Em quase todos os textos publicados neste Blog, resultantes de
pesquisas bibliográficas e de consultas a sites do Google e do Bing, tenho mencionado alcaloides, essas substâncias que
tanto podem alimentar, curar, viciar e até matar.
Como o próximo texto é sobre um tema
que nos diz respeito muito de perto, por fazer parte da primeira refeição praticamente em todo o mundo -o Café que tem como princípio ativo, a cafeína que é um alcaloide, achei necessária
uma explicação “en passant”.
Os Alcaloides (= semelhantes aos álcalis) são princípios ativos de
caráter básico com diversas aplicações. Esses compostos químicos, contém em sua
base unicamente os elementos nitrogênio, carbono, oxigênio e hidrogênio e se
diversificam quanto à estrutura química, atividade biológica e origem
biossintética. Derivam geralmente de plantas, conferindo-lhes um sabor amargo,
tanto nas folhas como nas flores; podem, também ser isolados de bactérias,
fungos e de animais onde são
sintetizados.
O seu nome é acrescido do sufixo ina, e são fármacos naturais. Assim
temos cafeína, nicotina, cocaína, pilocarpina, codeína, denominados, geralmente
por seus efeitos como a morfina e a emetina, outras de acordo com a origem
ou nome da planta, como a cocaína, pilocarpina.
Classificam-se em naturais ou
verdadeiros como o THC, prota-alcaloide como a cocaína e pseudoalcaloides derivados dos terpenos e não aminoácidos
como a cafeína. São sólidos brancos
à exceção da nicotina e podem
existir em estado livre ou como sais ou óxidos. Eles também, correspondem aos
princípios terapêuticos como
analgésicos, anestésicos, psicomotores e neurotransmissores.
Os alcaloides mais conhecidos são: cafeína (na verdade uma xantina que é
um pseudo-alcaloide; atropina, nicotina, pilocarpina, papaverina,
codeína, morfina, heroína, cocaína, efedrinas, estricnina, conina, psilocibina, cochicina, capsaicina, almíscar, tanino e rhynchochophylina, vincristina.
HISTÓRICO
Conhecidos desde a época dos
alquimistas que dominavam as propriedades e atributos desses compostos, tanto
que o efeito medicinal do uso de plantas é devido à ação desses elementos como
os que estão presentes no organismo, em virtude de sua semelhança com proteínas
e ácidos nucleicos. Na Antiguidade eram usados como estimulantes, drogas e
medicamentos (analgésicos), sendo difundidos no século XIX, quando passaram a
ser isolados por químicos, baseados em conhecimentos antigos de que os extratos
brutos eram eficientes remédios ou venenos.
Os cientistas acreditam que a sua
presença em plantas e animais funciona como mecanismo de defesa contra predadores, sistema de armazenamento de
proteínas, proteção contra os raios UV. Agentes de desintoxicação e biossíntese
de moléculas vitais. Também, como aminoácidos e proteinas.
Em 1806 o farmacêutico e químico
Friederick Wilhelm Seturner, isolou o ópio da papoula, denominando-o morfina, pela sua notável propriedade
sedativa.
Em 1810 o médico português Bernardino
Antônio Gomes isolou da cinchona (quina)
uma substância que chamou cinchonina.
Anos depois o químico e farmacêutico
francês Pierre-Joseph Pelletier isolou outros alcaloides como a quinina, a cinchonina, a estricnina,
a conchicina e a veratrina.
Em 1840 a maior parte dos alcaloides já
fora isolada e identificada, sobressaindo-se, além das referidas, a piperina (pimenta do reino), a cafeína
(café), a conina ou cicutina (cicuta), a atropina (beladona), a codeína e a tebaina (ópio), a hiociamina (meimendro), a emetina (ipecacuanha), a curanina (curare) e a aconitina (acônito), a pilocarpina (jaborandi).
Além dessas plantas outros alcaloides
estão presentes em diversos vegetais como o Angico do cerrado, do qual se
extrai um alucinógeno e hipnótico; o jaborandi donde se consegue a pilocarpina, cujas folhas já eram
conhecidas pelos índios Tupi-Guaraní, pelas suas propriedades sudoréticas e,
atualmente usada como colírio, em casos de glaucoma. As peleterinas, que receberam esse nome em homenagem a Pelletier, são
isoladas das granadas. Da papoula, nativa do hemisfério norte se extrai a papaverina totalmente venenosa, exceto
as sementes. As folhas da coca possuem
14 alcaloides, sendo o principal a cocaína.
