Moema de Castro Alvim
A
área da antiga Sub- Capitania de Cumã é de 23.478,0 Km², abrangendo as atuais Regiões
da Baixada, com 21 municípios, excetuando o município de Santa Helena
(2.538,9km²), cujo território pertencia à Sub- Capitania de Caeté e Anajatuba
(1.137,6Km²), incluída na Capitania do Maranhão, perfazendo uma área de
17.956,6 Km² e a Região Litoral Ocidental, com 9.197,9 Km², onde se situam 13
municípios (dados do IBGE).
A
Região da Baixada compreende os baixos cursos dos rios Mearim e Pindaré e
médios e baixos cursos do Pericumã e Aurá e outros pequenos rios de menor
importância, como o Anajatuba, Uru e Cururupu. O mais importante, no entanto, é
o Rio Pericumã, com uma bacia hidrográfica de 4.500Km², que tem a sua nascente
na lagoa Bujiritiva, atualmente pertencente ao município de Pedro do Rosário,
próximo à zona rural de São Bento. Após percorrer quase 115,51km deságua na
Baia de Cumã, próximo à cidade de Guimarães. A maior parte do seu percurso é
feito através dos campos da Baixada, sendo alimentado por importante complexo
lacustre formado por diversas lagoas e lagos, como Cafundoca, Laguinho, Lago
Grande, Faveira. Quanto à navegabilidade as embarcações podem chegar até
Pinheiro, cerca de 50 km
da sua foz. As marés salinas penetram através do seu estuário, causando grande
mortandade de peixes. Em 1978 foi construída pelo DNOS uma barragem para tentar
minimizar essa ação. Os campos do Pericumã, planos, constituídos por depressão
preenchida por sedimentos quaternários ainda em formação, com solos
areno-argilosos, devido ao transbordamento do rio Pericumã e dos numerosos
lagos, no período chuvoso (janeiro-julho),ficam inundáveis, propiciando o
crescimento de uma vegetação diversificada em ciperáceas e gramíneas, rica e
úmida, formando excelentes pastagens que e foram aliados valiosos no
desenvolvimento do município de Pinheiro, cuja economia se baseia na pecuária
de bovinos, suínos e, após a década de 1960, de bubalinos.
Parte
da Baixada Maranhense, cujo povoamento remonta há milhares de anos, deu-se às
margens dos grandes lagos como o de Cajarí, comprovado através de pesquisas
feitas pelo cientista Raimundo Lopes, baseadas em relatos do Cel. Bernardino
Pereira Lago, em 1820 e de Celso Magalhães, teve a sua economia desenvolvida em
torno das suas bacias lacustres, que formam um dos complexos mais importantes
do Maranhão, graças ao seu grande potencial hídrico. Esses lagos, como o Maracu
(Viana), Acará (Monção)Lago-açu (Conceição do Lago-Açu) Apuí,Aquari,Aquiri,
Cajarana (Viana) Formoso (Penalva), Itaus (Matinha), Lagos, Laguinho e da Morte
(Arari) , Verde, Carnauba, Jatobá, ligam-se aos rios, alimentando-os com as
suas águas, através de estreitos canais. O sistema lacustre Viana-Cajarí integra
a bacia do rio Pindaré. Nos dias atuais, grande parte dos projetos
agropastoris, de psicultura e de irrigação ali implantados cumprem relevante
papel no desenvolvimento sócio-econômico da Região.
A
Capitania de Cumã, hereditária pelo sistema jurídico então vigente, durou 127
anos,quando, a partir de 1754, com a extinção dos direitos dos sucessores do
Des. Antônio Coelho de Carvalho, o último dos quais, Francisco de Albuquerque
Coelho de Carvalho, após negociações com a Coroa por permuta de terras em Portugal,
títulos e outras honrarias, foi reincorporada à Coroa, tornando-se real. O seu
primeiro proprietário foi Francisco Coelho de Carvalho, que a recebeu em 1629,
doando-a ao seu sobrinho Des. Antonio Coelho de Carvalho, em 1639. Essa
anexação foi feita através da Carta Régia de 01/6/1754, a qual o brigadeiro dos
reais exércitos , Gonçalo Pereira Lobato de Sousa, então Governador do
Maranhão, apôs o “cumpra-se” dirigindo-se, em companhia do ouvidor-mor Manuel
Sarmento, à Alcântara, para a posse da referida donataria, em nome de El Rei.
