MOEMA

MOEMA
PAPIRUS DO EGITO

domingo, 29 de dezembro de 2013

ROMÃ: DA ANTIGUIDADE ATÉ OS DIAS ATUAIS

                                             
            Nunca tive muita intimidade com romãzeiras e nunca experimentei seus frutos. No sítio do mano José Paulo, no Araçagi, há um pé, plantado por minha cunhada Concita, cujos frutos eram reservados para seu filho Paulo Neto, o qual quando criança tinha frequentes afecções na  garganta, tratadas com gargarejos de decocto da casca do romã, devido a restrições a vários medicamentos, principalmente antibióticos. Frequentemente eu ia ao sítio, mas nunca me apeteceram, ao contrário dos figos, com a polpa macia e saborosa. Nunca os associei como os frutos mais antigos de toda a civilização, crescendo lado a lado.
Há cerca de três anos ganhei de um confrade da APLAC um belo romã, o qual conservei na geladeira e que foi usado, com muito sucesso, para curar uma faringite do meu marido. Após mascar uns três pedaços da casca ele começou a falar normalmente.
Nas festas da virada do ano, a minha cunhada Maria Augusta, já falecida, costumava distribuir entre os convidados para a ceia, sementes de romã, orientando a guardá-las no porta-cédula durante todo o ano. Período propício para  simpatias e crendices, envolvendo essa cerimônia de transição, para começar o ano novo  com esperanças renovadas, boas energias e mudanças favoráveis. Vejamos algumas delas:
1 – Usar roupas íntimas cujas cores variadas, carregam uma simbologia diferente.
2 – Beber vinhos e espumantes, feitos com uvas e servidos em taças de cristal para purificar as energias. O vinho é considerado portador de sabedoria e vida por serem feitos com uvas. Acredita-se que traz sorte e prosperidade.
3 – Pular sete ondas. Segundo os gregos o mar tem o poder espiritual para renovar as energias; esse costume foi trazido pelos africanos para o Brasil, invocando Iemanjá que dá forças para passar por cima das dificuldades.
4 – Saudar os demais convivas pulando com a perna direita, à meia-noite, e mantendo na mão direita moedas para atrair fortuna.
5 – Comer lentilhas para ter um ano de fartura, principalmente em relação à comida; uvas e avelãs produzem o mesmo efeito.
6 – Já consumir aves como frangos e galinhas que ciscam pra trás, não é recomendável. Deve substituir-se por porco ou peixes que nadam pra frente.
7 – Comer os arilos que envolvem 7 sementes de romã e guarde-as no seu porta-cédulas, durante todo o ano, se o objetivo é ter sempre a carteira cheia de dinheiro, que não lhe faltará. O número 7 é muito importante, pois  simboliza os 7 dias da semana e o número de chacras
                      
    ROMÃS E ROMÃZEIRAS ou ROMANZEIRAS
                        
                      

O romã (Punica granatum) é um dos frutos que se conhece com os testemunhos mais antigos da humanidade. No Antigo Testamento há onze referências a esse fruto. Presente nos jardins do Rei Salomão que usava para mandar preparar um vinho usado para contentar as suas 700 esposas e 300 concubinas. Foram encontrados desenhos da árvore e de seus frutos nas paredes dos jardins, referidos no Cântico dos Cânticos. No primeiro Templo de Jerusalém, foi encontrado um fruto de marfim do século VI a.C. No túmulo de Ramsés IV que viveu no século XII a.C. foram encontrados ramos e flores, assim como nos sarcófagos de outros reis e sumos sacerdotes. Também há referências no Talmude da Babilônia.
No Antigo Egito o suco da fruta (schedech-it) já era apreciado e usado por Hipócrates (460-377 a.C.) para os males do estômago e nos doentes febris.
Os judeus que saíram do Egito levaram mudas de romãzeira, videira e figueira, sendo o romã considerado símbolo religioso, por apresentar no seu interior 613 sementes, o mesmo número dos mandamentos da Torá. A romãzeira foi a primeira planta a florescer e frutificar na Terra Prometida. Israel foi abençoada com mais 7 frutos: trigo, azeitona, cevada, uva, figo, tâmara além do romã, este  usado no ritual da virada do ano, pois espera-se que o ano que chega será sempre melhor do que o que vai embora. Associada a votos de ano afortunado, em certas famílias tradicionais há, ainda o costume de partilhar romãs no Dia de Reis, para que não falte dinheiro, geralmente relacionada à abundância das suas sementes. Também usam sementes debaixo do travesseiro, como símbolo de prosperidade no Ano Novo Judaico.
Na arte cristã, judaica e islâmica, simboliza a unidade eterna. Dizia Maomé aos seus seguidores; “comam romã, pois protege o organismo da inveja e do ódio”.
Segundo alguns autores a romãzeira é nativa e domesticada na Pérsia (atualmente Irã) sendo cultivada também pelos fenícios, gregos e egípcios. Fora levada para os países do Mediterrâneo pelos fenícios. Outros autores declaram que o romã originou-se no Irã, passando para o Himalaia, no noroeste da Índia. Alguns outros se referem às guerras púnicas após o que os romanos levaram de Cartago, mudas para Roma  denominando-o malum granatum.
Lineu para denominá-lo baseou-se nas duas nomenclaturas, homenageando os romanos e os fenícios que a introduziram no Ocidente, trazendo da Ásia Menor. No século I, Plínio denominou-a malum punica, derivado de poeni, nome que os romanos davam aos habitantes de uma cidade fundada pelos fenícios no século IX aC. no norte da África, provavelmente Cartago; pode significar vermelho, famosa tinta de Tiro retirada de uma glândula de um gastrópoda marinho e comercializada pelos fenícios.
Quanto à Mitologia, na Grécia o romã era consagrado à deusa Afrodite, pois se acreditava nos seus poderes afrodisíacos. Conta-se que Deméter, divindade da terra cultivada, ensinou aos homens a semear, colher o trigo e fabricar o pão. É a deusa-mãe ou a Grande Mãe. Possuída por Zeus teve uma filha, Perséfone, que foi levada para o inferno por Hades ou Plutão, deus das profundezas. Triste, Deméter resolveu não voltar mais para o céu, provocando muita fome, pois deixara de semear. Perséfone proibida de comer no cativeiro, rompera o jejum quando Plutão obrigou-a a comer seis sementes de romã, ligando-a definitivamente ao mundo das sombras, Zeus ordenou a Hades que devolvesse Perséfone para Demeter voltar a cultivar a terra. Após uma conciliação, Deméter só retornou ao seu lugar no Olimpo com a promessa de que em cada primavera Perséfone voltaria à luz, regressando às regiões inferiores na época da semeadura. Deméter-Perséfone é uma conjunção mãe-filha: a jovem é a semente que, plantada no seio da terra (Deméter), dá vida a novos frutos num ciclo contínuo, associado à morte e a ideia de fertilidade e imortalidade. Deméter é indiscutivelmente o arquétipo materno, delineia o caminho de uma mulher através da vida, realizando-se de maneira concreta na maternidade que pode ou não ser biológica.
Para os gregos o romã simboliza a vida, o renascimento e a indissolubilidade.
Na Mitologia Iraniana o fruto do amor sagrado é o romã.
A China também conhece o romã há milhares de anos.
.
                                          ASPECTOS BOTÂNICOS

Punica granatum, a romãzeira ou romeira de Granada, atualmente pertence à família das Punicáceas, desdobrada da família das Myrtáceas. Há duas variedades de romãzeiras: a vermelha, cultivada em pomar e a amarela usada em projetos de paisagismo e em jardins. Esta tem flores dobradas, com várias pétalas de cores vistosas; às vezes cor de rosa ou branco ou mesmo vermelho. Seus frutos são bem pequenos.
A romãzeira é uma árvore com tendência arbustiva, esgalhada, medindo 4 a 6m de altura, tronco acinzentado e ramos avermelhados, quando novos.  As folhas são opostas, alternadas e fasciculadas. Na extremidade dos galhos delgados abrem-se as flores, solitárias ou agrupadas. Os frutos são pseudo-bagas ou infrutescência do tamanho de uma laranja, com 12 cm de diâmetro, grosseiramente hexagonal, com casca grossa ou coriácea, nas cores marron escuro, amarelo ou vermelho. No interior estão divididos em várias células, separadas por finas películas onde se formam centenas de sementes envolvidas por um arilo, ou película de tegumento gelatinoso que reveste as sementes, arrumadas em formação compacta.

               DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA e IMPORTÂNCIA ECONÔMICA.
Originária da região Transcaucasiana e do Afeganistão espalhou-se pela Síria, Iraque, Irã, assim como na China, Índia e África. Cresce espontaneamente na Ásia, apresentando grande variedade. Também na Palestina. Outros autores dizem ser originária das zonas montanhas do Pasquistão e do Irã e do Egito, há mais de 3000 anos.
No Irã além de preferido é considerado fruto sagrado.
.               Os povos árabes valorizavam os seus poderes medicinais e como alimento. Seus galhos com flores eram usados, também para decorar festas e  casamentos.
Na Idade Média era considerado fruto cortês, aparecendo, também, em contos e fábulas de vários países.
Cultivada em quase todos os países do mundo são famosas as romãs da Provença, de Malta, na Espanha. Dos países do Mediterrâneo onde começou a ser cultivada em 711 pelos árabes, chegou ao Brasil, através dos portugueses.
Atualmente os maiores exportadores são a Espanha e a Tunísia que exportam para o Reino Unido, França, Itália, Espanha e Países Árabes.
           
         VALOR ALIMENTÍCIO


O romã é um fruto refrescante, oxidante e mineralizante. O arilo que envolve as sementes é rico em tanino, vit. B1, B2 e traços de B3 e vit. E. Também sais minerais como fósforo, potássio, manganês, magnésio, sódio, cálcio, ferro, carboidratos, proteínas, em teores mais baixos. 100g da polpa fornecem 62kcal. Pode ser comido in natura.
As sementes têm  água, açúcares, vit. C, ácidos cítricos, málico, tartárico.
As flores possuem tanino, pigmentos como a antocianina.
A casca grossa é rica em tanino, derivados do ácido gálico, flavonoides glicolisados, ácidos fenólicos, resinas, granadina, pernicina, antocianinas e açúcares.
Faz parte da culinária da Turquia, misturada ou não com abacate. Em outros países do Oriente Médio é usado para preparar almôndegas, recheio de peixes, saladas com berinjela. Na Grécia fazem-se gelados e licores com a granadina, retirada da polpa de romã. Muito apreciado no Egito onde é chamado anhmen.
Fazem-se champanhe e vinho com a granadina.

                                   PRINCÍPIOS ATIVOS
Conhecida desde a mais remota antiguidade, referida no Papiros de Ebers. Discórides e outros naturalistas conheciam as suas propriedades vermífugas e tenífugas. Os principais elementos encontrados no romã e no romãzeira são: ácidos ascórbico, bórico, clorogênico, málico, palmítico, oleico, linoleico, além de fibras, tanino, polifenois e granadina.

                                               INDICAÇÕES
As últimas pesquisas demonstram que o óleo extraído das sementes ou promeganate combate os cânceres de pele, cólon intestinal e de mama. Obesidade, diabetes, eczemas, psoríase. Segundo pesquisas recentes diminui as altas taxas de colesterol e reduz a pressão arterial.


                                 USOS EM MEDICINA POPULAR
- Infusão das cascas do fruto para gargarejo ou bochechos, em aftas e dores na garganta, fortalecimento das gengivas, gengivites, úlceras da boca.
- Infusão das folhas para lavar os olhos em inflamação.
- Cataplasmas de folhas amassadas para carbúnculo.
- As flores secas e pulverizadas em decoctos, usados para combater a metrorragia, leucorreia, em irrigação vaginal, blenorragia, diarreia, prolapso retal. Em gargarejos para afecções da garganta.
- Decocção de caule e raiz, como laxante, vermífugo e tenífugo.
- Chá das cascas da raiz misturado com tintura de ópio nas disenterias.
- Suco do fruto em difteria, afecções genito-urinárias e inflamações gastro-intestinais, hemorroidas, cólicas, febres, dispepsia. Liofilizado usado sob a forma de creme para despigmentação da pele.
- Xarope do suco (granadina ou granadine) em angina, afecções da garganta, difteria, inflamação gastro-intestinal, afecções genito-urinárias.
- Infusão da polpa, combate diarreias.
- Fruto, mascar pedaços da casca para afecções na boca e garganta.
- Decocção da casca do fruto, feridas na boca, faringite, gases, leucorreia, menorragia, metrorragia, vermes intestinais. Inibe o crescimento de tumores
- Possue alcaloides como a peleterine e a pseudo-peleterine com propriedades sobre Staphylococcus aurens, Clostridium perfringens e vírus do Herpes simplex.
Em altas doses, por causa de toxinas pode provocar a paralização dos nervos motores, levando à morte por parada cardíaca.

                                      O ROMÃ  E A MAÇONARIA
Segundo dados compilados da Wikipedia a Maçonaria, como a conhecemos hoje (Especulativa) foi fundada em 1717 na Inglaterra. Sociedade fraterna que tem como lema liberdade, democracia, igualdade e fraternidade, foi aperfeiçoada de outras sociedades como a Primitiva e a Operativa. Em 1738, Clemente XII condenou a Maçonaria. Seus princípios éticos são baseados no Judaismo, melhor no Antigo Testamento, adotando vários símbolos como a estrela de Davi, os nomes dos diferentes graus e o selo de Davi a reconstrução das colunas jônicas, de origem grega. Vários emblemas são adotados como os romãs que coroam as colunas J e B dos templos e cujas sementes trazem prosperidade, solidariedade e união familia.  O romã é o fruto símbolo dessa Fraternidade. A flor rubra representa o entusiasmo dos seus membros. Os frutos são as pedras polidas; as lojas dos frutos simbolizam as lojas maçônicas, enquanto as sementes representam as nações espalhadas no mundo. A forma compacta como estão unidas lembram a harmonia e a fraternidade que devem existir entre os maçons e todos os homens, por um ideal comum para servir a humanidade. As cinco células no interior do fruto correspondem às cinco raças humanas da câmara alta às quais o amor deve lutar para que estejam perfeitamente reunidas.
Na entrada dos templos encontram-se esculturas representando romãs, nos capitéis das colunas.

                                          AGRADECIMENTOS
A Ana Sofia Nascimento de Morais que me enviou de Miami informações atualizadas sobre as pesquisas realizadas com o romã, como o isolamento do óleo promeganate, não só para as afecções da pele, mas no tratamento de vários cânceres, combate ao colesterol e às altas pressão, em pesquisas desenvolvidas no Lipid Research Laboratory.
A Murilo Mário Durans que postou uma bela romãzeira cultivada em seu quintal, em Salvador.
A Fernando Cunha pela foto de um romã maduro cultivado em Brasília, em casa de um amigo seu.
À dra, Helena Barros Heluy (HB desde os tempos do Santa Teresa) pelo belo romã cultivado em sua casa na Praia do Panaquatira.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

II – VITAMINAS


Desde os primórdios da civilização os povos recorriam às florestas, campos e bosques e mais tarde aos hortos, pomares e jardins, como fontes da sua alimentação e dos seus remédios. Sem dúvida os alimentos influem, mas a saúde também depende do ritmo, da qualidade de vida e da predisposição genética de cada indivíduo. É importante não só o que se come, mas também em que etapa de nossa vida.  Atualmente metade da população mundial ainda recorre ao uso das plantas para a cura dos seus males.
Foi o uso popular de certos vegetais que levou os cientistas a descobrir os princípios ativos, mais tarde sintetizados em laboratórios para produção, em escala industrial, dos remédios que utilizamos. Cerca de 25% das drogas modernas originaram-se de princípios ativos encontrados nas matas, como o quinino para a malária, o jaborandi donde se extrai a pilocarpina, no tratamento do glaucoma; o vincrestina e o vimblastina, utilizados no combate ao câncer e o capoten, feito a partir do veneno da jararaca, para tratamento da hipertensão, dentre muitas. Os antigos médicos, pajés, xamãs, curandeiros utilizavam remédios naturais, a partir de suas experiências ou conhecimentos deixados pelos ancestrais. Obviamente desconheciam os germes, hormônios, enzimas, colesterol, funcionamento dos analgésicos, assim como os sais minerais e vitaminas.
Desde o Antigo Egito, Plínio já constatara que o repolho e a cebola curavam dezenas de doenças. O alho era considerado uma planta sagrada, pelos seus múltiplos usos. Além do repolho, o brócolis era cultivado  para fins medicinais, utilizado no tratamento da surdez, dores de cabeça, gota e distúrbios gástricos.
Há dois milênios os gregos já seguiam uma dieta saudável, à base de verduras e frutas para prevenir os males mais frequentes.
Os romanos acreditavam nos poderes curativos da lentilha, não só nas diarreias como para equilíbrio do organismo. Uvas e passas tinham diversos usos medicinais, sob a forma de enemas, inalações e aplicações tópicas.
Em meados do século XIX, com o emprego de métodos químicos para estudar os seres vivos, observou-se que eles são constituídos por vários elementos presentes, também, no mundo mineral, já conhecido desde tempos imemoriais quando o homem, para resolver suas necessidades fez uso do sílex e outras variedades de quartzo, comprovado através de escavações arqueológicas.
Com as pesquisas dos cientistas, a composição química da célula tornou-se bastante conhecida, decorrendo dai as informações sobre a composição química da vida. Nosso organismo é composto por sessenta milhões de células, sendo cada célula um complexo e impressionante universo em miniatura, que passa por bilhões de reações químicas a cada minuto da nossa vida. Esses eventos  ocorrem, através do desenrolar do mistério e do drama, onde as batalhas são continuamente perdidas ou vencidas, afirmando a nossa saúde e a longevidade ou condenando-nos à doença e à morte. É na intimidade das células que a vida começa e termina. Se soubermos o que está acontecendo em nossas células, saberemos o que está acontecendo com a nossa saúde.
Essas reações dependem exclusivamente dos alimentos que ingerimos. Apesar da grande diversidade, eles apresentam na sua composição básica alguns elementos comuns como o carbono, o hidrogênio, o oxigênio, o nitrogênio, o fósforo e o enxofre, variando apenas nas quantidades.
Os compostos que constituem os seres vivos podem ser inorgânicos, como a água e os sais minerais, que também são encontrados livremente no mundo animal e os orgânicos, como proteínas, carboidratos, lipídios, ácidos nucleicos, que resultam da atividade metabólica da célula.
A água e os alimentos ingeridos trazem em sua composição cerca de 1% de elementos minerais que atuam, principalmente, como reguladoras da atividade celular. Podem estar insolúveis, entrando na composição dos ossos, dentes ou dissolvidos na água sob a forma de íons. É dessa forma que eles desempenham a sua atividade reguladora fundamental.
                                                                      