A maior parte dos alcaloides, substâncias
compostas de azoto, de estrutura muito complexa, são encontradas em algumas
espécies de plantas nativas, geralmente de regiões tropicais e subtropicais,
combinadas com ácidos orgânicos, em forma de sais cristalinos, brancos,
quantificados por espectometria; são fisiologicamente ativos nos vertebrados,
podendo ser tóxicos e venenosos.
O almíscar é retirado das glândulas de cervos almiscarados; do sapo extrai-se
um alcaloide altamente tóxico: a allopumiliotoxina
267 – A; os taninos e rhynchophilina de unha-de-gato; capsaicina da pimenta; vincristina
As estruturas dos alcaloides podem
derivar de compostos como as de
Piperidina – piridina – quinolina – pirrolidina – isoquinolina – imidazol –
terpeno – indol.
O indol tem mais de 500 compostos.
O imidazol entra na composição de
anti-histamínicos
A pirrodilina deriva-se da prolina
que constitui a hemoglobina.
As principais plantas onde os alcaloides
estão presentes, pertencem às famílias
das Apocynáceas, Papaveráceas, Ranunculáceas. Berberidáceas, Rubiáceas,
Solanáceas, porém as pesquisas se dirigem atualmente, para a família das
Rutáceas, pela grande variedade de alcaloides de interesse farmacológico.
CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS ALCALÓIDES
1 – Hidrossolúveis ou hidrosiláveis:
atropina., cocaína, codeína e morfina.
2 - Voláteis : conina e nicotina
3 – Quaternários: beberina, cloretos de tubocurarina.
4 – Fenólicos: cafeína.
5 – Reações com
alcaloides: Procaina que dá a cocaína Cloroquina que dá a quinina.
6 – Baixa basicidade: cafeína e colchicina
Alcalóides
extraídos do Esporão de Centeio
Do Ergot : ergotamina
(antienxaquecoso); ergometrina
(contração do útero) e dá origem à metilergometrina;
Diidroergotamina (vasodilatador,
antienxaquecoso); diidroergocristina
e nicergolina e codergocrina (dilatador periférico e cerebral); bromocriptina (antoparksiana).
Colchicina (antigotosa,
inibe inflamação reduz dores e inchaços)
Da Vinca; vincristina (leucemia infantil), vimblastina (diferentes linfomas) vinorelbina (antineoplásico).
Reserfrina da
Rauwolfia – reserpina
(anti-hipertensivo)
Alcaloide piridina – nicotina
(auxilia no tratamento do tabagismo).
Morfina
(analgésico opóide – age sobre os receptores do SNC, alterando a resposta emocional e a percepção da dor).
Da casca da Corynanthe yohimbe – loibrina (antiimpotência sexual).
Da Beladona – extrai-se a atropina antiespasmódico; atropina ciclopégico (antirrítmico e midriático).
De certos cogumelos – psilecibina.
Cocaina,
atropina, morfina e codeína.
Atropina –
isolado da beladona: usado como antiespasmódico e no tratamento do glaucoma.
Conina –
componente da cicuta: veneno. Volátil.
Nicotina –
retirado das folhas de fumo. Leva à dependência química volátil.
Quinoleina e Isoquinoleina
– regiões asiáticas– malária.
Piperidina e piridina – tratamento da nicotina, do
tétano, antimicrobiano, inseticida.
Terpenos – alucinógenos, como a cocaína; usada como sedativa,
antidepressiva.
E SOBRE A CAFEINA:
O QUE DIZEM OS PESQUISADORES?
Desde o século XVI quando o café foi
introduzido inicialmente nas farmácias, e em seguida nas casas de café da
Europa, os usuários ficaram maravilhados com
a sua capacidade de estimular o cérebro. Inicialmente foi considerado tão
poderoso e prejudicial para a
sensibilidade mental que apenas os médicos podiam utilizá-lo e alguns queriam
bani-lo do uso comum. Atualmente, no mundo inteiro, milhões de pessoas usam
café para se animarem e se sentirem melhor; seus efeitos semelhantes aos de uma
droga são incontestáveis.