Até o ano de 1700 das 18 capitanias doadas no início da colonização, 13 já
haviam revertido à Coroa. A última integração deu-se em 1759 com a Capitania de
São Vicente.
A
anexação de Cumã e das outras capitanias secundárias e ainda hereditárias que
pertenciam ao Estado do Maranhão e Grão-Pará, como Caeté, Camutá e Cabo Norte,
atendia a interesses superiores da Metrópole, a esse tempo sob o reinado de
D.José I, que assumiu o governo em 1750, após a morte do seu pai, o Rei D. João
V. Para Ministro da Guerra e dos Negócios Estrangeiros nomeara Sebastião José
de Carvalho Melo, depois, Primeiro- Ministro, futuro Conde de Oeiras (1762) e a
partir de 1771, Marquês de Pombal. Até a sua indicação como Ministro, com mais
de 50 anos , o futuro Marquês tivera uma carreira relativamente obscura, como
representante de Portugal na Inglaterra e Diplomata na côrte Austríaca. Homem
culto, inteligente e esclarecido, era sintonizado com as idéias iluministas que
vicejavam na Europa, principalmente na Inglaterra, onde convivera com políticos
e economistas , assistindo ao desencadear da política mercantilista. Como
Ministro dos Negócios Exteriores, Pombal elaborou um projeto político-econômico
global, dentro do contexto político vigente no século XVIII, com o objetivo de
equiparar Portugal, que permanecia arcaico economicamente, a outros países
europeus sacudidos pelos ventos da Revolução Industrial.
As principais e mais urgentes medidas adotadas pelo futuro Marquês no Maranhão, foram: encerrar os conflitos entre colonos e jesuítas; organizar a produção em bases sólidas, após inventariar as possibilidades produtivas da região; organizar a estrutura da exportação e comércio entre a Colônia e Portugal. Em sua política colonial, Pombal tratou de centralizar a administração para maior controle da metrópole, extinguindo as capitanias hereditárias, em 1759 e promovendo a reunificação administrativa. O Brasil que fora em 1621, ainda sob o domínio espanhol, dividido
Segundo
Caio Prado Jr. o Estado aparecia como unidade inteiriça que funcionava num todo
único abrangendo o indivíduo, conjuntamente, em todos os seus aspectos e manifestações.
A Capitania formava a maior unidade administrativa da Colônia e era dividida em
Comarcas. Estas se compunham de Termos, com sedes nas vilas ou
cidades respectivas. Os Termos, por sua vez, dividiam-se em Freguesias,
circunscrição eclesiástica que formava a Paróquia, sede de uma Igreja Paroquial
e que serviam, também, para a administração civil. Finalmente as Paróquias eram
formadas por Bairros, cujo principal papel aparecia na organização das
Ordenanças.
Com
a Restauração em 1640, subiu ao trono D. João IV, iniciando a Dinastia de
Bragança, sendo criado dois anos depois, o Conselho Ultramarino para
centralizar as relações entre a Metrópole e suas colônias de além-mar,
competindo a esse órgão o controle total sobre os negócios da Fazenda, a entrada
e saída de navios, e os problemas judiciários. Em suma, nenhuma medida ou
decisão de caráter político-administrativo poderia ser tomada sem a sua prévia
autorização. Somente em 1643, durante as lutas para a expulsão dos holandeses
foi nomeado o primeiro governador do novo Estado do Maranhão, Pedro de
Albuquerque, falecido no ano seguinte, sendo imediatamente substituído por
Antonio Teixeira de Melo. Portugal perdera durante a União Ibérica uma parte
considerável de suas conquistas, mantendo, além do Nordeste Brasileiro, a mais
valiosa possessão, Angola e Guiné.
Além
da extinção das capitanias hereditárias , Pombal cuidou da reunificação do
Brasil, elevando-o, em 1762, à condição de Vice-Reino, governado por um
vice-rei, nomeado e fiel ao rei; determinou que a sede administrativa fosse o
Rio de Janeiro e diminuiu os poderes do Conselho Ultramarino. Nessa época
verificou-se a decadência da mineração. Em 1751 foi criado o Estado do
Grão-Pará e Maranhão, sendo nomeado para Governador e Capitão-General, Francisco
Xavier de Mendonça Furtado, irmão do Marquês, para comandar uma mega-operação ,
a ser executada na região, começando pela observação do comportamento dos
jesuítas em relação aos colonos, estabelecimento de povoados, transformando em
vilas as aldeias com mais de 15mil almas e distribuindo privilégios. Foi,
também, incentivada a emigração em Portugal e a reativação do povoamento,
estimulando cruzamentos entre portugueses e índias. Foram, também, construídos
fortes e fortalezas e criadas novas corporações para a defesa das vilas e
cidades, contra invasões de franceses e holandeses, principalmente, que
rondavam o litoral, e dos ataques de índios.