                                          I - VITAMINAS

Vitaminas – são compostos orgânicos, alguns deles já conhecidos em sua constituição química,  sendo vitais e indispensáveis para as funções orgânicas, porém necessários apenas em pequenas quantidades. Nutrientes essenciais não calóricos desempenham papel importante para o funcionamento normal do metabolismo, no desenvolvimento, na defesa contra as infecções, na nutrição, pois favorecem a assimilação dos alimentos. Não constituem grupo molecular específico, mas quaisquer substâncias orgânicas, heterogêneas, com origens distintas, em quantidade suficiente para atender às necessidades do organismo. Algumas funcionam como co-fator na ativação de reações enzimáticas, importantes para o equilíbrio hemostático. A sua carência é responsável por estados mórbidos definidos: xeroftalmia, beribéri, escorbuto, raquitismo, anemia, e outros processos patológicos. Assim como os Sais Minerais, as Vitaminas podem transformar-se em antioxidantes, principalmente os derivados dos vegetais, frutos do mar e, ocasionalmente em alimentos de origem animal, sendo, por conseguinte, potentes agentes anticancerígenos.
Os seres humanos necessitam de treze vitaminas para o seu completo funcionamento, sendo que o organismo só consegue produzir a Vit.D. Entretanto, convém afirmar-se que a única doença que uma vitaminas irá curar é aquela causada pela sua própria deficiência. Ainda nada se sabe sobre o seu uso na prevenção de doenças crônicas.
O nome Vitamina foi criado pelo bioquímico polonês Casimir Funk, em 1912, baseado na palavra vita e no sufixo amina, aminas vitais ou aminas da vida.
Classificam-se em:
Lipossolúveis – solúveis em gorduras, podendo acumular-se no organismo alcançando níveis tóxicos: A, D, E e K.

Hidrossolúveis – solúveis em água, presentes no Complexo B (Tiamina, Riboflavina, Niacina, Folato, Cobalamina, Biotina, Ácido Pantotênico) e a Vit. C ou Ácido Ascórbico, eliminadas pela urina e necessitando de ingestão diária.
                                                                                 

                       VITAMINAS  LIPOSSOLÚVEIS
Geralmente encontram-se nas gorduras e nos óleos dos alimentos. Assim como os lipídeos essas vitaminas necessitam da bile para sua absorção. Uma vez absorvidas, são armazenadas no fígado e no tecido adiposo como reserva. São várias as funções desempenhadas por essas vitaminas.

1-A vitamina K, simboliza a palavra dinamarquesa koagulation, também conhecida como filoquinona e naftoquinona, é necessária para a coagulação sanguínea, sendo responsável pela síntese de proteínas coaguladoras do sangue e de uma proteína que regula o cálcio, assegurando  que os ossos a produzam para ligar de modo apropriado os minerais de que precisam. Também, concorre para diminuir os riscos de fratura de quadril. A hemorragia é um dos sintomas da sua deficiência.
Principais fontes: síntese bacteriana nos intestinos e no fígado; vegetais verdes folhosos como repolho, espinafre, couve-flor; leite, ovos, grão de bico, bife de fígado. Em pessoas que tenham tomado antibióticos que destroem a flora intestinal são necessários suplementos de vit. K.

2- A vitamina E, conhecida como alfa-tocoferol ou tocoferol, (derivado do grego e significa descendência) exerce várias ações no organismo, sendo as principais: antioxidante (desintoxicação de oxidantes fortes), estabilização das membranas das células, regulação das reações de oxidação, principalmente as mais expostas às altas concentrações de oxigênio, a nível de pulmão e células sanguíneas, tanto as vermelhas como as brancas; proteção dos ácidos graxos poliinsaturados e da vit. A. Funciona como antioxidante, previne as doenças coronarianas e auxilia o desenvolvimento normal dos nervos.
A sua carência reflete no sistema circulatório pelo rompimento das células sanguíneas (hemólise de eritrócito) levando à anemia; ocorrendo com mais frequência em recém-nascidos prematuros. Causa degeneração, fraqueza, dificuldade de andar, câimbras nas pernas. Geralmente associada a doenças resultantes da má absorção de gordura, incluindo doenças do fígado, do pâncreas, assim como um grande número de doenças hereditárias, envolvendo a digestão e utilização dos nutrientes. Em associação com o selênio aumenta a resistência corporal às infecções causadas por vírus.
Pesquisas derrubam a crença que a vit.E aumenta a resistência e habilidade atlética, assim como o desempenho sexual ou cura de disfunções sexuais no homem.
Principais fontes: óleos poli-insaturados de vegetais (margarina, milho, girassol, canola, gergelim, açafrão, amendoim, soja), molhos para salada, maionese; vegetais folhosos e verdes; germe de trigo; produtos de grãos integrais, nozes, avelã, castanha de caju, castanha-do-pará, sementes de girassol, fava e algumas frutas e verduras com teores mais baixos. Essa vitamina praticamente não existe nos alimentos de origem animal.  Pode ser destruída por alto aquecimento.
               3- A vitamina D, também chamada calciferol, colecalciferol, dihidroxi vit. D, o precursor é o colesterol. Suas funções no organismo são: mineralização óssea, aumentando a absorção de cálcio e fósforo sanguíneos, via absorção do trato digestivo, retira o cálcio dos ossos e estimula a função renal. Essa vitamina atua como um hormônio, pois além de fortalecer ossos, intestinos e rins, age  no cérebro, pâncreas, pele, órgãos reprodutores, estimulando, outrossim, a maturação das células do sistema imunológico. A sua deficiência causa o raquitismo e a osteomalacia (espinha encurvada e pernas arqueadas). Também se reflete no crescimento anormal, malformação óssea, ossos moles, dores nas articulações, malformação dos dentes. Pode causar espasmos musculares.
Principais fontes – a vit. D é produzida pelo próprio corpo, quando exposto à luz solar. A luz ultravioleta quando incide sobre um composto de colesterol presente na pele humana, transformado em um precursor de vit D e absorvido diretamente pelo organismo. Outras fontes são: leite enriquecido, salmão, enguia, sardinha, arenque, cavalinha, atum, camarão É a mais tóxica de todas as vitaminas quando as pessoas ficam muito tempo expostas ao sol.
4 - Vitamina A – Foi a primeira vitamina a ser identificada. O caroteno, uma pro-vitamina A, no fígado transforma-se em vit.A. Altamente versátil, é importante para a visão, o crescimento ósseo, alimenta a membrana mucosa e os tecidos,  aumentando a resistência imunológica contra as infecções. Essencial para a visão, integridade do tecido epitelial, crescimento ósseo, reprodução. Sua carência ou insuficiência, chamada Hipovitaminose A, perturba o crescimento do indivíduo, produz brotoejas,  secura da pele, das conjuntivas e das glândulas lacrimais; acarreta xeroftalmia, degeneração macular ou cegueira dos idosos, cegueira noturna, predispondo o organismo às infecções das vias respiratórias e aos cálculos renais, queda dos dentes, infecções respiratórias, digestivas, da bexiga, vaginal e outras. Nas crianças, em casos de sarampo, pode induzir a cegueira.
Conhecida, também por retinol, ácido retinóico é o precursor do betacaroteno.
Uma das formas mais ativas da vit. A, o retinol, fica armazenado no fígado que o torna disponível para todas as células do organismo, através da circulação sanguínea. Termoestável, resiste ao calor de 100@C, não solúvel na água e  solúvel nas gorduras.
Principais fontes de caroteno ou vit.A: verduras, quanto mais acentuado o verde melhor, como o espinafre, alface, couve, brócolis; vegetais de coloração amarelada como cenoura, abóbora; frutas como melão, damasco, manga, pêssego, tangerina, grapefruit ou toranja, tubérculos como a batata doce. Também a gema do ovo, bife de fígado e leite enriquecido.
                            
