PARTE II - FORMAÇÃO DA COMPANHIA DE JESUS
Inácio agrupou ao seu redor sete estudantes, idealistas como ele, com o intuito de catequisar os muçulmanos na Palestina, dentre eles: Francisco Xavier, Pedro Fabro, Nicolás de Bobadilha, Lejay Broet, Diego Lainez, Afonso Salmerón, espanhóis e o português Simão Rodrigues. Encontravam-se na Capela dos Mártires ou Cripta de Saint Denis, na Igreja de Santa Maria na colina de Montmartre, onde planejaram a criação de uma organização para desenvolver serviços de acompanhamento hospitalar e missionário, em Jerusalém ou servir onde o Papa determinasse, sem discussões, fazendo para isso, votos de pobreza e obediência. Há controvérsias em relação à data de fundação da Sociedade de Jesus – Societas Iesu. Alguns autores dizem ter sido formada no dia 15 de agosto de 1534.
Na companhia de Fabro e Laynez viajou para Roma para tentar uma audiência com o Papa para pedir a sua autorização. O Padre Tomás Badia, Mestre do Sacro Palácio examinou todos os documentos apresentados pelo Padre Inácio, dando a sua aprovação, apesar da relutância da congregação de Cardeais.
Inicialmente Francisco Xavier e Bobadilha foram para Bolonha; Simão Rodrigues e Lejay para Ferrara e Salmeron para Sion; Codure e Hoces para Pádua.
Outros jesuítas estabeleceram-se nos arredores de Roma onde pregavam em igrejas e praças e pediam esmolas, levantando novas suspeitas de que seriam fugitivos da Inquisição espanhola. Através do Cardeal Cantarini conseguiu a esperada audiência com o Pontífice Paulo III, em 27 de setembro de 1540, que confirmou a nova Ordem através da Bula Regimi militantes Ecclesiae, limitando a 60 o número de professos. O Papa também autorizou que os membros fossem ordenados padres, em Veneza, pelo Bispo de Arbe, em 24 de junho do ano seguinte.
Com 10 integrantes, o Padre Inácio fundou a Companhia de Jesus, em 1540, embora já estivesse ordenado desde 1537, com a finalidade precípua de combater o protestantismo, reconquistar antigos fieis e catequizar os gentios, encontrados nas terras recém-descobertas ao mundo pelos navegantes ibéricos. O seu grande princípio tornou-se o lema Ad maiorem Dei gloriam. Escreveu as constituições jesuíticas adotadas em 1554 que deram origem a uma organização rigidamente disciplinada, com inspiração militar, uma autêntica milícia a serviço de Cristo.
O projeto inicial de ir para Jerusalém com todo o grupo não se concretizou, pois o Bispo de Arbe, aconselhou-os a desistirem da viagem devido às animosidades ainda acirradas entre a Igreja Católica e os turcos otomanos.
Em 1543 foi autorizado o aumento do número de professos, através da Bula Injuctum Nobis.
O símbolo da Companhia escolhido era IHS, abreviação do nome de Jesus, em grego ou da escrita latina do nome como era grafado na Idade Média: trata-se de um trigrama cristológico publicado no século XIV pelo pregador São Bernardino de Sena. No século XVI retornou com o significado de Jesus Habemus Socium (Temos Jesus como companheiro). O Padre Inácio usava essa logmarca no cabeçalho de suas principais cartas e escritos.
A Companhia é constituída por um órgão superior – Congregação Geral – da qual tomam parte todos os Superiores eleitos por suas Províncias; os Assistentes são eleitos pelas Províncias, de acordo com o critério geográfico e linguístico; os Superiores de cada Província governam as suas casas e cada casa tem um Superior Geral, chamados nos Colégios de Reitor. O cargo de Superior Geral é vitalício.
Congregação nova e diferente das demais conhecidas foi fundada em plena tempestade da ofensiva reformista e seus membros, escolhidos pessoalmente por Inácio, animados por um ardente zelo apostólico e ligados entre sí por uma rigorosa disciplina, lançaram-se em defesa da Igreja Católica, dispersando-se pelo continente europeu, em missões de combate à heresia, à propagação da fé e à catequese dos infiéis. Em pouco tempo, conquistaram grande projeção na hierarquia das Ordens Religiosas.
Agrupando os mais insignes humanistas dotados de uma expressiva cultura literária e religiosa, eram pregadores capacitados, intelectuais poderosos, procurados para dirimir questões diplomáticas, tornando-se indispensáveis aos governos.
Desde 1550 quando o Padre Inácio adotou o plano de campanha rigorosamente militar, aplicado a partir de 1573, com as modificações introduzidas por Gregório VIII, as instituições inacianas adquiriram caráter de uma ordem militante anti -reformista, passando, definitivamente para o primeiro plano de suas atividades, a função educadora e o combate ao protestantismo.
Excelentes professores e em pouco tempo abriram escolas que receberam as mais eminentes figuras das cortes europeias, distinguindo-se principalmente no ensino da Matemática, Mecânica e Astronomia.
O Padre Francisco Xavier encarregado de ir para a Índia, era basco como o Padre Inácio, iniciando a sua cruzada cristã em 1542, entre pescadores de pérolas da costa indiana. Sete anos depois, a bordo de um navio mercante foi para Kagoshima, no sul do Japão, aprendendo rapidamente o idioma local. Em dois anos já havia conquistado dois mil seguidores, elevando nos anos seguintes para cento e cinquenta mil.
