MOEMA

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PAPIRUS DO EGITO

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

SAIS MINERAIS E VITAMINAS


                Há uns seis meses comecei a sentir um leve tremor no braço esquerdo que o deixava sem  firmeza para ajudar o direito nas suas tarefas cotidianas. Preocupada fui, por orientação do mano médico, a um dos mais competentes neurologistas da cidade. Três minutos depois saia com a requisição para vários exames, tais como eletroencefalograma e ultrassonografia das coronárias. Felizmente os meus temores de uma fase inicial do Mal de Parkinson, doença que já atingiu tios e primos, não se confirmaram. Encaminhada ao Endocrinologista, foram solicitados mais exames, inclusive ultrassonografia da tireoide, dosagem de vitamina B12 e outros testes os quais esqueci, para dosar hormônios, teor de magnésio. Esses exames foram realizados em São Paulo, acusando deficiência de vitaminas D e B12 e baixas taxas de magnésio, deixando-me exposta a uma doença coronariana. Dos quatro medicamentos solicitados um era o aspartato de magnésio enriquecido com Vitamina E ou tocoferol e ácido fólico que é a Vitamina C. Como é que posso estar com as taxas em tão baixo nível se como diariamente frutas ricas em Vit. C? E mais, B12 lá embaixo, também vitamina D! Para elevar seus níveis estou usando um suplemento de vit. D. Compulsei alguns compêndios sobre vitaminas e sais minerais para descobrir, com o auxílio de vocês, os males que me afligem.
 Em todos os textos publicados sobre frutas e alguns legumes, fazemos sempre referências  aos sais minerais e às vitaminas e algumas vezes, como na juçara dissemos até o teor de ferro encontrado. Mas o que são vitaminas e sais minerais, que papéis desempenham em nosso organismo e quais os alimentos que os possuem? O assunto é longo e demanda tempo para pesquisar e elaborar um texto fácil de ser entendido. Daí separarmos os assuntos em dois capítulos.                                        