                      VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS
                                   

As vitaminas hidrossolúveis requerem muito cuidado na preparação de alimentos que os contenham, para evitar perdas ou a sua destruição, tais como a cocção e até a lavagem com água. Facilmente absorvidas pelo organismo, sendo excretadas pela urina.


1- Vitamina C – Também chamada Ácido Ascórbico que significa ácido anti-escorbuto. Há mais de duzentos anos, muitas expedições marítimas fracassaram por causa de uma síndrome que acometia os marujos, em longas viagens, com uma dieta geralmente à base de cereais e carnes - o escorbuto, uma doença resultante da deficiência da vit C. Descoberta a causa através de pesquisas conduzidas por um médico há 250 anos, somente cinquenta anos depois a Marinha Britânica usou essa informação, obrigando a abastecer os navios ingleses com limões. Os marinheiros que usavam o suco dessa fruta eram chamados limey.
Suas funções principais no organismo são: a síntese do colágeno para fortalecimento das paredes dos vasos sanguíneos, formação do tecido cicatricial, matriz do crescimento ósseo; anti-oxidante, sintetiza a tiroxina, que age no metabolismo dos aminoácidos, fortalece a resistência a infecções, ajuda na absorção de ferro.
A sua carência determina anemia com micro-hemorragias, náuseas, cólicas abdominais, diarreia, micção excessiva; supressão no sistema imunológico ocorrendo frequentes infecções; sangramento gengival e perda de dentes; degeneração e dor muscular; histeria, depressão; fragilidade óssea, dores nas articulações; pele seca, pústulas, cicatrização deficiente.
Principais fontes: verduras como brócolis, acelga, couve, couve-flor; legumes como tomate,  pimentões verdes e vermelhos, ervilha; frutas como  goiaba, melão, mamão, morango, kiwi, laranja e muitas outras frutas já mencionadas em outros textos.
                                     Vitaminas do Complexo B
As vitaminas do Complexo B atuam como parte de coenzimas. A coenzima é uma pequena molécula que se combina com uma enzima para torná-la ativa, portanto, imprescindível. Essas vitaminas trabalham em qualquer tecido do organismo a metabolizar carboidratos, lipídeos e aminoácidos, ajudando o trabalho das células. Algumas ajudam a gerar energia; outras ajudam a produzir novas proteínas e novas células.
               2 -Vitamina B1 ou Tiamina é uma parte de uma coenzima utilizada no metabolismo energético; auxilia no apetite e na função do sistema nervoso, principalmente a nível de membrana.
A doença clássica da deficiência dessa vitamina, o beribéri, foi observada pela primeira vez no leste da Ásia, quando as pessoas passaram a substituir o arroz integral por grãos polidos, estendendo-se pela população como uma epidemia. Somente em 1900, a partir de observações efetuadas por um médico de prisão, descobriu-se causa dessa doença, cujos principais sintomas se refletem no sistema circulatório através de edema, coração dilatado, ritmo anormal do coração, insuficiência cardíaca; nos sistemas muscular e nervoso: degeneração, definhamento, fraqueza, dor, desânimo, dificuldade de andar, perda dos reflexos, confusão mental, paralisia.

Atualmente em países desenvolvidos, o uso abusivo do álcool leva a uma forma severa de deficiência de tiamina, com sintomas indistinguíveis do alcoolismo, como confusão mental, perda de memória, movimentos oculares truncados e andar desnorteado.
Principais fontes: a tiamina ocorre em todos os alimentos nutritivos em quantidade moderada; carne de porco, presunto, bacon, fígado, grãos integrais, legumes e nozes, feijão preto, melancia, cereais e massas enriquecidos, ervilha, sementes de girassol, batata assada.
                   3 -Vitamina B2 ou Riboflavina – parte de coenzima utilizada no metabolismo energético; auxilia a visão e a saúde da pele.
Em casos de deficiência dessa vitamina dá-se uma doença chamada arriboflavinose, cujos principais sintomas são: fissuras na boca ou queilose, língua púrpura; hipersensibilidade à luz, ou fotofobia, vascularização superficial da córnea; exantemas.
Principais fontes: leite, iogurte, carne, bife de fígado verduras verdes folhosas, espinafre, cogumelos, pães e cereais integrais ou enriquecidos.
4- Vitamina B3 ou Niacina, Ácido Nicotínico, Nicotinamida, Niacinamida precursor do triptofano na dieta, é uma parte de uma coenzima, utilizada no metabolismo energético, auxilia na visão, na saúde da pele, sistema nervoso e digestivo.
A sua deficiência causa a pelagra, doença que se caracteriza por diarreia, língua preta e lisa, irritabilidade, perda de apetite, fraqueza, tontura, confusão mental progredindo para psicose ou delírio. Causa desordem cutânea, caracterizada por uma dermatite descamativa com rachaduras e pigmentos nas áreas expostas ao sol.
A pelagra surgiu na Europa no início do século XVI quando o milho do Novo Mundo tornou-se largamente aceito como produto alimentar básico. No início do século XX, nos EUA a pelagra devastou grande parte da população. Ainda hoje persiste na Ásia e a África que tem o milho como base da alimentação, pobre em proteína, limitando os teores de triptofano, junto com o abuso de álcool que diminui a ação do aminoácido a partir do que a niacina é produzida. A nutriente chave que previne a pelagra é a niacina, mas qualquer fonte de proteína que contém triptofano pode substitui-la nessa função.
Principais fontes: leite, ovos, aves, peito de frango, peixes, atuns, pães e cereais integrais e enriquecidos, nozes, batata assada, costela de porco.
5 - Vitamina B6 - Piridoxina, Piridoxal, Piridoxamina – Auxilia a conversão de aminoácidos em outros nutrientes que o organismo necessita. Atua na liberação da glicose, contribuindo para regular a glicemia. Colabora na conversão de triptofano em niacina e exerce função importante na síntese da hemoglobina.
Carência – A baixa ingestão de vit. B6 pode estar relacionada com a incidência de doenças cardíacas. Pode manifestar-se através da língua lisa, dermatite gordurosa, irritação das glândulas sudoríparas, cálculos renais, anemia, convulsões, depressão, fadiga, memória prejudicada, dor de cabeça, torpor, danos neurológicos, dificuldade para andar, perda de reflexos, insônia.
Principais fontes: verduras folhosas, carne, peixe, aves, mariscos, legumes, frutas, grãos integrais.
6 -Ácido Fólico, Folato, Folarina, Folacina, Ácido pteroilglutâmico – É uma coenzima  necessária para a síntese de novas células, principalmente a síntese de DNA. Também de células sanguíneas e do trato digestivo que se reproduzem mais rapidamente e são mais vulneráveis. A sua deficiência é associada a um grupo devastador de doenças congênitas conhecidas por defeito do grupo neural de leve problema na espinha, retardo mental, diminuição do cérebro e morte logo após o nascimento. Também causa anemia, azia, diarreia, constipação, supressão  do sistema imunológico das defesas, ocasionando infecções frequentes, língua vermelha e lisa; depressão, confusão mental, desmaio..
Carência – A deficiência de folato pode dar ensejo a doenças cardiovasculares. Causa, também, anemia, azia, diarreia, constipação, supressão do sistema imunológico. Infecções frequentes, língua vermelha lisa; depressão, confusão mental, desmaio.
Principais fontes: folato deriva de foliage, folato –  abundante em vegetais folhosos, brócolis, espinafre, legumes como quiabo e aspargo; sementes como de girassol, feijão; fígado de galinha, pães enriquecidos, cereais, grão de bico, germe de trigo, soja, massas; frutas: abacate, framboesa, suco de laranja, mostarda, beterraba.
7 – Vitamina B12 ou Cianocobalamina – Ajuda o folato a produzir hemácias, participando, outrossim, na manutenção da bainha da mielina que envolve as células nervosas. Influencia, também, as células que constroem o tecido ósseo.
A absorção dessa vitamina requer um fator intrínseco produzido pelo estômago; com a ajuda do suco gástrico esse fator se liga à vitamina formando um complexo que segue para o intestino delgado, sendo absorvido pela corrente sanguínea.
Carência – Anemia perniciosa é causada pela deficiência, com células grandes e imaturas que causam danos ao sistema nervoso.
Principais fontes: queijo suiço, queijo cottage, bife de acém, atum, sardinha, fígado de galinha e carne de porco assada. Presente apenas em alimentos de origem animal.
8 - Biotina e Ácido Pantotênico – são co-fatores com atividade enzimática no metabolismo dos carboidratos, gorduras e proteínas. São importantes no metabolismo energético, estimulando o crescimento. Comum nos alimentos.
A sua deficiência causa problemas cardíacos, perda do apetite, náuseas, depressão, dores musculares, fraqueza, fadiga, exantemas, ressecamento da pele e do cabelo.
9 - Ácido Pantotênico foi o primeiro componente de uma coenzima que produz liberação de energia, proveniente de nutrientes. Ajuda a síntese dos lipídios, neurotransmissores, hormônios esteroides e hemoglobina. Utilizado no metabolismo energético.
Carência – vômitos, mal estar intestinal, insônia, fadiga.
Principais Fontes – presente em todos os alimentos.
Há outras substâncias, não- vitaminas, mas incluídas como componentes do Complexo B:
                  10 – A colina é considerada um nutriente essencial porque quando a dieta é desprovida dessa substância o organismo não produz o suficiente desse componente para suprir suas necessidades.
                  Principais Fontes – comum em alimentos e as deficiências são praticamente despercebidas na vida cotidiana.
                    11 -A carnitina, chamada Bt é importante elemento para o mecanismo celular.
                     12 - O inositol e ácido lipóico não são vitaminas porque não são nutrientes essenciais para a vida humana.
                     13 – Além da carnitina, inositol e ácido lipóico outras substâncias têm sido erroneamente consideradas essenciais para a nutrição humana, incluindo o PABA (Ácido para-aminobenzóico), bioflavonóides (vitamina P ou hespiridina) e ubiquinona (coenzima Q. Outros nomes atribuídos à vit 15 ou ácido pangâmico; vit. B17 (laetrile ou amigdalina).
Quanto aos suplementos vitamínicos são indispensáveis quando se tem uma boa dieta alimentar. Em caso de gestantes, nutrizes, recém nascidos é  melhor seguir orientação médica ou de um nutricionista

