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PAPIRUS DO EGITO

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Fundação de São Luís - Eu só queria saber...*

* Aymoré Alvim.
             O que, realmente, será comemorado a 8 de setembro de 2012? Pode ser a ocupação do Maranhão pelos franceses com o estabelecimento de uma colônia ou a fundação do forte São Luís. Pode ser, ainda, o início da evangelização do Maranhão ou, então, a fundação da cidade de São Luís.
            A despeito desses conflitos, há uma intensa movimentação de instituições culturais e órgãos públicos elaborando suas programações com vista às comemorações dos 400 anos de fundação da cidade. Mas, como vemos, há controvérsias, como dizia o saudoso humorista Milini, entre os historiadores.          
As conclusões emitidas por eles nos colocam numa situação de grande incerteza: o que realmente vai ser comemorado? Considerando, então, a fundação de São Luís, há de se perguntar: a quem competem os loiros? Aos franceses ou aos portugueses?
            Logo, pelas interpretações assumidas, afirmar quem está certo ou errado, ou melhor, quem é mais coerente em suas conclusões, não é fácil.
            Um antigo professor meu de História Universal costumava dizer que a História é um grande campo de reflexão e que as melhores interpretações e conclusões partem de quem dispõe de maior embasamento teórico, fundamentado em uma boa documentação.
            Assim, vejamos como alguns historiadores se pronunciaram, ao longo do tempo, sobre a ocupação do Maranhão pelos franceses e a fundação de São Luís. Iniciemos pelos mais antigos ou, até mesmo, por aqueles que foram contemporâneos dos fatos.
            Em “Viagem ao Norte do Brasil feita nos anos de 1613 a 1614”, Ives D’ Evreux faz referência à colônia mas nenhuma sobre a fundação da cidade de São Luís. Trata da construção do forte São Luís e de outras edificações.
            Diogo de Campos Moreno em “Jornada do Maranhão por ordem de Sua Majestade, 1614”, não faz, também, nenhuma menção à ocorrência, nas cartas trocadas entre La Ravardiere e Jerônimo de Albuquerque. Em uma delas, o francês se refere apenas ao forte de São Luís. Do mesmo modo, não há, também, qualquer manifestação sobre a cidade, no Tratado de paz celebrado, em novembro desse mesmo ano, entre Daniel de la Touche, Jerônimo de Albuquerque e Diogo de Campos Moreno. Em uma intimação de Alexandre de Moura, datada de 3 de novembro de 1615, (Arq.Púb.MA.), há referência apenas ao Forte de São Luís e, na resposta, em 4 do mesmo mês, o francês se reporta à posse da fortaleza de São Luís. Nada sobre cidade alguma.
            Simão Estácio da Silveira que por aqui aportou em 1619, em “Relação Sumária das Cousas do Maranhão”, não se refere à fundação de São Luís por franceses.
No seu livro “História da Companhia de Jesus, na extinta Província do Maranhão”, o padre José Moraes escreveu que, em 12 de agosto de 1612, os religiosos capuchinhos celebraram a primeira missa, em terras maranhenses, com grande solenidade. Diz, ainda, que com o trabalho dos silvícolas, além de construírem algumas edificações, acabaram aquela pequena e ainda pobre cidade, à qual deram o nome de São Luís do Maranhão.
            César Marques, em seu “Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão”, relata que Alexandre de Moura ao retornar a Pernambuco, em 1615, nomeou Jerônimo de Albuquerque como Capitão-mor da Conquista do Maranhão que, então, passou a se dedicar à fundação da cidade.
            Na sua “História do Maranhão”, Barbosa de Godois trata da construção do forte de São Luís e de outros além de capelas, conventos e moradias. Depois atribui a Jerônimo de Albuquerque a fundação da cidade.
            Em “História do Maranhão”, Mário Meireles relata que, no dia 8 de setembro de 1612, os franceses fundaram por fim a colônia. Houve missa solene, procissão e a inauguração do forte com o nome de São Luís. E que a complementação da ocupação foi marcada pelas solenidades cívico-religiosas ocorridas, em primeiro de novembro desse mesmo ano.
            Carlos de Lima diz, em “História do Maranhão – Colônia”, que no dia 8 de setembro de 1612, dia da Natividade de Santana e da Imaculada Virgem Maria, houve uma missa solene seguida de procissão até o forte onde foi entoado o Te Deum e plantada uma cruz.
            A historiadora e professora Maria de Lourdes Lacroix, ao se dedicar à elucidação do ocorrido, conta em seu livro “A Fundação Francesa de São Luís e seus mitos”, que a fundação da cidade não pode ser atribuída às solenidades ocorridas, em 8 de setembro de 1612. Nessa data, os atos religiosos simbolizaram a expansão do cristianismo, no Maranhão, e os atos cívicos se constituíram em manifestação de poder, na colônia recém-instalada. Por fim, escudada em Bettendorff, Berredo, Gaioso, João Lisboa e outros, reafirma que a fundação de São Luís é devida a Jerônimo de Albuquerque e que a sua atribuição aos franceses nada mais é que um mito.
            Logo, eis aí a questão. Ou o dilema? O que devemos, então, comemorar, no dia 8 de setembro se 2012?  A ocupação do Maranhão pelos franceses e o estabelecimento de uma colônia? O início da evangelização em terras maranhenses ou a fundação da cidade de São Luís? A palavra continua com os historiadores. Quanto a mim, eu só queria saber.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