                                                                  I – SAIS MINERAIS
Grande parte do peso da água em nosso organismo está contida no interior das células; o restante preenche os vasos sanguíneos. São necessárias provisões especiais para que as células não entrem em colapso quando sai ou que elas aumentem de volume quando uma quantidade excessiva entra. As células não podem regular a quantidade, pois elas passam através das membranas. No entanto elas podem bombear minerais através de suas membranas. Vários minerais formam sais que se dissolvem nos fluidos corporais; as células direcionam para onde os sais devem ir. Essas ações  por sua vez determinam para onde os fluidos devem circular, isso porque a água acompanha os sais.
Quando os sais minerais são dissolvidos na água, se separam em partículas simples, eletricamente carregadas, denominados íons. Os sais minerais atuam ajudando não só o equilíbrio hidroeletrolítico, também o equilíbrio básico ou o pH. É fundamental para a vida que o organismo mantenha cuidadosamente seus fluidos dentro de uma constante e estreita faixa de pH. As proteínas e muitos sais minerais do organismo auxiliam na prevenção de modificações desse equilíbrio, ajudados pelos rins, pulmões, permitindo que se realizem todos os outros processos vitais.
Os Sais Minerais são nutrientes inorgânicos que entram na constituição dos seres vivos, no homem e nos animais, em teores consideráveis. Têm função plástica e reguladora dos organismos. Sua necessidade se faz sentir no período de crescimento do indivíduo, ainda no útero materno, concorrendo para a formação do arcabouço ósseo, constituição dos tecidos cartilaginosos e de sustentação, também na formação dos órgãos internos, medula óssea, glóbulos vermelhos. O adulto precisa de cerca de 25g de minerais para compensar as perdas diárias.
Os sais podem ser encontrados de três formas no organismo: dissolvidos no corpo na forma de íons; em cristais como os carbonatos e fosfatos de cálcio nos ossos ou associados a moléculas orgânicas, como o ferro na  hemoglobina; magnésio na clorofila e o cobalto na vit. B12.
No corpo humano há cerca de 4% de minerais, sendo que alguns deles como  cálcio (1,5%),  fósforo (1,5%),  enxofre,  potássio,  sódio,  cloro,  magnésio são necessários ao nosso organismo em quantidades relativamente grandes: são os macronutrientes ou macrominerais. São considerados micronutrientes ou oligominerais os sais necessários, porém em teores mais baixos: ferro, iodo, bromo, ferro, manganês, zinco, traços de cobre, alumínio, silício, boro, flúor, selênio, cobalto, silicone.
Além de tomarem parte na constituição íntima dos tecidos, esses nutrientes exercem funções, interagindo direta ou indiretamente nas funções vitais, como a respiração e a fotossíntese.
Cada um com suas propriedades químicas distintas com cargas e afinidades moleculares particulares, foram durante milhões de anos se organizando não só na formação física, também compartilhando no complexo arranjo biológico. Suas principais funções são: estabelecer o equilíbrio físico-químico, estimular as funções glandulares, regular o ritmo cardíaco, a respiração, a digestão. Sua carência acarreta sérios transtornos para a saúde.
Estes são os mais importantes, porquanto indispensáveis:
1 – Cálcio – É o mineral mais abundante no organismo. Praticamente 99% é armazenado nos ossos onde desempenham importantes funções durante o processo de calcificação e manutenção óssea,  compondo a estruturação dos dentes. O cálcio funciona como um reservatório capaz de liberar o sal para os fluidos orgânicos, mesmo que ocorra uma leve queda na sua concentração sérica. Os minerais dos ossos permanecem em fluxo constante, concentrando-se e dissolvendo-se constantemente.  O cálcio aliado ao fósforo é imprescindível para a formação óssea, sob a forma de fosfato de cálcio que se cristalizam sobre uma matriz orgânica composta pela proteína do colágeno. O mesmo ocorre na formação dos dentes. Se os minerais são retirados para cobrir déficits, em outra parte do corpo, os ossos ficarão mais frágeis, havendo probabilidade de curvar-se na infância ou fraturar-se em pequenos pedaços. Mesmo em quantidade mínima nos fluidos orgânicos (1%) que preenchem e banham as células, o cálcio atua na condução dos impulsos nervosos e na contração muscular, regula os batimentos cardíacos, auxiliando a pressão arterial; contribui para manter o equilíbrio do ferro no organismo; intervém, na coagulação sanguínea, para formação do cimento intercelular, aumentando o consumo de oxigênio; permite a secreção de enzimas digestivas e neurotransmissoras. Retarda a fadiga e influi na ação do lab-fermento.
As células necessitam ter acesso contínuo ao cálcio que é regulado  não só pela  ingestão diária, mas por hormônios que são sensíveis às concentrações de cálcio sanguíneo. Quando essa reposição não é feita satisfatoriamente, há perda óssea na fase adulta, com desenvolvimento de ossos frágeis, resultando na osteoporose. Um adulto necessita de 0,7 a 0,8g ou 0,01/kg do indivíduo. A osteoporose assim como o raquitismo  podem ser evitados pela ingestão de altas taxas  cálcio na infância
Alimentos com os mais elevados teores de cálcio: leite e seus derivados (ricota, queijo parmesão, iogurte); amêndoa, avelã, polpa de buriti, caju, castanha do Pará, coco, salmão, figo seco, sardinha, tofu, gema de ovo, jenipapo, groselha preta, vegetais verde-escuro, como a couve cozida, brócolis fresco e cozido; quiabo, feijão fradinho, soja, grão de bico.
2 – Fósforo – É o segundo alimento mais abundante do organismo. Em combinação com o cálcio, concorre para a formação de cristais dos ossos e dos dentes; intervém no mecanismo regulador do equilíbrio ácido-básico e combinado com o cálcio influencia, também, na reprodução e na lactação, auxiliando a  manutenção  óssea. Esse mineral está presente na composição das moléculas de DNA, RNA e ATP, o material genético das células. No metabolismo de nutrientes energéticos, os compostos de fósforo, transportam, estocam e liberam  energia além de auxiliar a extrair muitas enzimas e vitaminas dos nutrientes. O fósforo faz parte das moléculas dos fosfolipídeos, lipídeos componentes da membrana celular. Integra a composição de algumas proteínas, também participa  do crescimento e renovação dos tecidos. O organismo adulto precisa de 1,30g/dia ou 0,02g/kg de peso do indivíduo. São desconhecidas deficiências de fósforo.
Alimentos ricos em Fósforo: levedo de cerveja, leite, queijo, feijão branco, salmão, filé mignon, amêndoas como avelã, castanhas de caju e do Pará, nozes, amendoim torrado, cereais como aveia, centeio, grão de bico, lentilha, trigo integral, pera seca, coco, carnes em geral e legumes.
3 – Sódio – O sal tem sido conhecido desde o início da civilização. Segundo a Bíblia “vocês são o sal da terra”, isto é, pessoa valiosa. Também a palavra salário vem de sal. Principal componente do cloreto de sódio ou sal de cozinha, o sódio é o íon mais importante para manter o volume do fluido extracelular, auxiliando, também, na manutenção do equilíbrio ácido-básico; é essencial para a contração muscular e transmissão nervosa ou difusão dos impulsos nervosos. A deficiência de sal pode ser prejudicial, entretanto o excesso agrava a hipertensão e consequente hemorragia cerebral e outras doenças cárdio-vasculares. Os alimentos geralmente incluem mais sal que o necessário e o organismo o absorve livremente. Os rins filtram o excesso do sangue, excretado através da urina e na transpiração, entretanto é reposto durante o dia com alimentos comuns, principalmente os processados que devem ser controlados na nossa alimentação. O teor de sal excretado pelo organismo é igual à quantidade ingerida, seguindo uma dieta controlada.
 Principais fontes: o sal de cozinha assim como as algas marinhas. Os alimentos processados, devem ser controlados ou até mesmo evitados pelas altas concentrações de cloreto de sódio: sopas instantâneas e enlatadas, queijos, principalmente os industrializados, cubos de caldo de carne e outros, mostarda, ketchup e todos os molhos temperados; pizzas, nuggets, asas de frango, peixes em pedaços. Biscoitos salgados, canapés, pipocas salgadas, peixes secos e enlatados, peixes e camarões secos; carnes assadas e defumadas; churrascos; embutidos como linguiça, bacon, mortadela, salsicha, presunto; alimentos conservados em salmoura, como azeitonas, picles, chucrute, enfim, todos os alimentos enlatados e os servidos em fast-foods.
4 – Magnésio – pouco presente em nosso organismo, cerca de 28% numa pessoa com 60kg, estando mais da metade nos ossos. Também encontrado nos músculos, coração, fígado e outros tecidos moles. Apenas 1% é encontrado nos fluidos corporais. Grande parte está presente nos ossos, de onde pode ser retirado para todas as células a fim de ser utilizado na síntese proteica e utilização de energia. Importante para a manutenção de várias funções celulares. Auxilia a atividade de mais de trezentas enzimas, sendo essencial para a liberação e utilização de energia proveniente dos nutrientes; também afeta o metabolismo do potássio, do cálcio e da Vit. D. Atua nas células de todos os tecidos moles, onde faz parte do mecanismo de síntese proteica e é necessário para liberar energia. O magnésio participa, juntamente com o cálcio da contração e do relaxamento muscular: o cálcio promove a contração e o magnésio ajuda os músculos a relaxarem mais tarde, de modo que ambos são essenciais ao processo. Nos dentes, o magnésio promove resistência à deterioração fixando o cálcio no esmalte. Em síntese o magnésio é fundamental para o funcionamento normal dos nervos e músculos, ajudando a contração muscular do metabolismo energético. Presente na molécula da clorofila proporciona a captação da luminosidade.
A deficiência de magnésio torna o coração incapaz de impedir seus próprios espasmos, uma vez iniciados. Por outro lado a sua carência pode estar relacionada às doenças cardio-vasculares, ataques cardíacos e aumento da pressão arterial. A toxicidade é relatada com mais frequência em indivíduos idosos, que abusam de laxativos (leite de magnésio) e outros medicamentos que contém magnésio, refletindo-se com diarreia, desequilíbrio ácido-básico, disfunção renal, falta de coordenação, confusão mental, coma e até morte, por parada cardíaca.