sábado, 21 de dezembro de 2013

VOCÊ AINDA CONHECE O CAMAPU?


Na minha infância passada totalmente em Pinheiro, não tínhamos muitas diversões, além da Missa das Crianças, às 8:00h aos domingos, seguida pelas aulas de catecismo. No período letivo as aulas ocupavam o nosso tempo, inclusive as imprescindíveis aulas particulares.

Nas férias, papai arranjava alguma atividade para preencher nosso tempo. Aymoré passou por oficinas de barbeiro, ferreiro e sapateiro, enquanto eu fui destinada às prendas domésticas. Aprendí e cheguei a fazer metros de renda de almofada, assim como pontos de cruz, paris e outros.
Raramente tínhamos permissão para ir ao cinema, único na cidade – Cine Glória – dos Paiva. Assistíamos somente às fitas sobre a Paixão de Cristo e filmes de capa e espada, devidamente acompanhados por Maria Lobato em quem meu pai depositava toda a confiança.
Preenchíamos o tempo disponível com as atividades próprias de crianças do interior: os garotos armavam arapucas pra apanhar caboclinhos ou usavam baladeiras para abater rolinhas. Nos dias de sol quente e bons ventos empinavam papagaios feitos em casa mesmo. As meninas brincavam com bonecas. Eu era um pouco solitária, pois papai só permitia que eu brincasse com filhas dos seus amigos e em nossa casa, daí iniciar-me na leitura, desde cedo.
O quintal era reduto comum, meu e de Aymoré; enquanto ele usava uma lente de papai para tentar concentrar os raios solares e queimar algodão e papel ou então um espelho para refletir a luz do sol no rosto dos transeuntes, eu acompanhava a azáfama das formigas, sempre atarefadas, carregando folhas para a sua rainha. Gostava, também de coletar libélulas, chamadas por nós de macaquinhos. Curtia abrir suas asas para ver as nervuras, observar os movimentos da cabeça, ver seus olhos revirarem e o mexer de suas antenas. Daí, talvez tenha nascido o meu interesse por animais vivos, principalmente insetos.
O quintal da nossa casa era dividido em três setores: o primeiro era o jardim onde um jardineiro fora contratado exclusivamente para cuidar das rosas e dálias do meu pai. O terreno cimentado era recortado por canteiros do feitio de estrelas, meias-luas, círculos, retângulos. Logo na frente havia   um pequeno tanque onde mamãe criava umas marrequinhas, tendo no meio um pedestal com uma palmeira, parecida com a palmeira-sagu. O segundo, separado do jardim por duas tamareiras que nunca frutificaram era também cimentado, onde ficava o poço e a lavanderia, comunicando-se com a casa através da cozinha. Também quatro coqueiros cujos frutos secos caiam com frequência. Éramos proibidos de brincar nessa área. O terceiro tinha apenas uma passarela de cimento e ia até quase o fundo do quintal, onde havia dois pés de jucá, uma caramboleira, uma cajazeira e uma mangueira com frutos especiais (manga paris) e um coqueiro que foi plantado no dia em que Aymoré nasceu. Esse terreno era meio úmido e sombreado por causa das copas das fruteiras e possibilitava o crescimento, rente ao muro, de pés de urtiga e de camapu. Morria de medo de ser atingida pelas folhas de urtiga e meu pai sempre mandava cortá-las, pois os pelos urticantes que recobrem suas folhas e caule agem como uma injeção de histamina, produzindo uma sensação de queimadura e deixando empolado o local atingido. Já os pés de camapu eram mantidos, pois seu pequeno fruto, arredondado e amarelinho quando maduro, fazia a festa da gurizada. Eu, no entanto devo ter experimentado sem gostar, pois apanhava-os ainda verdes para brincar, atirando nos colegas, simulando uma guerra; também, em patos, galinhas criadas em galinheiro mas soltas na hora da ração de milho.
Em quase todos os quintais pinheirenses, sítios, beiras de estrada, o camapu era presença constante.
O tempo passou, entrei na adolescência e os interesses mudaram, principalmente quando comecei a fazer o ginásio.
Há uns 15 anos meu filho foi para Londres fazer um curso de Inglês na Universidade de Wimbledon. Meu marido aproveitou a chance para conhecer as obras dos grandes mestres da Pintura, visitando museus, galerias de arte, palácios, fortalezas, catedrais. Foi também à Escócia e à Áustria. Em Londres, curioso com os costumes e culinária foi a um hipermercado da Harrods, conhecer as frutas, verduras e legumes usados pela cozinha dos ingleses e ficou admirado de encontrar camapu brasileiro, à venda e por um preço relativamente alto.
Esquecida do camapu, voltei a lembrar-me há alguns meses quando publiquei no blog Pinheiroempauta um texto sobre as frutas silvestres, nativas em Pinheiro. Além do camapu, citei maria-pretinha, murici, ingá, araticum, anajá, tucum, macaúba, cauaçu, bacurizinho e outras mais. O conterrâneo e confrade dr. José Jorge Leite Soares, cônsul honorário da França, no Maranhão fez uma colocação interessante: o camapu é iguaria fina encontrada em restaurantes elegantes da França, geralmente em saladas de verduras e legumes, recobertas de chocolate e muito apreciado pelos franceses e ingleses. Pronto, meus sentidos ficaram em alerta e despertou-me a curiosidade de pesquisar a origem, distribuição geográfica, espécies cultivadas, valor alimentício, uso em medicina popular.
Eis o que encontrei sobre o nosso camapu das nossas batalhas na infância:
                                                
                                   CARACTERISTICAS  BOTÂNICAS
Planta rústica, pertence à família das Solanáceas, a mesma do tomate, da batata inglesa, do fumo, da berinjela, da pimenta, do pimentão. É uma planta herbácea, de hábitos perenes que chega a atingir 2 m de altura. Reproduz-se por sementes. As raízes podem atingir entre 10 e 15 cm de profundidade e o sistema radial é aprofundado atingindo 50 a 80cm. Seu caule é carnoso, esverdeado, anguloso e muito ramificado. As folhas são ovado-oblongas, alternadas, pecioladas, glabras ou pubescentes, aveludadas com margens onduladas. As flores são amareladas, isoladas ou em cacho, hermafroditas, e duram só 3 dias, quando são polinizadas pelo vento ou por insetos. O cálice, formado por cinco sépalas, frutífero, vesiculoso, intumescido como um balão, envolve todo o fruto, durante o seu desenvolvimento; inicialmente verde vai gradativamente tomando uma cor dourada à medida em que o fruto amadurece; essas sépalas além da proteção são ricas em carboidratos durante os primeiros vinte dias de crescimento. Os frutos são bagas com 100 a 300 sementes que levam 60 a 80 dias para desenvolver. Delicados, pequenos e redondos com diâmetro entre 1,25cm e 2,50cm, pesando 4 a 10gr. Quando maduros apresentam uma cor amarelada ou alaranjada, sabor adocicado, levemente ácido. Por suas características e sabor agridoce é considerado um fruto exótico.
A principal espécie é a Physalis angulata, nativa na Região Amazônica, da Venezuela ao Chile ao longo de toda a Cordilheira dos Andes. A Colômbia, onde é conhecida como uchua é cultivada, sendo o maior produtor. São conhecidas mais de 15 espécies, nas regiões temperadas, quentes e sub-tropicais de todo o mundo, principalmente da América Latina, Europa, Ásia e África. As principais são: P. peruviana, P. capcifolia, P. esquinooli, P. laceifolia, P. linkiana e P.ramosíssima. Em Portugal é conhecida por alquequenge; nos Açores por capuchos; no Equador por uvilla e no Japão por hosuki. Aqui no Brasil é denominada bucho de rã, saco de bode, tomate cafundó, erva-noiva, juá da roça, juá de capote, bate-testa, mata-fome, camapum e outros.
O tomatillo, prato de destaque na culinária mexicana é na verdade uma fisalis consumida desde os tempos dos astecas e indispensável no preparo da salsa verde.

