de depressão que se prolongou por mais de dez anos, devido à crise na produção de açúcar e à queda na mineração.

Com a morte de D. José, em 1777 e a subida ao trono de sua filha D. Maria I, a situação mudou. Atendendo aos seus conselheiros a Rainha extinguiu a Companhia, com a cessação do seu privilégio que não fora renovado e demitiu o Marquês de Pombal. Os maranhenses, preocupados com os débitos para aquisição, principalmente de escravos, ficaram apreensivos.

Entretanto, o impulso que havia sido dado pela Companhia, fez com que o Maranhão continuasse a sua marcha ascendente, dando à Capitania um lugar de destaque no cenário econômico da colonial, e alterando a sua feição étnica com a miscigenação de brancos, índios e negros. Os governos de D. Maria e do Príncipe Regente se beneficiaram de uma conjuntura favorável à reativação das atividades agrícolas: a produção de açúcar se expandiu, devida à insurreição dos escravos de São Domingos, nosso maior concorrente, e o cultivo do algodão voltou a crescer incentivado pelas guerras da independência dos Estados Unidos, transformando a nossa Capitania na zona mais próspera da América Portuguesa.

As solicitações de sesmarias recrudesceram nos anos seguintes na antiga Capitania de Cumã, até 1822, quando as doações foram extintas em todo o território brasileiro pela Resolução de 17/7 e confirmada por Provisão de D. Pedro I, de 22/10/1823. O Império exigia novas normas jurídicas para disciplinar o seu problema de terras.

Passaportes e autorizações para viajar de Portugal para o Maranhão se multiplicaram. As vilas povoavam-se, pequenas indústrias eram abertas para atender as necessidades dos moradores, principalmente olarias. Operários especializados eram solicitados, principalmente carpinteiros, oleiros e pedreiros. Regimentos militares foram criados para dar segurança aos habitantes. Funcionários responsáveis pela fiscalização, cobrança e arrecadação de impostos, (Provedoria da Fazenda Real), distribuição da justiça, prisão, deportação (Ouvidoria Geral)e todas as formas de opressão que a Metrópole usava para submeter os colonos.De acordo com o Prof. João Renôr de Carvalho,” a presença ostensiva do Estado Português no Maranhão, em todos os momentos da vida dos cidadãos, foi mais agressiva do que em outras áreas. O Estado se apresentou como Força Armada, Força Coercitiva e Ação Coordenadora em todas as iniciativas de âmbito político, econômico e cultural. Todas essas medidas tinham por escopo assegurar o controle absoluto da riqueza e do território do Maranhão, com conseqüências maléficas, inibindo a iniciativa privada e engendrando a prática do paternalismo, do intervencionismo estatal e o costume até hoje vigente de tutelar todas as iniciativas dos cidadãos livres. O cidadão maranhense em matéria de empreendimento na área econômica não toma nenhuma iniciativa antes de obter os favores econômicos do Estado. Esse vício histórico faz parte da cultura política da nossa gente e perdura até nossos dias.”



Dezenas de embarcações (navios, fragatas, bergantins, chalupas, corvetas, sumacas, galeras) saiam do porto do Maranhão abarrotadas de algodão, mais tarde, de arroz, milho, farinha de mandioca e de outros produtos derivados da cana-de-açucar, principalmente aguardente. Portugal incentivava a cultura do anil, do gengibre, do cravo e até o plantio de amoreiras para criação do bicho da seda. Também se exportavam ervas medicinais como a erva de São Caetano, cascas de quina e manacá, animais silvestres, aves de todos os tipos, sal, atanados, couros e peles, cascos de tartaruga, goma de peixe, resinas diversas como a de jutaí e de caju, cochonila, madeiras, linho. Enquanto isso, o povo reclamava da falta de comida.



Capitania de Cumã – Parte III



Não desconhecemos que o Município de Pinheiro originou-se de uma sesmaria doada, em 1806, a índios dispersos de suas tribos e que viviam fora de suas aldeias, ou porque se rebelaram contra as normas dos Diretórios de Indios, criados em 1758 pelo Governador do Estado do Grão-Pará e Maranhão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado (após a emancipação dos índios em 1755 e abolidos por Carta Régia de 12 de maio de 1798), ou se eram remanescentes das fazendas e Missões desmobilizadas quando da expulsão dos Jesuitas, vivendo em constante atrito com os antigos povoadores daquela área. Após nova reforma administrativa em 1772 fora criado o Estado do Maranhão e do Piaui, sendo Governador e Capitão-General, Antônio Saldanha da Gama, que autorizou em 1806 o capitão-mor das Ordenanças da Vila de Alcântara, Inácio José Pinheiro, a demarcar uma área de 3 léguas de comprimento por uma légua de largura para moradia e roçados dos índios, na região em conflito.