Alimentos ricos em magnésio: ostra, farelos de cereais integrais, nozes, legumes, vegetais verdes, principalmente espinafre, carnes, ovos, feijão preto, leite de soja, iogurte, frutas como a banana, abacate.
5 – Ferro – Presente em todas as células vivas, numa taxa por volta de 4%. A maior parte do ferro no organismo está ligada a duas proteínas: hemoglobina nas hemácias e mioglobina nas células dos músculos. A hemoglobina transporta o oxigênio por todo o corpo e pelo sangue, dos pulmões até os tecidos, constituindo o ferro de circulação; a mioglobina transporta e armazena o oxigênio para os músculos; esta última constitui o ferro de reserva, no fígado, baço e medula óssea. A meia vida das hemácias dura 3 a 4 meses. Quando elas morrem o baço e o fígado as degradam, recuperam o ferro e o mandam de volta à medula óssea para serem sintetizadas novamente. Todas as células do organismo necessitam de oxigênio para auxiliá-las no controle da liberação dos átomos de carbono e hidrogênio, gerados da degradação de nutrientes para a formação de energia. O oxigênio combina-se com esses átomos para formar os produtos de degradação, dióxido de carbono e água; desse modo o organismo precisa constantemente de oxigênio e nutrientes para manter as células em atividade. As células consomem e depois excretam o oxigênio e as células vermelhas do sangue atuam como ponte, intermediando a metabolização tecidual e os pulmões.  Além disso, auxilia muitas enzimas nas vias energéticas a usarem o oxigênio. Também é essencial para síntese de novas células, aminoácidos, hormônios e neurotransmissores. Um adulto necessita de uma quota de 12 mg por dia. A carência de ferro leva à anemia.
Principais fontes de ferro: vegetais verdes como acelga, espinafre, cereais enriquecidos, trigo, aveia, soja, feijão branco, moluscos, aveia, castanha do Pará, coco, melado, laticínios, gema de ovo, açaí ou juçara, fígado e carne bovina.
6 – Potássio – participa da osmo-regulação e está presente na formação dos fosfolipideos da membrana plasmática. Participa, também, dos impulsos nervosos, influenciando a contração muscular.
Principais fontes de potássio: frutas (melão, melancia, abacate, pêssego, ameixa, damasco, bananas, suco de laranja); tubérculos (batata inglesa, doce, amendoim); amêndoas, soja, fava branca, suco de tomate, beterraba, legumes verdes (acelga, espinafre); sementes de abóbora, melado, leite e iogurte desnatado; peixes ( salmão, arenque, cavalinha).
7 – Cloro e encontrado no líquido extra-celular, age  com o sódio e ajuda o equilíbrio ácido-básico e o pH sanguíneo. O cloro quando ionizado com o sódio, formando o cloreto de sódio, mantém a pressão osmótica dos líquidos. O ion cloreto também desenvolve um papel importante como parte do ácido clorídrico contido no suco gástrico, que acarreta a acidez necessária  para a digestão dos alimentos e até das enzimas. O íon cloreto é o sal negativo em maior quantidade no corpo. Em fluidos extra-celulares ele acompanha o sódio; nas células ocorre a associação com o potássio. Assim ele auxilia a manter o equilíbrio crucial dos fluidos (ácido-básico e eletrolítico) A sua carência produz a alcalose metabólica.
Principais fontes:  sal de cozinha, frutos do mar, leite, carne e ovos.
8 -  Cobre – uma das mais importantes funções desse mineral  é ajudar a formar a hemoglobina e o colágeno. Muitas enzimas dependem do cobre para o transporte de oxigênio. Participa das principais reações de liberação de energia, atuando, também, com as proteínas para regular a atividade de certos genes. Importante na formação da melanina, pigmento que dá cor à pele. É um dos componentes das enzimas da respiração celular, pois uma enzima cobre-dependente controla o prejuízo da atividade dos radicais livres nos tecidos. A deficiência de cobre no organismo, embora rara,  prejudica a imunidade e o fluxo sanguíneo através das artérias.
Principais fontes: fígado e outras vísceras, carnes, frutos do mar, feijão, ovos, trigo integral, sementes.
9 – Iodo – é necessário pelo organismo em dose mínima, mas seu principal papel na nutrição humana acontece pela obtenção dessa quantidade crítica. O iodo faz parte da tiroxina, hormônio responsável pela regulação da taxa metabólica basal. Quando as taxas de iodo estão muito baixas, as células da glândula tireoide aumentam na tentativa de capturar o máximo possível das suas partículas, ensejando o aumento dessa glândula, causando o bócio.
Fontes de iodo; sal de cozinha enriquecido com iodo, laticínios, produtos de panificação e frutos do mar. Tóxico em grandes quantidades.
10 – Flúor – não é essencial para a vida, mas na dieta ele é benéfico, proporcionando a formação de dentes e ossos devido a sua capacidade de inibir o desenvolvimento de cáries dentárias. Somente uma pequena porção está presente no organismo, mas em baixo teor os depósitos cristalinos nos ossos e dentes são maiores e mais perfeitamente formados; quando associado ao fosfato torna os dentes mais resistentes, protegendo-os da ação corrosiva dos ácidos, formando uma película protetora – a fluorapatita – que previne as cáries.
Fonte: presente em baixa concentração nos alimentos e adicionado à água potável (água fluoretada). Altas doses são tóxicas.
11 – Manganês – atua com inúmeras e diferentes enzimas  em diferentes processos corporais a regulação de diversas reações químicas. Papel fundamental na incorporação de cálcio nos ossos, prevenindo a osteoporose. Esse sal, em combinação com o cálcio atenua problemas menstruais. Associado ao boro impede a perda de cálcio que fortalece os ossos.
Principais fontes: cereais como aveia, trigo integral, nozes, vegetais verdes, espinafre, chá,  feijão, gema de ovo e frutas, como o abacaxi.
12 – Selênio – descobertas as suas funções no organismo humano em 1979. Importante antioxidante da enzima que protege as células contra os efeitos dos radicais livres, durante o metabolismo do oxigênio. Ajuda um grupo de enzimas que, em conjunto com a Vit E, atuam para prevenir a formação de radicais livres, da anemia e da esterilidade. Essencial, também, para o funcionamento normal do sistema imunológico e hormonal. Entre as descobertas recentes está a que ele desempenha papel importante na ativação do hormônio da tireoide, o hormônio que regula a taxa do metabolismo corporal. A deficiência induz à doença cardíaca.
Principais fontes: carnes, frutos do mar (ostras, moluscos), vegetais, grãos, castanha do Pará, trigo úmido, atum, sementes de girassol torradas, ostra cozida, fígado de galinha, farinha de trigo integral,  alho, miúdos de aves e bovinos. A maioria das frutas e legumes possui baixo teor de selênio. Ingerido como suplemento causa toxicidade.
13 – Zinco – É o mineral mais importante na síntese de DNA e RNA. Também importante para a saúde da pele, apressando a cicatrização de feridas; fundamental no sistema imunológico, assim como na síntese proteica, metabolismo de carboidratos e lipídios e no metabolismo energético. Também sintetiza o heme da hemoglobina, ajuda o pâncreas em sua função digestiva, libera a Vit A do estoque no fígado e desfaz-se dos danos dos radicais livres. A sua carência afeta o desempenho sexual, a produção de insulina e do hormônio do crescimento, manifestando-se pela perda de apetite e do paladar, atraso no desenvolvimento das crianças, repercutindo no sistema imunológico, refletindo-se, também, na perda da libido ou total impotência, dificuldade na cicatrização de lesões da pele, queda  de cabelo, cegueira noturna, diarreia. Nas crianças a sua deficiência causa retardo no crescimento e imaturidade sexual. Não se conhecem os locais de armazenamento de zinco no organismo, daí a necessidade de reposição regularmente.
Principais fontes: alimentos animais: ostra crua e defumada, caranguejo, carne assada, fígado de boi, carne escura de peru; também, sementes de abóbora, amêndoas, amendoim, Cereais como sucrilhos tem cerca de 4mg de zinco, por porção.
14 – Enxofre – Não é utilizado pelo corpo como nutriente, mas assume caráter fundamental, além de auxiliar na formação de vitaminas, proteínas e coágulos sanguíneos e outros nutrientes essenciais que o corpo  emprega, tal como a tiamina e todas as proteínas. O enxofre desenvolve seu papel mais importante auxiliando as cadeias de proteínas a assumirem um estado funcional. A sua carência desencadeia depressão, neurites, diminui o brilho da pele e causa um odor desagradável na saliva. A sua função é plástica, participando da recuperação e construção dos tecidos e células. Participa da formação do colágeno, substância importante para formação e manutenção da pele, do tecido conjuntivo e dos ossos. Age, também, no processo de transferência de energia e combate micróbios e parasitos.
Principais fontes: carnes, peixes, ovos, feijão, repolho, brócolis, cebola, alho, germe de trigo.
15 – Cromo – Atua juntamente com a insulina para regular e liberar energia a partir da glicose; intervém em certas reações do metabolismo dos açúcares e das gorduras, agindo como co-fator com a insulina para regularizar a utilização da glicose. Diminui o colesterol, evita as doenças do coração e na diabetes potencializa a ação da insulina. Quando o cromo está deficiente, a ação da insulina fica prejudicada, resultando em diabetes, condição de alta concentração de glicose sanguínea. Presente em pequena quantidade no organismo. O cromo derivado dos alimentos é encontrado complexado a outros compostos que são facilmente controlados e usados pelo organismo.
Principais fontes: castanha, grãos, cereais como trigo integral, aveia, nozes, levedo de cerveja, pimenta malagueta, maçã, banana, leguminosas, cenoura, fígado,  carne vermelha, frango, batata,  ostra e queijo.
16 – Boro – muito importante na energia física e no desenvolvimento dos ossos. Afeta a atividade elétrica do cérebro. Uma alimentação carente de boro pode aumentar  a suscetibilidade à osteoporose pelo seu efeito no metabolismo do cálcio.
Principais fontes: água, frutas não cítricas como maçãs, peras, pêssegos, uvas, legumes como brócolis, castanha, grãos, nozes, amendoim e cereais.
17 – Níquel – importante para a saúde de muitos tecidos corporais; sua deficiência prejudica o fígado e outros órgãos.
18 – Silicone – envolvido na calcificação óssea dos animais.
19 – Cobalto – mineral na molécula da Vit. B12 ou cobalamina.
20 – Molibdênio – faz parte na composição de várias metaloenzimas.