                                                              
                                                   PODER  NUTRITIVO
O camapu é rico em vitaminas A (carotenoides), C. e algumas do complexo B. Também, minerais como ferro, fósforo. Possui grande concentração de proteínas, a fitoesteroides, além de alcaloides e flavonoides que combatem os radicais livres, prevenindo o envelhecimento precoce.
Usado no preparo de doces, geleias, compotas, sorvetes, como recheio de bombons, em decoração de bolos, substituindo  cerejas, em molhos e, saladas; ingerida com  carnes e é excelente para degustar vinhos e acompanhar cervejas.
    
PROPRIEDADES  QUÍMICAS,  MEDICINAIS  E  INDUSTRIAIS
Até 2007 era cultivado apenas para pesquisa. A partir do ano seguinte começou a ser cultivada para exportação, inclusive em Mato Grosso e Minas Gerais (Montes Claros). A Austrália, também cultiva para exportação. Liofilizado é vendido em cápsulas.
Foi isolada pelo IOC de Salvador uma enzina – a fisalina – usada como excelente anti-inflamatório. A Universidade de Ribeirão Preto está testando o extrato bruto para inibir a multiplicação do bacilo de Koch, agente etiológico da tuberculose.
Sob a forma de tônico, reconstrói o nervo óptico; o chá das folhas elimina albumina do sangue reduz o colesterol. Antiviral combate gripes e resfriados e herpes; a infusão das raízes é usada no tratamento da hepatite e da malária.
A seiva é calmante e depurativa; o fruto é comestível, rico em carotenoides e flavonoides e quando cozido (toda a planta) é usado como desobstruente e diurético. No fruto, também é encontrado acetilcolina usada para baixar a pressão. O extrato da raiz, caule e folhas, possui propriedades anti-microbianas, assim como imunodepressoras devida aos vitaesteróides, diminuindo a rejeição a transplantes e atacando várias alergias. Anti-tumoral é indicado no tratamento das hemorróidas, devido a fisalina. A ritalina é usada para eliminar pintas na testa.
Alivia dores de garganta, usada no tratamento da diabetes (frutos, folhas e raízes); reumatismos, doenças da pele, bexiga, rins e fígado.
Esse é o nosso rústico camapu, de origem obscura, denominado “bombom da roça,” hoje frequentando a mesa dos restaurantes mais requintados do Brasil e do exterior. Uma caixinha com 100g varia de R$ 5,00 a R$ 10,00 ou 3 a 5 euros.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

SAIS MINERAIS E VITAMINAS


                Há uns seis meses comecei a sentir um leve tremor no braço esquerdo que o deixava sem  firmeza para ajudar o direito nas suas tarefas cotidianas. Preocupada fui, por orientação do mano médico, a um dos mais competentes neurologistas da cidade. Três minutos depois saia com a requisição para vários exames, tais como eletroencefalograma e ultrassonografia das coronárias. Felizmente os meus temores de uma fase inicial do Mal de Parkinson, doença que já atingiu tios e primos, não se confirmaram. Encaminhada ao Endocrinologista, foram solicitados mais exames, inclusive ultrassonografia da tireoide, dosagem de vitamina B12 e outros testes os quais esqueci, para dosar hormônios, teor de magnésio. Esses exames foram realizados em São Paulo, acusando deficiência de vitaminas D e B12 e baixas taxas de magnésio, deixando-me exposta a uma doença coronariana. Dos quatro medicamentos solicitados um era o aspartato de magnésio enriquecido com Vitamina E ou tocoferol e ácido fólico que é a Vitamina C. Como é que posso estar com as taxas em tão baixo nível se como diariamente frutas ricas em Vit. C? E mais, B12 lá embaixo, também vitamina D! Para elevar seus níveis estou usando um suplemento de vit. D. Compulsei alguns compêndios sobre vitaminas e sais minerais para descobrir, com o auxílio de vocês, os males que me afligem.
 Em todos os textos publicados sobre frutas e alguns legumes, fazemos sempre referências  aos sais minerais e às vitaminas e algumas vezes, como na juçara dissemos até o teor de ferro encontrado. Mas o que são vitaminas e sais minerais, que papéis desempenham em nosso organismo e quais os alimentos que os possuem? O assunto é longo e demanda tempo para pesquisar e elaborar um texto fácil de ser entendido. Daí separarmos os assuntos em dois capítulos.                                        