E, ASSIM, PARTIU SEU CHICO DE JECO. *


* Aymoré Alvim.

            Homem simples, emoldurado pela humildade e grande amigo de Pinheiro. Assim, partiu seu Chico de Jeco, ou seu Chiquinho ou, então, Francisco José de Castro Gomes.
            Partiu e deixou-nos um grande vazio, no cenário histórico-cultural da nossa terra, difícil de ser preenchido, haja vista o profundo e vasto conhecimento que detinha como importante relicário da história de Pinheiro e do seu povo.
            Nascido em Pinheiro, quando ainda era a Vila de Santo Inácio do Pinheiro, em 21 de junho de 1919, seu Chiquinho era um dos 7 filhos do casal José Gomes Júnior, pecuarista que militou por algum tempo na política local, e da Sra. Itelina de Castro Gomes, conhecida por todos os amigos como dona Inhazinha.
            Iniciou muito cedo o período de alfabetização, na escola de dona Júlia Ubaldo Pimenta, passando depois para a escola do professor Elpídio Estrela. Concluído o curso primário, no grupo escolar Odorico Mendes, viajou para São Luís onde estudou, na escola Almeida Oliveira e depois no Seminário Santo Antônio.
            Ao deixar o Seminário, seu Chiquinho retornou à terra natal quando, então, aprovado em processo seletivo, conseguiu seu primeiro emprego, em 1940, aos 21 anos, para trabalhar nos municípios de Penalva e Monção como delegado municipal, no recenseamento geral do Brasil ocorrido nesse mesmo ano.
            Em plena segunda guerra mundial, foi convocado para o Serviço Militar tendo servido, em São Luís, no 24º B/C, em Teresina, no 25º B/C e no 23º B/C, em Fortaleza.
            Responsável e diligente, escudado no bom trabalho, anteriormente, desempenhado, ingressou no quadro de servidores da Fundação IBGE, em 1946. Na chefia da Agência local, conduziu com esmero os censos de 1950, 1960 e de 1970.
            Em 1948, aos 29 anos, casou-se com a professora Maria Fausta de Carvalho Gomes com quem teve dois filhos: o engenheiro Francisco de Castro Gomes Filho já falecido e a professora Maria Elizabete Fausta Gomes Nogueira, esposa do professor João Paulo Castro Nogueira que atua na política municipal, tendo sido vereador e presidente da Câmara em duas legislaturas.
            Ainda em 1948, ao lado do sogro, Dr. Elizabetho Barbosa de Carvalho, ingressou na imprensa local, inicialmente, como secretário do Jornal Cidade de Pinheiro e depois como seu diretor-responsável. Além das suas atividades administrativas, começou nessa época um longo e produtivo período de atividade jornalística, tendo publicado inúmeros trabalhos sobre a história de Pinheiro da qual foi um diligente pesquisador, deixando à posteridade um importante acervo histórico.
            Com a fundação do Ginásio Pinheirense em 1953 e da Escola Comercial da ACREP em 1962, seu Chico foi designado Inspetor Federal dos dois estabelecimentos de ensino pelo Ministério da Educação. Exerceu, também, as funções de Secretário de governo durante a administração municipal do Dr. Elizabetho Carvalho.
            No ambiente cultural, foi um dos membros fundadores do Centro Cultural da Mocidade de Pinheiro ou Academia dos Novos, em 1959, e, em 2005, da Academia Pinheirense de Letras, Artes e Ciências – APLAC, onde ocupou a Cadeira de Nº 17 cujo patrono é o Dr. Elizabetho Barbosa de Carvalho.
            Além da coluna que mantinha, no jornal Cidade de Pinheiro, seu Chiquinho publicou “Coisas de Nossa Terra”, “ Conheça o Patrono de Sua Rua, Praça e Avenida”, “Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário” e “ O Patrono dos Estabelecimentos Educacionais”.
            E, assim, partiu seu Chiquinho. Homem simples, emoldurado pela humildade e grande amigo de Pinheiro.
* Aymoré Alvim
Uma homenagem ao amigo e confrade da APLAC.