                                                                                                                 

terça-feira, 12 de novembro de 2013

CADÊ O MELÃO DE SÃO CAETANO?



Quando trabalhava na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), as minhas atividades não se restringiam às aulas de Parasitologia. Além de coordenar projetos, desenvolver pesquisas e orientar monografias de alunos de graduação do Curso de Farmácia, também coordenava os Cursos de Especialização e Atualização, oferecidos pelo Departamento de Patologia.
Alguns desses cursos foram realizados em parceria com a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), envolvendo professores do Curso de Veterinária. Cheguei, inclusive, a orientar algumas  monografias de Curso de Especialização em Patologia Animal para veterinários, quando os temas eram sobre ácaros e insetos.
Uma das monografias apresentadas por um veterinário, embora não tendo sido por mim orientada, interessou-me sobremaneira e que versava sobre o uso de sumo de folhas de melão-de-são-caetano, no tratamento de sarna de canídeos.
Aposentei-me há vinte e um anos, mas esse tema é recorrente em minhas lembranças. Essa erva, na realidade uma trepadeira, a essa época era muito comum, encontrada sobre cercas, muros e nas ruinas  dos nossos velhos casarões em processo de deterioração.
Ultimamente, e bota tempo nisso, não a tenho visto nos terrenos baldios e nem na periferia. O que teria concorrido para a sua escassez? Os inseticidas usados no combate às doenças transmitidas por insetos? Competição biológica com espécimes mais resistentes? E na zona rural, será que desapareceu, também?
Ontem ao sair de casa deparei-me com um pezinho da erva, num dos canteiros da minha pequena área, chamada pomposamente pátio. Remeteu-me instantaneamente para a minha infância, em Pinheiro, quando brincava de “boizinho”, colocando nos frutos perninhas feitas de palito de fósforo. Fiquei eufórica. Ao chegar no Papiros do Egito para mais um dia de trabalho, acessei o Google para ter maiores informações sobre a planta.
Foi uma grande surpresa saber das propriedades medicinais do melão de são-caetano, por seu grande número de princípios ativos, alguns alcaloides, verdadeiro arsenal farmacológico. E lembrar que essa planta já foi e ainda é tão desdenhada, combatida como erva daninha! Pedí a todos de casa para  não arrancá-lo, orientando-os como regá-lo e ajudá-lo a subir com as suas gavinhas.
Com os dados levantados em livros específicos sobre Plantas Medicinais e outros obtidos no Google não resisti à tentação de escrever um texto para postar no meu Blog e informar não só os meus seguidores, mas os meus amigos do Facebook.