Após
a implementação da infra-estrutura necessária, Pombal deu início à segunda
etapa de sua estratégia: em 1755 foi criada a Companhia Geral do Grão-Pará e do
Maranhão com monopólio de 20 anos, que tinha como objetivo dinamizar a produção
agrícola dessas regiões, com o cultivo do algodão, arroz, cacau, café, e
açúcar, incentivar a pesca, principalmente nos rios amazônicos, estimular a
criação de gado, selecionando as raças que melhor se adaptassem à região. Os
produtos eram exportados e, em troca a Companhia introduzia escravos africanos.
Foram criadas pequenas indústrias, em função das necessidades dos colonos. Essa
Companhia nasceu com 90% do capital privado dos mercadores de Lisboa e do Porto
e com apenas 10% dos comerciantes da colônia, auferindo lucros maiores, por
conseguinte, os comerciantes portugueses. O Estado participava através dos
incentivos fiscais, empréstimos, carta de crédito, isenção de tributos, tudo
que favorecesse o enriquecimento da classe mercantil metropolitana.
Em
1759 foi criada a Companhia Geral de Pernambuco e Paraiba que durou até 1780,
com a mesma finalidade. A Companhia do Grão-Pará e Maranhão atuou de 1756
a 1778, sendo extinta no reinado de D.Maria, que sucedeu o
seu pai, D. José I, a partir de 1777, após a “Viradeira”, movimento
representante dos setores retrógados da sociedade de Portugal, de base feudal,
formados por nobres e parte do clero.
D.
Maria, através do Alvará de 5/1/1785 extinguiu as manufaturas e pequenas
fábricas tão estimuladas por Pombal, permitindo o funcionamento apenas das que
fabricavam os panos grossos com que eram feitas as vestimentas dos escravos.
Com
as medidas adotadas pela política pombalina, Portugal recuperou o controle do
comércio das exportações coloniais, intensificando o intercâmbio com outros
países, abrindo,assim, a economia portuguesa ao mundo capitalista, embora tenha
imposto à Capitania a vocação agrícola, uma vez que o reduzido mercado interno
não tenha estimulado a produção fabril. Foi, portanto, a agricultura que
assentou a ocupação e exploração do Maranhão, adquirindo posição dominante
durante os primeiros séculos da colonização.
A
medida mais drástica tomada por Pombal, considerado por alguns historiadores
como “déspota esclarecido”, foi após a emancipação dos índios (1755), decretar
a expulsão dos jesuítas de Portugal e dos domínios ultramarinos, em 1759,
despovoando aldeias e missões. Desse modo, acabou com a hegemonia dos jesuítas
no ensino e na cultura, cujos reflexos negativos foram sentidos na Educação em
nosso Estado até as primeiras décadas do século XX. O confisco dos
bens da Companhia de Jesus, principalmente as fazendas, parece ter sido a meta
de Pombal, que entregou as terras e a administração das fazendas a militares.
Outro objetivo seria retirar os jesuítas, geralmente espanhóis, das áreas de
fronteira, visando expandir os domínios portugueses, já bastante dilatados
pelos vários tratados celebrados entre Portugal e a Espanha, como o de Lisboa
(1681), o de Utrecht (1713-15), o de Madri (1750), o de Pardo (1761) e já no
reinado de D. Maria, o de Santo Ildefonso (1777) e o de Badajoz (1801) na
regência de D. João. Entretanto, deve considerar-se que a própria Igreja
aceitou a expulsão dos jesuítas, que extinguiu a Companhia de Jesus em 1773 (
Papa Clemente XIV). Quanto à Educação no Brasil, Portugal não teve a mesma
preocupação que a Espanha em relação às suas colônias. Em 1538 foi instalada a
Universidade de São Domingos e em 1551 foram criadas as Universidades de São
Marcos, em Lima e a Universidade Autônoma no México, enquanto no Brasil a
primeira Instituição de Ensino Superior foi aberta somente em 1808, em Salvador
(Faculdade de Medicina da Bahia). A primeira Instituição sob a denominação de
Universidade foi criada somente em 1912 no Paraná.
