Aymoré Alvim - APLAC, IHGM.
Até o fim da segunda década do século XX, Pinheiro era um lugar pacato, a não ser pelas animosidades políticas, no período eleitoral, entre Conservadores e Liberais que de alguma forma, como relata Viveiros, J., intranqüilizavam o sossego dos pinheirenses, quebrando a monotonia que dominava o cotidiano da vila. Tais querelas chegavam a segregar algumas famílias em suas casas, enfraquecendo ou até mesmo rompendo laços de amizade e de parentesco.
As oportunidades que muitas famílias tinham para alguns momentos de congraçamento eram poucos e periódicos como o carnaval, a festa do Divino, as festas juninas, do padroeiro Santo Inácio e de Natal com as pastorais.
Mas, naquela época, no limiar da terceira década, Pinheiro experimenta uma grande mudança. Um conjunto de atividades e realizações começaram a ocorrer constituindo o início de um movimento que iria se estender até nossos dias, o “Movimento Cultural de 1920” ou “ Movimento Cultural Pinheirense” que foi a base do desenvolvimento cultural de Pinheiro que o tem distinguido, até hoje, como o centro cultural da Região onde está inserido
Tudo teve início com a reativação da Comarca e o retorno do Juiz Elizabetho Barbosa de Carvalho como seu titular. Coincidência ou não, ocorreu a elevação da Vila à categoria de cidade pela Lei nº 911 de 30 de março de 1920.
Vários nomes locais e procedentes de outros lugares, ao lado do Dr. Elizabeto, desencadearam o processo como Clodoaldo Cardoso, Carlos Humberto Reis, João Hermógenes de Matos, Othon Franco de Sá, Brasiliano Barróca, José Paulo Alvim, Antônio Pedro de Sousa, Alberto Serejo, Albino Paiva, Josias Abreu, Raimundo Silva, Domingos de Castro Perdigão Alcides Reis, George Gromwell, e as Senhoras Fausta Carvalho, Alice Soares, Dona Santa Cruz, Raimunda Nogueira que tiveram participação ativa na arrancada do Movimento.
O marco inicial foi a fundação em julho de 1920 da Loja Maçônica Renascimento e Pinheiro, nome bastante sugestivo face aos objetivos a que propunha de reunir pinheirenses, em laços fraternais, de forma a reduzir ou mesmo acabar as querelas políticas alimentadas por alguns.
Logo no ano seguinte, o Dr. Elizabetho, Clodoaldo Cardoso e Josias Abreu, com a ajuda financeira da família pinheirense, fundaram, em 25 de dezembro, o Jornal Cidade de Pinheiro, atualmente, o mais antigo em circulação, no Estado.
Oferecendo espaço para a produção intelectual e movimentos culturais, o jornal tem sido um instrumento de grande valor para a promoção do município e dos municípios circunvizinhos. Nessa mesma linha, José Alvim, em 1925, fundou “A Vanguarda” o segundo semanário a se integrar ao Movimento deflagrado, ampliando, assim, maior espaço na imprensa local e regional. A direção foi confiada ao jornalista George Gromwell.
Uma outra atividade constante da política de ação do Movimento foi a educacional. Em junho de 1921, o Dr. Elizabetho com outros companheiros fundou através do Sport Club Guarany uma Escola Noturna gratuita com 70 alunos de ambos os sexos. Logo no ano seguinte, em 1º de julho de 1922 era instalado o Instituto Pinheirense com os cursos de primeiras letras, primário e secundário também para ambos os sexos sob a direção do Dr. Elizabetho.
Ainda nessa década, o grupo tendo à frente a Maçonaria fundou em maio de 1925 a Escola Antônio Souza para crianças pobres. A Escola Normal foi um sonho realizado em 1925 e em fevereiro de 1927 era fundado o primeiro Grupo Escolar Estadual, em Pinheiro, em homenagem a Odorico Mendes.
O Movimento não se deteve aí. Tendo por sede provisória a residência do Capitão João Batista Soares, foi fundado em fevereiro de1925 a Sociedade Cívico-teatral recreativa Casino de Pinheiro. Era mais um ambiente de lazer e entretenimento posto à disposição dos pinheirenses com vista à sua promoção cultural.
Prezado Aymoré,
ResponderExcluirEstou sempre aprendendo sobre a História de Pinheiro por meio dos seus textos e dos de Moema.
Abraço fraterno,
João