No ano seguinte, 1807, o capitão-mor da Vila de Alcântara procurou o então governador D. Francisco de Mello Manuel da Câmara, a quem relatou haver cumprido as ordens do Governador antecessor. Segundo Aymoré Alvim, 2005, nesse mesmo ano, foi expedido um documento constando da concessão, por dacta e sesmarias das terras em litígio. Referido documento está registrado, à fl. 65 verso do Livro de Dacta e Sesmarias, do qual foi transcrita uma certidão requerida pelos índios em 21/10/1817.

Para entender melhor o cargo e as funções inerentes às autoridades aqui arroladas, voltamos a Caio Prado Jr.: na Capitania o chefe supremo é o Governador, também chamado Capitão-General ou Capitão-Mor, com função essencialmente militar, sendo o cabeça de toda a administração em geral. Acima do Governador havia o governo central da metrópole, vigilante e ativo, a quem aquela autoridade deveria prestar contas pormenorizadas da sua gestão. Outros órgãos administrativos eram agrupados em três setores: geral, fazendário e militar, que é o que ora nos interessa. As forças armadas da Capitania compunham-se da Tropa de Linha, das Milícias e dos Corpos de Ordenanças. A primeira era a tropa regular e profissional, permanentemente sob armas e formada quase sempre por regimentos portugueses. As Milícias eram tropas auxiliares e organizadas em regimentos (terços) formados por moradores locais recrutados na população. Estes eram comandados por oficiais também escolhidos na população civil e compunham-se de diversos regimentos: auxiliar de Artilharia, de Infantaria, dos Úteis, dos Pedestres. E, finalmente as Ordenanças formadas por todo o resto da população masculina entre 18 e 60 anos, não alistada nas Milícias e não dispensada do serviço militar. Esta categoria se manteve durante todo o período colonial até a sua extinção em pleno Império (1831). As patentes superiores das Ordenanças conservavam as antigas denominações: capitão-mor que corresponde ao coronel na organização em regimento e sargento-mor, o major da organização regimental, ou antes, o tenente-coronel pois não havia nos terços o comandante de batalhão.

Os oficiais superiores das Ordenanças – capitão-mor, sargento-mor e capitão eram escolhidos pelo Governador, de uma lista tríplice organizada pelo Senado da Câmara do termo respectivo. Além das suas funções militares, as ordenanças tinham atribuições administrativas que se faziam sentir em cada passo da rotina administrativa: fazer cobrança da quota dos moradores para pequenas obras públicas, as quais eram dirigidas e inspecionadas por eles, como pontes e aterros; dirimir conflitos e, principalmente servir de intermediário entre os moradores e o Governador, solicitando-lhe as devidas providências em casos de interesse público.

Municípios que integram a Região da Baixada com as suas respectivas áreas

Anajatuba : 1.137,6 Km²       P. do Rosário: 1.607,1Km²

Ararí: 1084,2                           Penalva: 843,2 

Bela Vista: 252,1                    Peri-mirim: 377,1

Cajarí: 421,4                            Pinheiro: 1.559,0

Conc. do Lago Açu: 719,8                Pres. Sarney: 727,6

Igarapé do Meio: 273,2                     Santa Helena: 2.538,9

Matinha: 429,9                           São Bento: 585,3

Monção:1.415,0                       São João Batista: 800,2

Olinda Nova: 200,2                   São V. Férrer: 394,6

Palmeirândia: 401,2                  Viana:1.129,8

Vitória do Mearim: 1059,3


Municípios que integram o Litoral Ocidental

Alcântara: 1.495,6 Km²            C. do Maranhão: 360,5 Km²

Apicum-açu: 249,6                    Cururupu: 673,3

Bacurí: 801,2                              Guimarães: 616,6

Bacurituba: 597,2                      Mirinzal: 603,0

Bequimão: 775,6                       Porto Rico: 220,9

Cajapió: 934,5                           Serrano: 15.873

Cedral: 283,1

Central: 360,5

Matinha: 429,9

Monção: 1.415,0

Olinda nova: 200,2

Palmeirândia: 401,2

Conceição do Lago Açu

Igarapé do Meio

Matinha

Monção