                                             EIS O QUE DESCOBRI:
Pertence à família das Cucurbitáceas e o seu nome científico é Momordica charantia. De origem asiática, disseminou-se para todas as regiões de clima tropical e subtropical. Foi introduzida no Brasil pelos africanos, procedentes de Guiné e que vieram na condição de escravos, provavelmente na região das minas auríferas, que a plantaram perto de uma capelinha, em Mariana, cujo padroeiro era São Caetano. Era usada, por eles, em infusão contra febres e em banhos para facilitar o parto. Os frutos quando maduros adquirem uma cor de ouro, parecido com um pequeno melão, de grande beleza e paladar suave, daí ser denominado melão-de-são-caetano. É uma planta herbácea, anual, reproduzida por sementes e alastrada através de rizomas; caule estriado com até 3m de comprimento, ramos quadrangulares principalmente na parte inferior com gavinhas simples, longas e pubescentes, que se prendem nas superfícies, obstáculos, plantas vizinhas, sendo, portanto, trepadeira e não rasteira como outras espécies dessa família: melão, melancia, abóbora.
A planta é encontrada na Ásia (China, India Malásia), África (Gana), América (Brasil, Colômbia, Cuba, Haiti, Nicarágua, Panamá, Peru, México, Caribe) e na Nova Zelândia. Conhecida pelos índios da Amazônia que usavam toda a planta: haste, folhas, frutos e arilo.
No Maranhão foi descrita pela primeira vez, em 1826 por Frei Francisco de N. Sra. dos Prazeres Maranhão em sua obra Poranduba Maranhense.
Momordica deriva do latim e significa mordida, pois as folhas alternadas, palmatífidas com cinco lobos sinuado-dentados, recortadas como se fossem mordidas. Planta monóica com flores amarelo-pálidas ou quase branco, masculinas e femininas, isoladas nas axilas das folhas, com cinco pétalas, arredondadas ou recortadas, de textura fina e muito delicadas; os frutos são oblongos  e quando verdes parecem pequenos pepinos. O fruto, cuja haste é pilosa é uma cápsula coberta de protuberâncias ou espinhos moles, de consistência carnosa de cor amarelo-avermelhado. Quando o fruto amadurece abre-se em três válvulas expondo as sementes cobertas por um arilo, disputado pelas crianças e por passarinhos. O fruto verde é totalmente comestível.
Conhecida por vários nomes como: erva-de-lavadeira, melãozinho, fruto de negro, fruta de cobra, erva de são Vicente. Nos povoados e pequenas cidades é considerada uma praga para a plantação, muito comum em cercas vivas de terrenos abandonados ou margeando casebres dos lavradores. Seus frutos são chamados boizinhos pelas crianças e as folhas usadas pelas lavadeiras para clarear roupas e pelos criadores para banhar seus animais.
                  Espécie ruderal usada tanto na culinária como na medicina caseira, considerada revolucionária  devida à sua versatilidade como alimento e em aplicações terapêuticas.

                                                 VALOR  ALIMENTÍCIO


Bastante conhecidos nas comunidades nipo-brasileiras, principalmente pelos descendentes da província de Okinawa onde se consome esses frutos. Em seus restaurantes  são denominados miguari, ninagori ou goya e entram no preparo de saladas, picles ou cozidos. Os descendentes de japoneses os cultivam e os comercializam, ainda verdes, em boxes de mercados e nas feiras onde vivem. Os frutos novos são comestíveis, quer crus, em saladas, quer fritos ou cozidos, depois de separadas as sementes e escaldados para tirar o amargor.
O licopeno encontrado no arilo das sementes fornece um excelente corante natural dos alimentos. Apresentam, também, elevados teores de potássio, zinco, manganês, ferro, fósforo, cálcio e vitaminas A, B1, B2, B3 e C., fibras dietéticas, beta-carotenos e outros elementos como o ácido linoleico, serotonina, zeaxantina, lanoesterol, com atividades anticancerígenas.
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                                 PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS
   No leste indiano e no sul da China, folhas, frutos e sementes são utilizados no controle diabetes.
Na medicina popular turca usam-se os frutos maduros externamente para cicatrização rápida de feridas  e internamente em úlceras pépticas
.Na Austrália são vendidos como plantas medicinais.
Segundo o pesquisador Marcelo Rigotti, o melão de são caetano é uma planta com grande potencial para a economia agrícola e medicinas alternativa.
Os princípios ativos mais importantes são a mormodina (alcaloide)e o ácido mormódico com as seguintes propriedades: antioxidante, antimutagênica, antileucêmica, emenagoga, antiviral para sarampo e hepatites, aperitiva e afrodisíaca. Por suas propriedades antivirais em herpes e na psoríase  está sendo testada no tratamento do vírus HIV. Também possui charantina e vicina, além do pp – insulina, peptídeo, fitoterápico com ação  hipoglicêmica, coadjuvante no tratamento da diabetes.
Os frutos amargos  contém criptoxantina que tem propriedades antimutagenéticas. Nos frutos maduros há 16% de polissacarídeos, principalmente ácido galacturônico.
Nas sementes são encontrados aminoácidos, ácido glutâmico e glicosídeos. Também substâncias tóxicas, não devendo ser ingeridas em grandes quantidades. Alguns pesquisadores condenam a ingestão de sementes.
Nas folhas: mormodicina, ácido mormódico, b-alanina, fenilalanina, b-amirina arginina, lignano calceolarissídeo, a-caroteno epóxido, b-caroteno, esteroide, charantina, criptoxantina, verbascócido, ácido gentísico, momorcodia charantia lectina e o alcaloide zeatina, 5-hidroxitriptamina.
As raízes são utilizadas como adstringente da cútis e no tratamento de micoses cutâneas causadas pelo Ptiríase versicolor (titinga ou pano branco), impigens, coceira e sarna. Também como afrodisíacas, aperitivas, anti-carbunculosas, anti-helmínticas.
Recentes estudos científicos destacam atividades: antibiótica, antileucêmica, antiviral, hipoglicêmica, antidiabética, antitumoral, laxativa, estomáquica, tônica, vermífuga, carminativa, citotóxica, depurativa, hipotensiva, imunomoduladora, lactagoga.
A infusão de seus ramos verdes é utilizada no controle de pragas e doenças das culturas, causadas por pulgões.
                                                        