PARTE III – MORTE, BEATIFICAÇÃO E CANONIZAÇÃO
Eleito o primeiro Superior da Ordem, o Padre Inácio morreu aos 65 anos de idade, no dia 31 de julho de 1556, após chefiar os Jesuitas por dezessete anos. Foi beatificado em 1609 por Paulo V e canonizado em 12 de março de 1622, por Gregório XV. No mesmo documento foram canonizados, São Francisco Xavier, São Felipe Neri e Santa Teresa d’Ávila. Na Bula de Canonização foi reconhecido “como tendo uma alma maior do que muitas famílias”.
Em 1922, após ser eleito, o Papa Pio XI constituiu Santo Inácio Celestial Patrono de todos os exercícios espirituais, de todas as instituições e congregações de qualquer classe. Em seu Jubileu sacerdotal, em 1929, editou a Encíclica Mens nostra sobre Exercícios Espirituais. Os retiros inacianos inicialmente eram realizados na primeira semana do Advento; com Paulo VI essa data foi transferida para a primeira semana da Quaresma.
Apesar das informações contrárias de Villoslada (1992) de que Iñigo nunca foi militar, segundo outros pesquisadores, fora Comandante de uma Companhia de Infantaria no cerco de Pamplona, sendo considerado o Padroeiro da Infantaria, a arma dos esforços prolongados e dos supremos sacrifícios.
PARTE IV – ESCRITOS DEIXADOS POR SANTO INÁCIO
Poema em honra de São Pedro, escrito antes da sua conversão. Esse escrito desapareceu.
Em Loyola escreveu um livro de 300 folhas, também desaparecido.
Tratado sobre a Santíssima Trindade, conforme informação do Pe. Laynez. Também sumido.
Exercícios Espirituais - livro que teve mais influência na transformação das pessoas e estruturas nas mais diversas partes do mundo.
Relatório de sua viagem à Terra Santa. Também extraviado.
Dois breves Diretórios de Exercícios.
Deliberação dos primeiros companheiros (reunião em 1539).
A Fórmula do Instituto, apresentado a Paulo III em 1539.
Relação de sua eleição como Geral da Companhia – 1541
Deliberação sobre a pobreza.
Diário Espiritual conservado apenas de 2 de fevereiro de 1554 a 27 de fevereiro de 1545.
Diversas regras.
Cartas e instruções –ainda se conservam cerca de sete mil delas.
Autobiografia ditada entre 1553-55 ao Padre Gonçalves da Câmara, constando de sua experiência espiritual, distribuída em cópias manuscritas, após a morte do Padre Inácio. Entretanto o Padre Francisco, terceiro Provincial Jesuita encarregou o Padre Ribadeneira escrever uma biografia, proibindo a leitura e divulgação do texto autobiográfico. Somente em 1929, referido texto foi resgatado e publicado em vários idiomas.
PARTE V - OBRAS CRIADAS PELO PADRE INÁCIO
PARTE V - OBRAS CRIADAS PELO PADRE INÁCIO
- Casa de Santa Marta, para acolher prostitutas e outra instituição para donzelas pobres e órfãs.
- Colégio Romano, em 1551 que viria a ser a atual Pontifícia Universidade Gregoriana. Com o advento do Papa Paulo IV, desfavorável ao Padre Inácio, a obra passou por muitas privações econômicas, sanadas no Pontificado de Gregório XIII, vinte e cinco anos após a morte do seu criador.
- A Companhia de Jesus, a sua obra mais importante, cujo princípio Ad maiorem Dei gloriam, tornou-se o lema dos Jesuitas; também passou por grandes adversidades, pois sem renda fixa era mantida por doações. O estilo da nova Ordem despertava suspeitas, a ponto de ser considerada perigosa pela Universidade de Paris. Longe de esmorecer, o Padre Inácio manteve-se firme, decidido e a Ordem apresenta-se até os dias atuais, como um caminho para Deus: Via quaedam ad Deum.
PARTE VI – BULAS, ENCÍCLICAS, BREVES
Bula Regimis militantes Ecclesiae – Paulo III, em 27 de setembro de 1540, oficializando a Companhia de Jesus, limitando a sessenta, o número de professos.
Supressão – 1760 por Pio VII
Breve Dominus ac Redemptor de 21 de julho de 1772, pelo qual Clemente XIV extinguiu a Ordem em toda a Cristandade, acatando as ordens dos monarcas de Portugal e da Espanha.
Breve de Pio VI de 12 de março de 1783, reconhecimento de um Noviciado na Polônia, assegurando a sobrevivência da Ordem.
Breve Sollicitudo omnium, de 7 de agosto de 1814, restituindo à Companhia de Jesus personalidade canônica e jurídica da Igreja.
PARTE VII – SITUAÇÃO ATUAL DA COMPANHIA
Atualmente a Companhia de Jesus constitui a maior Ordem Religiosa do mundo com cerca de 30 mil sacerdotes, 500 Universidades e Colégios e 200 mil estudantes anuais.
No dia 13 de março de 2013, 473 anos após a fundação da Companhia foi eleito o primeiro Papa jesuíta, o Padre JJorge Mário Bergoglio, Arcebispo de Buenos Aires e Cardeal presbítero, de nacionalidade argentina, com o nome de Papa Francisco I, aos 77 anos de idade. Também o Papa Francisco foi o primeiro Pontífice não europeu em mais de 1.200 anos. Por esse motivo a logomarca da Companhia foi mudada.
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