                                                                  I – SAIS MINERAIS
Grande parte do peso da água em nosso organismo está contida no interior das células; o restante preenche os vasos sanguíneos. São necessárias provisões especiais para que as células não entrem em colapso quando sai ou que elas aumentem de volume quando uma quantidade excessiva entra. As células não podem regular a quantidade, pois elas passam através das membranas. No entanto elas podem bombear minerais através de suas membranas. Vários minerais formam sais que se dissolvem nos fluidos corporais; as células direcionam para onde os sais devem ir. Essas ações  por sua vez determinam para onde os fluidos devem circular, isso porque a água acompanha os sais.
Quando os sais minerais são dissolvidos na água, se separam em partículas simples, eletricamente carregadas, denominados íons. Os sais minerais atuam ajudando não só o equilíbrio hidroeletrolítico, também o equilíbrio básico ou o pH. É fundamental para a vida que o organismo mantenha cuidadosamente seus fluidos dentro de uma constante e estreita faixa de pH. As proteínas e muitos sais minerais do organismo auxiliam na prevenção de modificações desse equilíbrio, ajudados pelos rins, pulmões, permitindo que se realizem todos os outros processos vitais.
Os Sais Minerais são nutrientes inorgânicos que entram na constituição dos seres vivos, no homem e nos animais, em teores consideráveis. Têm função plástica e reguladora dos organismos. Sua necessidade se faz sentir no período de crescimento do indivíduo, ainda no útero materno, concorrendo para a formação do arcabouço ósseo, constituição dos tecidos cartilaginosos e de sustentação, também na formação dos órgãos internos, medula óssea, glóbulos vermelhos. O adulto precisa de cerca de 25g de minerais para compensar as perdas diárias.
Os sais podem ser encontrados de três formas no organismo: dissolvidos no corpo na forma de íons; em cristais como os carbonatos e fosfatos de cálcio nos ossos ou associados a moléculas orgânicas, como o ferro na  hemoglobina; magnésio na clorofila e o cobalto na vit. B12.
No corpo humano há cerca de 4% de minerais, sendo que alguns deles como  cálcio (1,5%),  fósforo (1,5%),  enxofre,  potássio,  sódio,  cloro,  magnésio são necessários ao nosso organismo em quantidades relativamente grandes: são os macronutrientes ou macrominerais. São considerados micronutrientes ou oligominerais os sais necessários, porém em teores mais baixos: ferro, iodo, bromo, ferro, manganês, zinco, traços de cobre, alumínio, silício, boro, flúor, selênio, cobalto, silicone.
Além de tomarem parte na constituição íntima dos tecidos, esses nutrientes exercem funções, interagindo direta ou indiretamente nas funções vitais, como a respiração e a fotossíntese.
Cada um com suas propriedades químicas distintas com cargas e afinidades moleculares particulares, foram durante milhões de anos se organizando não só na formação física, também compartilhando no complexo arranjo biológico. Suas principais funções são: estabelecer o equilíbrio físico-químico, estimular as funções glandulares, regular o ritmo cardíaco, a respiração, a digestão. Sua carência acarreta sérios transtornos para a saúde.
Estes são os mais importantes, porquanto indispensáveis:
1 – Cálcio – É o mineral mais abundante no organismo. Praticamente 99% é armazenado nos ossos onde desempenham importantes funções durante o processo de calcificação e manutenção óssea,  compondo a estruturação dos dentes. O cálcio funciona como um reservatório capaz de liberar o sal para os fluidos orgânicos, mesmo que ocorra uma leve queda na sua concentração sérica. Os minerais dos ossos permanecem em fluxo constante, concentrando-se e dissolvendo-se constantemente.  O cálcio aliado ao fósforo é imprescindível para a formação óssea, sob a forma de fosfato de cálcio que se cristalizam sobre uma matriz orgânica composta pela proteína do colágeno. O mesmo ocorre na formação dos dentes. Se os minerais são retirados para cobrir déficits, em outra parte do corpo, os ossos ficarão mais frágeis, havendo probabilidade de curvar-se na infância ou fraturar-se em pequenos pedaços. Mesmo em quantidade mínima nos fluidos orgânicos (1%) que preenchem e banham as células, o cálcio atua na condução dos impulsos nervosos e na contração muscular, regula os batimentos cardíacos, auxiliando a pressão arterial; contribui para manter o equilíbrio do ferro no organismo; intervém, na coagulação sanguínea, para formação do cimento intercelular, aumentando o consumo de oxigênio; permite a secreção de enzimas digestivas e neurotransmissoras. Retarda a fadiga e influi na ação do lab-fermento.
As células necessitam ter acesso contínuo ao cálcio que é regulado  não só pela  ingestão diária, mas por hormônios que são sensíveis às concentrações de cálcio sanguíneo. Quando essa reposição não é feita satisfatoriamente, há perda óssea na fase adulta, com desenvolvimento de ossos frágeis, resultando na osteoporose. Um adulto necessita de 0,7 a 0,8g ou 0,01/kg do indivíduo. A osteoporose assim como o raquitismo  podem ser evitados pela ingestão de altas taxas  cálcio na infância
Alimentos com os mais elevados teores de cálcio: leite e seus derivados (ricota, queijo parmesão, iogurte); amêndoa, avelã, polpa de buriti, caju, castanha do Pará, coco, salmão, figo seco, sardinha, tofu, gema de ovo, jenipapo, groselha preta, vegetais verde-escuro, como a couve cozida, brócolis fresco e cozido; quiabo, feijão fradinho, soja, grão de bico.
2 – Fósforo – É o segundo alimento mais abundante do organismo. Em combinação com o cálcio, concorre para a formação de cristais dos ossos e dos dentes; intervém no mecanismo regulador do equilíbrio ácido-básico e combinado com o cálcio influencia, também, na reprodução e na lactação, auxiliando a  manutenção  óssea. Esse mineral está presente na composição das moléculas de DNA, RNA e ATP, o material genético das células. No metabolismo de nutrientes energéticos, os compostos de fósforo, transportam, estocam e liberam  energia além de auxiliar a extrair muitas enzimas e vitaminas dos nutrientes. O fósforo faz parte das moléculas dos fosfolipídeos, lipídeos componentes da membrana celular. Integra a composição de algumas proteínas, também participa  do crescimento e renovação dos tecidos. O organismo adulto precisa de 1,30g/dia ou 0,02g/kg de peso do indivíduo. São desconhecidas deficiências de fósforo.
Alimentos ricos em Fósforo: levedo de cerveja, leite, queijo, feijão branco, salmão, filé mignon, amêndoas como avelã, castanhas de caju e do Pará, nozes, amendoim torrado, cereais como aveia, centeio, grão de bico, lentilha, trigo integral, pera seca, coco, carnes em geral e legumes.
3 – Sódio – O sal tem sido conhecido desde o início da civilização. Segundo a Bíblia “vocês são o sal da terra”, isto é, pessoa valiosa. Também a palavra salário vem de sal. Principal componente do cloreto de sódio ou sal de cozinha, o sódio é o íon mais importante para manter o volume do fluido extracelular, auxiliando, também, na manutenção do equilíbrio ácido-básico; é essencial para a contração muscular e transmissão nervosa ou difusão dos impulsos nervosos. A deficiência de sal pode ser prejudicial, entretanto o excesso agrava a hipertensão e consequente hemorragia cerebral e outras doenças cárdio-vasculares. Os alimentos geralmente incluem mais sal que o necessário e o organismo o absorve livremente. Os rins filtram o excesso do sangue, excretado através da urina e na transpiração, entretanto é reposto durante o dia com alimentos comuns, principalmente os processados que devem ser controlados na nossa alimentação. O teor de sal excretado pelo organismo é igual à quantidade ingerida, seguindo uma dieta controlada.
 Principais fontes: o sal de cozinha assim como as algas marinhas. Os alimentos processados, devem ser controlados ou até mesmo evitados pelas altas concentrações de cloreto de sódio: sopas instantâneas e enlatadas, queijos, principalmente os industrializados, cubos de caldo de carne e outros, mostarda, ketchup e todos os molhos temperados; pizzas, nuggets, asas de frango, peixes em pedaços. Biscoitos salgados, canapés, pipocas salgadas, peixes secos e enlatados, peixes e camarões secos; carnes assadas e defumadas; churrascos; embutidos como linguiça, bacon, mortadela, salsicha, presunto; alimentos conservados em salmoura, como azeitonas, picles, chucrute, enfim, todos os alimentos enlatados e os servidos em fast-foods.
4 – Magnésio – pouco presente em nosso organismo, cerca de 28% numa pessoa com 60kg, estando mais da metade nos ossos. Também encontrado nos músculos, coração, fígado e outros tecidos moles. Apenas 1% é encontrado nos fluidos corporais. Grande parte está presente nos ossos, de onde pode ser retirado para todas as células a fim de ser utilizado na síntese proteica e utilização de energia. Importante para a manutenção de várias funções celulares. Auxilia a atividade de mais de trezentas enzimas, sendo essencial para a liberação e utilização de energia proveniente dos nutrientes; também afeta o metabolismo do potássio, do cálcio e da Vit. D. Atua nas células de todos os tecidos moles, onde faz parte do mecanismo de síntese proteica e é necessário para liberar energia. O magnésio participa, juntamente com o cálcio da contração e do relaxamento muscular: o cálcio promove a contração e o magnésio ajuda os músculos a relaxarem mais tarde, de modo que ambos são essenciais ao processo. Nos dentes, o magnésio promove resistência à deterioração fixando o cálcio no esmalte. Em síntese o magnésio é fundamental para o funcionamento normal dos nervos e músculos, ajudando a contração muscular do metabolismo energético. Presente na molécula da clorofila proporciona a captação da luminosidade.
A deficiência de magnésio torna o coração incapaz de impedir seus próprios espasmos, uma vez iniciados. Por outro lado a sua carência pode estar relacionada às doenças cardio-vasculares, ataques cardíacos e aumento da pressão arterial. A toxicidade é relatada com mais frequência em indivíduos idosos, que abusam de laxativos (leite de magnésio) e outros medicamentos que contém magnésio, refletindo-se com diarreia, desequilíbrio ácido-básico, disfunção renal, falta de coordenação, confusão mental, coma e até morte, por parada cardíaca.