                                            INDICAÇÕES  E MODOS DE USAR

As raízes são adstringentes; a haste é antifebril; o fruto verde cozido é vomitivo e antivenéreo; maduro é hemostático, sob a forma de cataplasma; o suco das folhas é emético, usado como purgante, em picadas de cobra, nas afecções biliares e na diabetes. O decocto das folhas é usado em afecções da pele; a infusão das folhas ou só o sumo usado em sarna de animais, escabiose, picada de insetos, malária, prurido, úlceras malignas e afecções biliares. A infusão da planta inteira é excelente para curar resfriados e eczemas. A mistura de folhas e frutos é usada para gogo de aves e como vermífugo. A infusão dos frutos é usada em casos de hemorróidas. Os frutos dessecados são usados em casos de prisão de ventre e como coadjuvante no tratamento da diabetes.
Baixa a febre, diminui as cólicas intestinais, facilita a extração de furúnculos. Indicada para cataratas, otites, dores reumáticas, enxaqueca, febre hepática.
Usando-se dez folhas secas para 1l. de água, obtém-se um decocto ou infusão para leucorréia, menstruação difícil e cólicas por vermes. Pode preparar-se um unguento misturando o arilo do fruto ou polpa com vaselina, para tumor, furúnculo e carbúnculo. Em queimaduras usam-se folhas maceradas com óleo de amêndoas doces.
Das suas delicadas flores obtém-se uma essência usada, como Floral de Bach, que utiliza extratos líquidos e naturais, geralmente das flores, para equilíbrio dos estados emocionais, agindo em níveis vibráteis, harmonizando a pessoa no meio em que vive. A essência retirada das flores da M.charantia é usada para tentar resolver problemas relacionados à mente, pensamentos e consequente dificuldade de relacionamento pessoal. Eficaz para ordenar ideias de forma clara e rápida, distúrbios esses que passam da mente ao físico e podem causar perda da memória, falta de apetite, desânimo, depressão.
O chá das folhas é usado por mulheres que tiveram aborto natural ou provocado, regularizando o ciclo menstrual. Sob a forma de chás e banhos de assento facilita o parto.
Preparam-se sabonetes, feitos com o sumo das folhas misturado ao sabão de coco, isento de aditivos químicos, nas micoses parasitárias. Também um óleo corporal para manchas na pele.


                                                
 EFEITOS COLATERAIS
Causa queda drástica nas taxas de glicemia em poucas horas se interagir com hipoglicemiantes, podendo causar dores de cabeça e problemas hepáticos; in vitro inibe a síntese proteica podendo apresentar efeitos teratogênicos e provocar abortos. Frutos e folhas  provocam estimulação uterina.
Contra indicado em gestantes e nutrizes. In vitro foi comprovada que afeta negativamente a produção de esperma. Meia colher de sumo de frutos verdes pode matar um bezerro, porém sua toxicidade é maior por via intravenosa.

           
  CURIOSIDADES
Em 2009 foi encontrada no Paraná uma variedade de melão gigante, com 20cm de comprimento, parecido com um pepino amargo. Entretanto, ainda não se sabe se é comestível ou se tem alguma propriedade medicinal.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                              AGRADECIMENTOS
                Agradeço à amiga Luiza Helena Moraes Rego que me enviou de Florianópolis fotos do melão-gigante.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                CONSIDERAÇÕES  FINAIS
Para melhor compreensão das formas medicamentosas, algumas confundidas com outras, mas com efeitos diversos, daremos as seguintes definições:
Chás como tisanas – põe-se a água para ferver e quando levantar fervura jogam-se as ervas; cobre-se o recipiente e deixam-se ferver mais uns cinco minutos antes de retirar-se do fogo; coa-se.
Chás como infusão - despeja-se água fervente sobre as ervas numa vasilha, cobre-se e deixa-se em repouso por dez minutos. Os talos e raízes podem ser preparados por infusão, mas o tempo passa pra vinte a trinta minutos.
Chás por decocção – coloca-se numa vasilha água e jogam-se as ervas; leva-se ao fogo e deixar cozinhar entre cinco e trinta minutos, dependendo da quantidade de ervas. Flores, folhas e partes tenras de cinco a dez minutos; cascas de árvores e raízes deixar ferver entre quinze e trinta minutos.
Chás por maceração: põem-se as ervas de molho em água fria, durante dez a vinte e quatro horas. Este método oferece a vantagem de que os sais minerais e as vitaminas são preservados
Cataplasmas podem ser com ervas frescas  aplicadas sobre a parte afetada. As ervas frescas em saquinhos, podem ser frios ou quentes; em forma de pasta, socando-se as ervas e levando ao fogo para formar uma pasta; Compressas - usam-se panos ou pedaços de gaze que devem ser mergulhadas numa vasilha com ervas fervidas; por sobre as partes afetadas
Unguentos – O suco obtido em processadores ou socados em pilão é misturado com gordura vegetal, manteiga fresca ou óleos vegetais, levando-se ao fogo até derreter, acrescentando-se ou não cera de abelha para tornar-se mais espesso.
Inalações – Põem-se as ervas medicinais numa vasilha e leva-se ao fogo até ferver. Quando levantar fervura, aspira-se o vapor por meio de um funil de cartolina ou de metal.
Gargarejos, banhos de assento, lavagens, sucos, sumos, sopas, provavelmente todos sabem fazer.
 Fizemos referências aos seus princípios ativos, propriedades farmacológicas, formas caseiras de preparação, indicações, mas não falamos sobre os riscos da auto-medicação, mesmo com  recursos obtidos na natureza. O melão de são caetano possui muitos alcalóides sendo o seu uso orientado exclusivamente por médicos.
Peço desculpas aos leitores, embora saiba que nenhum irá ler, mas não resistí à tentação de relacionar tantos elementos químicos e fitoterápicos numa planta simples, até há algum tempo considerada erva daninha e que abre perspectivas para descobertas de fármacos importantes.
Além dos aminoácidos essenciais foram encontrados os seguintes componentes químicos: tripterpenos, proteínas esteroides, alcalóides como a charantina, charnina, criptoxantina, cucurbitina, cucurbitacina; ciclo artenóis, diosgenina, ácido elaesteóricos, eritrodiol, epinasterol, estgmata-diols ácido galacturômico, ac. gentísico, goiá glicosídeos, goiasporina, inibidora geranilato ciclase, gigsogerina, ac. L, penadecanos peptídeosáurico, ac. linoleico, linolênico, momorcharasídeos, momorcharina, momordenol, momordicilina,momordicina, momordicilina, momordicosídeos, neo-vacina b-mordina, momordolo, multiferol, ac. minístico, merolidol, ac. oleanólico, oleico, oxálico; penadecanos, peptídeos, ac. Pro-toselínico, poliptideos, proteínas ribosoma ativador, ac. rosmanírico, rubixantina, taraxerol, trehalone inibidor tripsina, uracil, vacina v-onsulina, verbascosídeo, zeatina rihosídeo, zeaxantina, zeinoxantina.