Em
1772, houve uma nova reforma administrativa, sendo criado pelo DR de 20 de
agosto daquele ano, o Estado do Maranhão e Piauí, que durou até 1811, três anos
após a chegada da Família Real ao Brasil. Foi nomeado para primeiro governador
e capitão-general do novo Estado, João Pereira Caldas, substituído em 1775 por
Joaquim de Melo e Póvoas, sobrinho do Marquês de Pombal e ex-governador da
capitania do Rio Negro.
Ainda
segundo Caio Prado Jr. Na Capitania o chefe supremo é o Governador
(Capitão-general, Capitão-mor) comandante supremo das forças armadas e cabeça
de toda a administração geral.
A Capitania de Cumã II
Ainda
sob o domínio espanhol, o Rei Felipe III, em 1623, por Carta Régia, mandou
instruções ao então governador do Maranhão, Francisco Coelho de Carvalho,
referente ao modo como deveriam ser distribuídas as terras na Capitania.
Apesar
de ter voltado ao domínio da Coroa Portuguesa, em 1754, tornando-se real ou
pública, a antiga Capitania de Cumã só teve as suas terras doadas três anos
mais tarde, provavelmente em virtude do esforço concentrado do rei D. José I e,
principalmente do seu 1º Ministro, o futuro Marquês de Pombal na reconstrução
de Lisboa, parcialmente destruída pelo terremoto de 1755.
A primeira solicitação de sesmaria foi feita por Domingos da
Rocha Araujo na enseada da boca do lago Maracu.
Enquanto
isso, dezenas de sesmarias já vinham sendo distribuídas na Capitania do
Maranhão, desde 1622, quando Antonio Muniz Barreiros, capitão-mor da conquista
do Maranhão e Cavaleiro da Ordem de Cristo e Provedor da Fazenda Real, requereu
e conseguiu uma sesmaria medindo duas léguas e meia de terras nas proximidades
do rio Itapecuru, para instalação de dois engenhos. As regiões mais visadas
para solicitação de terras foram: ribeira do Itapecuru, Pindaré e Munin, no
século XVII e já nos século XVIII, os vales férteis do Mearim, Grajau,
Tocantins, Balsas, Parnaiba, Tutóia, Aldeias Altas, Brejo, Pastos Bons.
Ou
porque as terras de Cumã eram de particulares, ou porque seus solos são mais
pobres, ou porque seus rios são de pequeno curso, sem grande expressão, com
baixo potencial de navegabilidade, apesar de uma importante bacia lacustre, o
certo é que além das aldeias indígenas e das Missões Jesuíticas em Maracu e na
região do Pericumã, e da vila de Alcântara, cabeça da antiga Capitania, pouco
se conhecia dessa região, o que gerou um atraso em relação às demais regiões,
de quase 150 anos, cujos reflexos sentimos até hoje.
Até
1755 não se conhecia gênero algum que se exportasse do Maranhão, exceto umas
insignificantes partidas de sola e alguma diminuta porção de algodão em
rama. Não havia navegação entre a Metrópole e essa Capitania,
cujos habitantes eram considerados os mais pobres e miseráveis de toda a
Colônia.
As
terras passaram a ser solicitadas, somente após a consolidação da Companhia
Geral do Comércio do Grão-Pará e do Maranhão, criada em 1755 e a
comercialização de escravos provenientes do Continente Africano. Só no ano de
1768 foram enviados a D. José quatro requerimentos de sesmarias; no ano
seguinte dois. A partir de 1770 as solicitações se multiplicaram.
No
ano de 1760 o Maranhão exportou a primeira remessa de algodão que produziu: 651
arrobas. A Capitania que era considerada a mais pobre da Colônia transformou-se
numa das mais ricas e destacadas, favorecida pela Companhia que fornecia
crédito, escravos, ferramentas aos lavradores, embora as atividades comerciais
fossem quase que exclusivamente controladas pelos reinóis.
O
programa econômico proposto por Pombal foi em parte frustrado porque a partir
de 1760 a
economia da Colônia entrou em um período de depressão que se prolongou por mais
de dez anos, devido à crise na produção de açúcar e à queda na mineração.
Com
a morte de D. José, em 1777 e a subida ao trono de sua filha D. Maria I, a
situação mudou. Atendendo aos seus conselheiros a Rainha extinguiu a Companhia,
com a cessação do seu privilégio que não fora renovado e demitiu o Marquês de
Pombal. Os maranhenses, preocupados com os débitos para aquisição,
principalmente de escravos, ficaram apreensivos.