Alimentos ricos em magnésio: ostra, farelos de cereais integrais, nozes, legumes, vegetais verdes, principalmente espinafre, carnes, ovos, feijão preto, leite de soja, iogurte, frutas como a banana, abacate.
5 – Ferro – Presente em todas as células vivas, numa taxa por volta de 4%. A maior parte do ferro no organismo está ligada a duas proteínas: hemoglobina nas hemácias e mioglobina nas células dos músculos. A hemoglobina transporta o oxigênio por todo o corpo e pelo sangue, dos pulmões até os tecidos, constituindo o ferro de circulação; a mioglobina transporta e armazena o oxigênio para os músculos; esta última constitui o ferro de reserva, no fígado, baço e medula óssea. A meia vida das hemácias dura 3 a 4 meses. Quando elas morrem o baço e o fígado as degradam, recuperam o ferro e o mandam de volta à medula óssea para serem sintetizadas novamente. Todas as células do organismo necessitam de oxigênio para auxiliá-las no controle da liberação dos átomos de carbono e hidrogênio, gerados da degradação de nutrientes para a formação de energia. O oxigênio combina-se com esses átomos para formar os produtos de degradação, dióxido de carbono e água; desse modo o organismo precisa constantemente de oxigênio e nutrientes para manter as células em atividade. As células consomem e depois excretam o oxigênio e as células vermelhas do sangue atuam como ponte, intermediando a metabolização tecidual e os pulmões.  Além disso, auxilia muitas enzimas nas vias energéticas a usarem o oxigênio. Também é essencial para síntese de novas células, aminoácidos, hormônios e neurotransmissores. Um adulto necessita de uma quota de 12 mg por dia. A carência de ferro leva à anemia.
Principais fontes de ferro: vegetais verdes como acelga, espinafre, cereais enriquecidos, trigo, aveia, soja, feijão branco, moluscos, aveia, castanha do Pará, coco, melado, laticínios, gema de ovo, açaí ou juçara, fígado e carne bovina.
6 – Potássio – participa da osmo-regulação e está presente na formação dos fosfolipideos da membrana plasmática. Participa, também, dos impulsos nervosos, influenciando a contração muscular.
Principais fontes de potássio: frutas (melão, melancia, abacate, pêssego, ameixa, damasco, bananas, suco de laranja); tubérculos (batata inglesa, doce, amendoim); amêndoas, soja, fava branca, suco de tomate, beterraba, legumes verdes (acelga, espinafre); sementes de abóbora, melado, leite e iogurte desnatado; peixes ( salmão, arenque, cavalinha).
7 – Cloro e encontrado no líquido extra-celular, age  com o sódio e ajuda o equilíbrio ácido-básico e o pH sanguíneo. O cloro quando ionizado com o sódio, formando o cloreto de sódio, mantém a pressão osmótica dos líquidos. O ion cloreto também desenvolve um papel importante como parte do ácido clorídrico contido no suco gástrico, que acarreta a acidez necessária  para a digestão dos alimentos e até das enzimas. O íon cloreto é o sal negativo em maior quantidade no corpo. Em fluidos extra-celulares ele acompanha o sódio; nas células ocorre a associação com o potássio. Assim ele auxilia a manter o equilíbrio crucial dos fluidos (ácido-básico e eletrolítico) A sua carência produz a alcalose metabólica.
Principais fontes:  sal de cozinha, frutos do mar, leite, carne e ovos.
8 -  Cobre – uma das mais importantes funções desse mineral  é ajudar a formar a hemoglobina e o colágeno. Muitas enzimas dependem do cobre para o transporte de oxigênio. Participa das principais reações de liberação de energia, atuando, também, com as proteínas para regular a atividade de certos genes. Importante na formação da melanina, pigmento que dá cor à pele. É um dos componentes das enzimas da respiração celular, pois uma enzima cobre-dependente controla o prejuízo da atividade dos radicais livres nos tecidos. A deficiência de cobre no organismo, embora rara,  prejudica a imunidade e o fluxo sanguíneo através das artérias.
Principais fontes: fígado e outras vísceras, carnes, frutos do mar, feijão, ovos, trigo integral, sementes.
9 – Iodo – é necessário pelo organismo em dose mínima, mas seu principal papel na nutrição humana acontece pela obtenção dessa quantidade crítica. O iodo faz parte da tiroxina, hormônio responsável pela regulação da taxa metabólica basal. Quando as taxas de iodo estão muito baixas, as células da glândula tireoide aumentam na tentativa de capturar o máximo possível das suas partículas, ensejando o aumento dessa glândula, causando o bócio.
Fontes de iodo; sal de cozinha enriquecido com iodo, laticínios, produtos de panificação e frutos do mar. Tóxico em grandes quantidades.
10 – Flúor – não é essencial para a vida, mas na dieta ele é benéfico, proporcionando a formação de dentes e ossos devido a sua capacidade de inibir o desenvolvimento de cáries dentárias. Somente uma pequena porção está presente no organismo, mas em baixo teor os depósitos cristalinos nos ossos e dentes são maiores e mais perfeitamente formados; quando associado ao fosfato torna os dentes mais resistentes, protegendo-os da ação corrosiva dos ácidos, formando uma película protetora – a fluorapatita – que previne as cáries.
Fonte: presente em baixa concentração nos alimentos e adicionado à água potável (água fluoretada). Altas doses são tóxicas.
11 – Manganês – atua com inúmeras e diferentes enzimas  em diferentes processos corporais a regulação de diversas reações químicas. Papel fundamental na incorporação de cálcio nos ossos, prevenindo a osteoporose. Esse sal, em combinação com o cálcio atenua problemas menstruais. Associado ao boro impede a perda de cálcio que fortalece os ossos.
Principais fontes: cereais como aveia, trigo integral, nozes, vegetais verdes, espinafre, chá,  feijão, gema de ovo e frutas, como o abacaxi.
12 – Selênio – descobertas as suas funções no organismo humano em 1979. Importante antioxidante da enzima que protege as células contra os efeitos dos radicais livres, durante o metabolismo do oxigênio. Ajuda um grupo de enzimas que, em conjunto com a Vit E, atuam para prevenir a formação de radicais livres, da anemia e da esterilidade. Essencial, também, para o funcionamento normal do sistema imunológico e hormonal. Entre as descobertas recentes está a que ele desempenha papel importante na ativação do hormônio da tireoide, o hormônio que regula a taxa do metabolismo corporal. A deficiência induz à doença cardíaca.
Principais fontes: carnes, frutos do mar (ostras, moluscos), vegetais, grãos, castanha do Pará, trigo úmido, atum, sementes de girassol torradas, ostra cozida, fígado de galinha, farinha de trigo integral,  alho, miúdos de aves e bovinos. A maioria das frutas e legumes possui baixo teor de selênio. Ingerido como suplemento causa toxicidade.
13 – Zinco – É o mineral mais importante na síntese de DNA e RNA. Também importante para a saúde da pele, apressando a cicatrização de feridas; fundamental no sistema imunológico, assim como na síntese proteica, metabolismo de carboidratos e lipídios e no metabolismo energético. Também sintetiza o heme da hemoglobina, ajuda o pâncreas em sua função digestiva, libera a Vit A do estoque no fígado e desfaz-se dos danos dos radicais livres. A sua carência afeta o desempenho sexual, a produção de insulina e do hormônio do crescimento, manifestando-se pela perda de apetite e do paladar, atraso no desenvolvimento das crianças, repercutindo no sistema imunológico, refletindo-se, também, na perda da libido ou total impotência, dificuldade na cicatrização de lesões da pele, queda  de cabelo, cegueira noturna, diarreia. Nas crianças a sua deficiência causa retardo no crescimento e imaturidade sexual. Não se conhecem os locais de armazenamento de zinco no organismo, daí a necessidade de reposição regularmente.
Principais fontes: alimentos animais: ostra crua e defumada, caranguejo, carne assada, fígado de boi, carne escura de peru; também, sementes de abóbora, amêndoas, amendoim, Cereais como sucrilhos tem cerca de 4mg de zinco, por porção.
14 – Enxofre – Não é utilizado pelo corpo como nutriente, mas assume caráter fundamental, além de auxiliar na formação de vitaminas, proteínas e coágulos sanguíneos e outros nutrientes essenciais que o corpo  emprega, tal como a tiamina e todas as proteínas. O enxofre desenvolve seu papel mais importante auxiliando as cadeias de proteínas a assumirem um estado funcional. A sua carência desencadeia depressão, neurites, diminui o brilho da pele e causa um odor desagradável na saliva. A sua função é plástica, participando da recuperação e construção dos tecidos e células. Participa da formação do colágeno, substância importante para formação e manutenção da pele, do tecido conjuntivo e dos ossos. Age, também, no processo de transferência de energia e combate micróbios e parasitos.
Principais fontes: carnes, peixes, ovos, feijão, repolho, brócolis, cebola, alho, germe de trigo.
15 – Cromo – Atua juntamente com a insulina para regular e liberar energia a partir da glicose; intervém em certas reações do metabolismo dos açúcares e das gorduras, agindo como co-fator com a insulina para regularizar a utilização da glicose. Diminui o colesterol, evita as doenças do coração e na diabetes potencializa a ação da insulina. Quando o cromo está deficiente, a ação da insulina fica prejudicada, resultando em diabetes, condição de alta concentração de glicose sanguínea. Presente em pequena quantidade no organismo. O cromo derivado dos alimentos é encontrado complexado a outros compostos que são facilmente controlados e usados pelo organismo.
Principais fontes: castanha, grãos, cereais como trigo integral, aveia, nozes, levedo de cerveja, pimenta malagueta, maçã, banana, leguminosas, cenoura, fígado,  carne vermelha, frango, batata,  ostra e queijo.
16 – Boro – muito importante na energia física e no desenvolvimento dos ossos. Afeta a atividade elétrica do cérebro. Uma alimentação carente de boro pode aumentar  a suscetibilidade à osteoporose pelo seu efeito no metabolismo do cálcio.
Principais fontes: água, frutas não cítricas como maçãs, peras, pêssegos, uvas, legumes como brócolis, castanha, grãos, nozes, amendoim e cereais.
17 – Níquel – importante para a saúde de muitos tecidos corporais; sua deficiência prejudica o fígado e outros órgãos.
18 – Silicone – envolvido na calcificação óssea dos animais.
19 – Cobalto – mineral na molécula da Vit. B12 ou cobalamina.
20 – Molibdênio – faz parte na composição de várias metaloenzimas.