DESCASCANDO O ABACAXI



O abacaxi é uma das minhas frutas preferidas desde que esteja descascado. Sou capaz de comê-lo inteirinho, bem gelado, em dia de muito calor.
Pesquisando sobre essa fruta encontrei que no Oiapoque há uma variedade que chega a pesar 10kg e que a EMBRAPA está desenvolvendo, por cruzamento, uma espécie com frutos pesando 15kg.
Sobre esses abacaxis gigantes nunca esqueço um espécime enorme (infelizmente não o pesamos) trazido de Belém, pelo amigo Abrão do Carmo Cardoso, falecido precocemente, então acadêmico de Agronomia da Universidade Federal do Pará. Essa fruta foi um dado de presente para o mano Aymoré que havia comprado umas terras em Ubatuba – estrada para São José de Ribamar – e estava formando um sítio. Atualmente essa área foi doada para Pastoral da Sobriedade da Paróquia do São Francisco, e denominada Associação Maria Augusta, em homenagem à sua esposa falecida.
Pois bem, ainda apreciávamos o tamanho avantajado do fruto quando chegou à  nossa casa, na Rua da Saavedra, o Cônego Ribamar Carvalho, então vice-reitor da FUM, em 1969, mais tarde UFMA, que veio tratar de algum assunto com Aymoré. Sempre faladeira não me contive a respeito do abacaxi-gigante, despertando-lhe a curiosidade. Fui buscá-lo e tentei abrir em sua presença. O diâmetro era tão grande que foi preciso uma faca de cozinha grande e bem amolada e duas pessoas para cortá-lo transversalmente. O gosto, entretanto decepcionou-nos: cheio de fibras, mascarou não só o sabor, também o odor característicos da fruta. Não lembro se Aymoré levou a coroa para plantá-la em seu sítio.
Há uns três anos hospedou-se em minha casa uma moça alemã, amiga do meu filho. Como quase todo estrangeiro ela era vegetariana, alimentando-se de verduras, frutas, legumes, tubérculos, ovos e massas. Ao conhecer o abacaxi, encantou-se com o seu sabor e lhe comprávamos diariamente. Por essa época as brincadeiras de bumba-boi estavam formando os grupos para começar os ensaios. Atendendo a um pedido seu, meu filho inscreveu-a em um desses grupos. Nos ensaios levava um depósito cheio de pedaços de abacaxi para hidratar-se nos intervalos. Também teve aulas de capoeira, sempre levando um recipiente com pedaços da fruta.
Na nossa casa cultivamos em  jarros o abacaxi de Turiaçu: os frutos não se desenvolvem muito, mas são saborosíssimos.

                                     CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS
O abacaxi ou ananás é o fruto-símbolo das regiões tropicais e sub-tropicais. É originário de uma planta monocotiledônea da família das Bromeliáceas. As espécies cultivadas pertencem à espécie Ananas carnosus que compreende muitas variedades. Há também, espécies selvagens do mesmo grupo pertencentes à espécie A. sativus. A origem do seu nome naná, vem do guaraní e significa fruta saborosa, tendo sido documentado em 1555 por André Thevet, em português e em espanhol a partir de 1578. Já o nome abacaxi deriva do tupi ibacati (iba=fruto) cati (recender ou cheirar fortemente) ou inaka ti ou fruta cheirosa. A difusão do nome abacaxi data da terceira década do século XIX.
Botanicamente são iguais, porém o ananás é menor com apenas 6 a 12 cm. de comprimento, geralmente utilizado como planta ornamental. No mundo inteiro a fruta é conhecida pelo nome de ananás, enquanto no Brasil denomina-se abacaxi. Na linguagem popular do Brasil e de Angola, ananás significa fruto não cultivado ou de qualidade inferior, sendo menos apreciado.
Originário da América Tropical, principalmente da América Central e México, cultivado em quase todos os países de clima tropical e sub-tropical, como a Malásia, Formosa, Filipinas, sul dos Estados Unidos e México. No Brasil, os maiores estados produtores são: Paraiba, sudeste de São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do sul e Minas Gerais, no triângulo mineiro, Pará, Bahia, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Goiás, Tocantins e Maranhão. Paises como Costa Rica, Bélgica, França, Costa do Marfim, Gana, Estados Unidos, Tailândia estão desenvolvendo técnicas para aumentar sua produtividade. As variedades mais conhecidas são o Pérola e o Hawai.
Alguns pesquisadores dizem que o abacaxi é nativo em Mato Grosso do Sul, Rondônia, Acre e em várias áreas dos Cerrados. Outros acham que ele se originou entre o nordeste da Argentina e o Paraguai, tendo sido distribuído pelos guaranis que o levaram para a América Central e Caribe. Pesquisas recentes, a partir da coleta de germoplasmas no Brasil, Venezuela e Guiana Francesa, indicam que o centro de origem localiza-se ao norte do Rio Amazonas entre as bacias dos rios Negro e Orinoco.
Planta herbácea de até 1m de altura, caule pouco desenvolvido, folhas lineares em forma de calha e dispostas em torno de um eixo central. As flores são roxo-púrpuras, reunidas em inflorescência terminal de eixo grosso, carnoso, cônico-oval. Quando as flores abrem, as pétalas se desprendem e as sépalas junto com outras partes das flores e da inflorescência, soldam-se formando o fruto. A inflorescência é do tipo soros que vem do grego e significa agrupamento. Fruto de frutescência, cada gominho é um fruto independente que se juntou aos demais durante o processo de crescimento.
O ananás é uma planta grande em formato de roseta com folhas longas, rijas e arqueadas, caneladas, de cor verde e bordas amarelo esbranquiçado. Suas flores, também são púrpuras, frutificando seis meses depois.