Pesquisas feitas recentemente revelam
que ele é um estimulante diferente, inibindo as substâncias químicas cerebrais
ao invés de estimular a sua liberação. A cafeína
funciona devido a sua semelhança química casual
com a adenosina, secretada
pelas terminações nervosas, acoplando-se aos receptores cerebrais, mascarando e
substituindo a adenosina, impedindo
que deprima a atividade das células cerebrais. A cafeína contida em algumas xícaras pode anular a metade dos
receptores cerebrais da adenosina durante
algumas horas.
OPINIÕES FAVORÁVEIS
Todas as pessoas que usam a cafeína sabem que a droga psicoativa
mais utilizada no mundo tem o poder de melhorar o humor. Segundo os
especialistas, os benefícios recentemente descobertos da cafeína no humor tendem a explicar a razão pela qual as pessoas se
automedicam há tantos séculos, a fim de espantar a moleza nas manhãs, estimular
as tardes e as noites e, possivelmente aliviar o desânimo ou a depressão
crônica. As pessoas que dizem que uma xícara de café coloca um sorriso em seus
lábios estão falando a verdade. A cafeína
produz aumento das sensações de bem-estar, chegando, às vezes à euforia. As
pessoas dependentes da cafeína buscam automaticamente a quantidade certa da
substância que lhes proporcionam uma sensação de contentamento e reduz sua
ansiedade e necessidade de cafeína, aumenta
o desempenho mental, reduz o estresse, melhora o desempenho nas tarefas mentais
e reduz a fadiga. Após o almoço combate
a queda de desempenho comum, aumentando a vivacidade e a atenção
Se você tiver dúvida se é dependente
da cafeína, suspenda a ingestão de
café, chá, chocolate, refrigerantes por alguns dias; cansaço, dor de cabeça,
fadiga, são sinais clássicos de abstinência de cafeína.
Também foi constatado, através de
pesquisas, que em algumas pessoas a cafeína
age como sedante, concluindo que esses
indivíduos diferentes sofrem de uma condição rara e paradoxal na qual a cafeína os mantém em estado de
sonolência, ao invés de estimulá-los. Segundo os pesquisadores essas pessoas tem uma reação idiossincrática
à cafeína.
Felizmente não há necessidade de
consumir doses cada vez maiores para obter o efeito estimulante, bastando
ingerir diariamente uma xícara de café.
Ao contrário das drogas antidepressivas, a cafeína
não conduz a desastres evidentes, nem causa danos ao organismo se os
consumidores mantiverem o hábito de
tomar 3 a 4 xícaras diárias, pois altas doses podem ser prejudiciais à psique e
ao bem-estar.
OPINIÕES DESFAVORÁVEIS
Provavelmente não causará surpresa
aos leitores que a cafeína pela sua
grande influencia farmacológica sobre o cérebro é uma das maiores causas de
ansiedade. Para a maior parte dos consumidores, o café tomado sem exagero é uma droga segura que pode melhorar o
humor e o desempenho. Entretanto, para muitas pessoas, cujas células cerebrais
são particularmente sensíveis à cafeína,
o consumo acima da cota permitida pode provocar sintomas bem claros de doenças psiquiátricas. Doses elevadas podem
dominar os centros de ansiedade de pessoas aparentemente normais, dependendo da
capacidade individual de tolerância. Os sintomas mais frequentes da intoxicação
por cafeína são: nervosismo,
excitação, taquicardia, agitação psicomotora raciocínio e discursos desconexos.
Esses sintomas do cafeinismo são
basicamente indistinguíveis dos sintomas
da neurose da ansiedade. Às vezes esses sintomas se agravam com o uso de
tranquilizantes que os potencializam, chegando a problemas gástricos,
vertigens, tremores, episódios frequentes de diarreia, insônia e sintomas
persistentes para iniciar e manter sono.
A cafeína, também, predispõe os usuários ao distúrbio do pânico,
ataques frequentes de medos incapacitantes que podem conduzir à fobias
aterrororizantes. Por razões genéticas, o cérebro dessas pessoas, tem uma
estrutura diferente, tornando-as mais sensíveis à cafeína, resultante de
condição fisiológica distinta
É claro que a cafeína é apenas um entre os fatores a causar ataques de ansiedade e pânico, mas é o que pode
ser eliminado com mais facilidade, diminuindo gradativamente o número de
xícaras de café ingeridas
diariamente.
muito Bom parabéns excelente trabalho ótimas dicas
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