Entretanto,
o impulso que havia sido dado pela Companhia, fez com que o Maranhão
continuasse a sua marcha ascendente, dando à Capitania um lugar de destaque no
cenário econômico da colonial, e alterando a sua feição étnica com a
miscigenação de brancos, índios e negros. Os governos de D. Maria e do Príncipe
Regente se beneficiaram de uma conjuntura favorável à reativação das atividades
agrícolas: a produção de açúcar se expandiu, devida à insurreição dos escravos
de São Domingos, nosso maior concorrente, e o cultivo do algodão voltou a
crescer incentivado pelas guerras da independência dos Estados Unidos,
transformando a nossa Capitania na zona mais próspera da América Portuguesa.
As
solicitações de sesmarias recrudesceram nos anos seguintes na antiga Capitania
de Cumã, até 1822, quando as doações foram extintas em todo o território
brasileiro pela Resolução de 17/7 e confirmada por Provisão de D. Pedro I, de
22/10/1823. O Império exigia novas normas jurídicas para disciplinar o seu
problema de terras.
Passaportes
e autorizações para viajar de Portugal para o Maranhão se multiplicaram. As
vilas povoavam-se, pequenas indústrias eram abertas para atender as
necessidades dos moradores, principalmente olarias. Operários especializados
eram solicitados, principalmente carpinteiros, oleiros e pedreiros. Regimentos
militares foram criados para dar segurança aos habitantes. Funcionários
responsáveis pela fiscalização, cobrança e arrecadação de impostos, (Provedoria
da Fazenda Real), distribuição da justiça, prisão, deportação (Ouvidoria
Geral)e todas as formas de opressão que a Metrópole usava para submeter os
colonos.De acordo com o Prof. João Renôr de Carvalho,” a presença ostensiva do
Estado Português no Maranhão, em todos os momentos da vida dos cidadãos, foi
mais agressiva do que em outras áreas. O Estado se apresentou como Força
Armada, Força Coercitiva e Ação Coordenadora em todas as iniciativas de âmbito
político, econômico e cultural. Todas essas medidas tinham por escopo assegurar
o controle absoluto da riqueza e do território do Maranhão, com conseqüências
maléficas, inibindo a iniciativa privada e engendrando a prática do
paternalismo, do intervencionismo estatal e o costume até hoje vigente de
tutelar todas as iniciativas dos cidadãos livres. O cidadão maranhense em
matéria de empreendimento na área econômica não toma nenhuma iniciativa antes
de obter os favores econômicos do Estado. Esse vício histórico faz parte da
cultura política da nossa gente e perdura até nossos dias.”
Dezenas de embarcações (navios, fragatas, bergantins, chalupas, corvetas, sumacas, galeras) saiam do porto do Maranhão abarrotadas de algodão, mais tarde, de arroz, milho, farinha de mandioca e de outros produtos derivados da cana-de-açucar, principalmente aguardente. Portugal incentivava a cultura do anil, do gengibre, do cravo e até o plantio de amoreiras para criação do bicho da seda. Também se exportavam ervas medicinais como a erva de São Caetano, cascas de quina e manacá, animais silvestres, aves de todos os tipos, sal, atanados, couros e peles, cascos de tartaruga, goma de peixe, resinas diversas como a de jutaí e de caju, cochonila, madeiras, linho. Enquanto isso, o povo reclamava da falta de comida.
Capitania de Cumã – Parte III
Não
desconhecemos que o Município de Pinheiro originou-se de uma sesmaria doada, em
1806, a índios
dispersos de suas tribos e que viviam fora de suas aldeias, ou porque se
rebelaram contra as normas dos Diretórios de Indios, criados em 1758 pelo
Governador do Estado do Grão-Pará e Maranhão, Francisco Xavier de Mendonça
Furtado (após a emancipação dos índios em 1755 e abolidos por Carta Régia de 12
de maio de 1798), ou se eram remanescentes das fazendas e Missões
desmobilizadas quando da expulsão dos Jesuitas, vivendo em constante atrito com
os antigos povoadores daquela área. Após nova reforma administrativa em 1772
fora criado o Estado do Maranhão e do Piaui, sendo Governador e
Capitão-General, Antônio Saldanha da Gama, que autorizou em 1806 o capitão-mor
das Ordenanças da Vila de Alcântara, Inácio José Pinheiro, a demarcar uma área
de 3 léguas de comprimento por uma légua de largura para moradia e roçados dos
índios, na região em conflito.