                                                HISTÓRICO


Pode afirmar-se, categoricamente que a descoberta do abacaxi deu-se no dia 4-11-1493, quando Cristóvão Colombo aportou em Guadalupe nas Pequenas Antilhas. Até então conhecido dos ameríndios que ofertaram frutas aos invasores, num gesto de hospitalidade, sendo denominado piña pela semelhança com o fruto europeu, conhecido na Inglaterra desde 1398 e pertencente ao grupo  das coníferas. Esse gesto  era comum entre os silvícolas que costumavam pendurar folhas ou mesmos frutos na entrada de suas casas, em sinal de boas-vindas.
O abacaxi com o nome de piña foi levado à Europa como testemunho da exuberância exótica das terras existentes a oeste do Atlântico. De fácil dispersão e cultivo o abacaxi cruzou os mares a bordo de galeões e caravelas chegando à África, China, Java, Filipinas e propagando-se com facilidade e rapidez nos últimos séculos.
Na Inglaterra começou a ser cultivada a partir do século XVII em estufas, considerada a rainha das frutas pela coroa espinhenta; era iguaria de reis e rainhas, oferecida como símbolo de hospitalidade a convidados especiais das cortes europeias.
Muitos anos depois foi descoberto que a fruta não passava de uma a duas centenas de pequenos frutos aglomerados em torno do mesmo eixo central: cada olho ou escama da casca do abacaxi é um fruto que cresceu a partir de uma flor, fundindo-se todos os frutos em um grande corpo, chamado infrutescência, no topo do qual se forma uma coroa. Resumindo, as flores e os frutos individuais se unem para criar o abacaxi. Os rebentos laterais são chamados de otários e são produzidos nas axilas das folhas da haste. Comercialmente os suckers que aparecem ao redor da base são usados para cultivo.
As sementes afetam negativamente a qualidade das frutas, daí manter-se os colibris responsáveis pela polinização afastados das plantações. No abacaxi selvagem a polinização é necessária, porém a abertura das flores, assim como a fotossíntese são realizadas à noite.
Aqui no Brasil foi registrada tanto pelo Frei Cristóvão de Lisboa, no começo do século XVII, que lhe atribuiu propriedades medicamentosas para as dores de passagem de cálculos, também como vermífugas, como Frei Francisco de N.Sra. Prazeres Maranhão, um século depois, que, além de descrevê-la, atribuiu-lhe a mesma utilização da babosa e outras agaváceas, na retirada de linho. Também mencionou o seu uso como antídoto do tucupi. São suas estas palavras: “Dizem que esta Província produz os melhores ananases do Brasil.”.


                                                VALOR  ALIMENTÍCIO

Do abacaxi aproveita-se toda a fruta: é fonte rica de Vit. C; também B6, folato, tiamina, sais minerais como ferro e magnésio, potássio, cálcio, fósforo. O teor de açúcar varia de 12 a 15% dos quais 66%  são frutose e 34% açucares redutores (glicose e sacarose). A sua polpa suculenta contém água, fibras, ácidos cítrico e málico e bromelina, lipídios, proteinas. Um copo de suco natural com 150 cm3 fornece 150 calorias e 100g de pedaços da fruta são responsáveis apenas por 52 cal. O bagaço é utilizado como ração animal. A bromelina, pode causar dermatite em pessoas sensíveis.
Energética, nutritiva, refrescante, de sabor doce ligeiramente ácido, a fruta pode ser  usada in natura, ou  na preparação de suco, sorvete, gelatina, mousse, iogurte, compota, geleia, doce cristalizado, torta, pudim, bolo, cocada, pavê. Também usado em amaciante de carnes, pela presença da enzima bromelina, costume esse observado entre os ameríndios em 1493, por Juán Ponce de Leon.
Muito usado em coquetéis sendo o mais famoso o pina colada, feito com rum, suco de abacaxi, servido na própria casca da fruta; com estas, também se prepara uma bebida fermentada em água, conhecida por gasosa ou aluá.

           USO NA INDÚSTRIA E NA MEDICINA POPULAR

Fornece para a indústria essência para aromatizar bebidas, remédios, alimentos processados.
Indicado na formação de ossos, na adolescência. Usado como diurético, baixar a pressão arterial, também em artrite, gota, litíase e como anti-edematoso.
A bromelina, por suas propriedades proteolíticas ajuda a digestão, transformando as albuminas em proteases e peptonas. Além de eupéptica, é, também germicida, oxidante forte, desobstruente do fígado, anti-ictérico, antiartrítico, anti-hidrópico e antidiftérico. Excelente para afecções da garganta e combate a arteriosclerose. Fluidifica as secreções das vias aéreas e indicado em gripes e bronquite.
Com dieta exclusiva de abacaxi mais chá de quebra-pedra, folha de abacate, cana-do-brejo e cavalinha ajuda a eliminação de cálculos.
A celulose das fibras é indispensável para o funcionamento do intestino, ajuda no emagrecimento.

                                              CURIOSIDADES
Desde 1826, em Poranduba Maranhense já havia menção ao abacaxi maranhense como o mais saboroso do Brasil. No município de Turiaçu, pela doçura e grande demanda dos seus frutos, foi instituído o Festival do Abacaxi pelo Projeto de Lei 499/2003, reconhecido por Lei Municipal n@ 481/2003.
Os técnicos da EMBRAPA atribuem à abundância de potássio no solo, o sabor especial desse abacaxi. Outros agrônomos acham que é uma variedade nativa.
O povo atribui a uma lenda, segundo a qual um andarilho, em retribuição a generosidade e acolhida que lhe foi dada por um morador da localidade Serra, teria dado a primeira coroa, plantada em 1884.
Todos os anos é atribuído em Minas Gerais, o Troféu Abacaxi Atômico aos piores na MPB e também aos internacionais. O apresentador Chacrinha costumava presentear os piores calouros do seu programa com o Troféu Abacaxi, com uma fruta de verdade.
Na gíria, abacaxi significa algo que não dá bom resultado, coisa embrulhada ou que não presta.
Descascar abacaxi é resolver um problema de difícil solução, pela dificuldade para descascá-lo devido à casca espinhosa e ressequida, com farpas presentes tanto na coroa como na própria casca.
Dica para saber se um abacaxi está maduro: puxa-se uma das folhas de sua coroa e se ela se soltar com facilidade significa que está no ponto da colheita.
Termino com uma quadrinha de Frei José de Santa Rita Durão em seu poema épico Caramuru (Canto VII, Estrofe XLIII):
“Das frutas do país a mais louvada/ É o régio ananás, fruta tão boa/ Que a mesma natureza namorada/ Quis, como rei, cingí-la de coroa”