No
ano seguinte, 1807, o capitão-mor da Vila de Alcântara procurou o então
governador D. Francisco de Mello Manuel da Câmara, a quem relatou haver
cumprido as ordens do Governador antecessor. Segundo Aymoré Alvim, 2005, nesse
mesmo ano, foi expedido um documento constando da concessão, por dacta e
sesmarias das terras em
litígio. Referido documento está registrado, à fl. 65 verso do
Livro de Dacta e Sesmarias, do qual foi transcrita uma certidão requerida pelos
índios em 21/10/1817.
Para
entender melhor o cargo e as funções inerentes às autoridades aqui arroladas,
voltamos a Caio Prado Jr.: na Capitania o chefe supremo é o Governador, também
chamado Capitão-General ou Capitão-Mor, com função essencialmente militar,
sendo o cabeça de toda a administração em
geral. Acima do Governador havia o governo central da metrópole, vigilante
e ativo, a quem aquela autoridade deveria prestar contas pormenorizadas da sua
gestão. Outros órgãos administrativos eram agrupados em três setores: geral,
fazendário e militar, que é o que ora nos interessa. As forças armadas da
Capitania compunham-se da Tropa de Linha, das Milícias e dos Corpos de
Ordenanças. A primeira era a tropa regular e profissional, permanentemente sob
armas e formada quase sempre por regimentos portugueses. As Milícias eram
tropas auxiliares e organizadas em regimentos (terços) formados por moradores
locais recrutados na população. Estes eram comandados por oficiais também
escolhidos na população civil e compunham-se de diversos regimentos: auxiliar
de Artilharia, de Infantaria, dos Úteis, dos Pedestres. E, finalmente as Ordenanças
formadas por todo o resto da população masculina entre 18 e 60 anos, não
alistada nas Milícias e não dispensada do serviço militar. Esta categoria se
manteve durante todo o período colonial até a sua extinção em
pleno Império (1831). As patentes superiores das Ordenanças
conservavam as antigas denominações: capitão-mor que corresponde ao coronel na
organização em regimento e sargento-mor, o major da organização regimental, ou
antes, o tenente-coronel pois não havia nos terços o comandante de batalhão.
Os
oficiais superiores das Ordenanças – capitão-mor, sargento-mor e capitão eram
escolhidos pelo Governador, de uma lista tríplice organizada pelo Senado da
Câmara do termo respectivo. Além das suas funções militares, as ordenanças
tinham atribuições administrativas que se faziam sentir em cada passo da rotina
administrativa: fazer cobrança da quota dos moradores para pequenas obras
públicas, as quais eram dirigidas e inspecionadas por eles, como pontes e
aterros; dirimir conflitos e, principalmente servir de intermediário entre os
moradores e o Governador, solicitando-lhe as devidas providências em casos de
interesse público.
Municípios
que integram a Região da Baixada com as suas respectivas áreas
Anajatuba
: 1.137,6 Km² P. do Rosário: 1.607,1Km²
Ararí:
1084,2 Penalva: 843,2
Bela
Vista: 252,1 Peri-mirim: 377,1
Cajarí:
421,4 Pinheiro: 1.559,0
Conc. do Lago Açu: 719,8 Pres. Sarney: 727,6
Igarapé
do Meio: 273,2 Santa Helena: 2.538,9
Matinha:
429,9 São Bento: 585,3
Monção:1.415,0 São João Batista: 800,2
Olinda
Nova: 200,2 São V. Férrer: 394,6
Palmeirândia:
401,2 Viana:1.129,8
Vitória
do Mearim: 1059,3
Municípios que integram o Litoral Ocidental
Alcântara:
1.495,6 Km² C. do Maranhão: 360,5 Km²
Apicum-açu:
249,6 Cururupu: 673,3
Bacurí:
801,2 Guimarães: 616,6
Bacurituba:
597,2 Mirinzal: 603,0
Bequimão:
775,6 Porto Rico: 220,9
Cajapió:
934,5 Serrano: 15.873
Cedral:
283,1
Central:
360,5
Matinha:
429,9
Monção:
1.415,0
Olinda
nova: 200,2
Palmeirândia:
401,2
Conceição
do Lago Açu
Igarapé do Meio
Matinha
Monção