O Cerrado é um dos mais importantes biomas do Brasil, chegando a ocupar cerca de 22% do território. Essa área vem decrescendo anualmente, em virtude das queimadas para construção de cidades, implantação de pastos para animais e cultivo de grãos. Essa prática não atinge só a flora nativa, mas a variada fauna que aií tem seus ecótopos. Grande divisor de águas possui um expressivo manancial de águas, tanto na superfície como no subsolo. As fruteiras nativas destacam-se pela importância na região, não só por possuírem espécies alimentícias, como algumas que, pelo potencial farmacológico, vem sendo pesquisadas para detecção e extração de princípios ativos, na cura de várias doenças, inclusive alguns tipos de cânceres. Outras, são utilizadas na indústria alimentícia, para fabricação de licores, vinhos e doces como compotas, geleias, mousses, sorvetes. Outras vêm sendo exploradas na indústria cosmética e na produção de tintas, e em projetos de reflorestamento de áreas degradadas, enquanto outras, por falta de orientação, são cortadas para fornecimento de lenha.
Guazuma ulmifolia pertence à família das Esterculiáceaes, nativa da América do Sul, sendo uma das árvores autóctones, típica da região do Cerrado, ao lado do pequi, araticum ,buriti, cagaíta, mangaba e murici.
Guazuma é termo mexicano e ulmifolia porque lembra um olmo.
SINONÍMIA – Mutamba se origina do tupi e significa fruto duro. Também chamado araticum bravo, fruta de macaco, camacã, cabeça de negro, mucungo, pojó, embira, guaxuma, guaxina macho, chico magro, coração negro.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA – Caribe, México , Guatemala, Belize e outros países da América Central, Colômbia, Peru, Equador, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Brasil, onde se espraia do Amazonas ao Paraná. Levada há mais de cem anos para a Índia e recentemente cultivada na Indonésia.
No Maranhão é encontrada no Cerrado e Chapadões, principalmente São João dos Patos, Pastos Bons, Nova Iorque, Barão de Grajaú, São Raimundo das Mangabeiras, Mirador, Tasso Fragoso, Fortaleza dos Nogueira, Balsas, Riachão nas e regiões vizinhas.
HISTÓRICO: A Guazuma , também conhecida por guasima já era usada há centenas de anos, pelos índios Mixe do México e da Guatemala sob a forma de decocção das cascas secas e frutos para curar diarreias, hemorragias e dor uterina. A casca fresca era usada para cicatrizar feridas, ajudar no parto, dores gastrointestinais, asma, sífilis, problemas renais.
CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS
É uma árvore de médio porte, perenifólia. Nas espécies mais velhas o e tronco atinge 30 m de altura e 30cm de diâmetro. Tronco reto e levemente tortuoso, ramificado na região inferior. Copa densa e larga, ramificação dicotômica com ramos horizontais e ligeiramente pendentes. A casca chega a ter 12mm de espessura, grisácea ou café escuro, acanalada, áspera, gretada longitudinalmente, desprendendo-se em tiras. Internamente é fibrosa, rosada com estrias brancas.
As folhas são alternas, simples, ovaladas ou lanceoladas, membranácea, aguda no ápice, com margens denteadas ou crenadas, possuindo cinco nervuras. A face dorsal é pilosa com pelos estrelados.
As flores são pequenas, amarelas ou esverdeadas,, ligeiramente perfumadas, com cinco pétalas cuculadas. A inflorescência é composta de até vinte flores, subsésseis, formando um cálice com três lobos valvares. Melíferas principalmente para abelhas sem ferrão. Frutifica ente agosto e outubro e os frutos são perfumados, duros, tipo cápsulas, subglobosos, com casca seca, verrucosa, verde e negra, com 1,5 a 3,5 com de comprimento, escuras e redondos, com saliências. A parte interna é lenhosa e comestível; quando mastigada vai largando um mel viscoso que deixa a boca aromatizada e induz à salivação. Abre-se em cinco segmentos que se fundem no ápice ou irregularmente, através dos poros. As sementes, em número de 45, são comestíveis, imersas numa polpa doce e mucilaginosa.
VALOR ALIMENTÍO E USOS EM MEDICINA CASEIRA E NA INDÜSTRIA DE COSMÉTICOS
Desde criança tenho ouvir falar sobre os efeitos da mutamba na queda de cabelos. O meu pai, em sua farmácia, manipulava fórmulas de tônicos e loções para seus cliente, alguns em processo de perda de cabelos e outros totalmente carecas.
Atualmente cientistas de várias instituições de pesquisas, têm voltado a atenção para a mutamba, depositando grandes esperanças no seu potencial farmacológico. Foram encontrados altos teores de tanino e antioxidantes químicos capazes de contribuir para combater a calvície e certos tipos de cânceres.
Apenas a casca do tronco e as folhas merecem pesquisas, pois os frutos pequenos e comestíveis são utilizados mais na alimentação de animais.
Foram isolados os seguintes princípios ativos: arinofileno, catequinase , farnesol, precoceno I,procianidina B2 e B5, procianidyn C1-sisterol, ácido caurenófilo, friedelina.
Na medicina popular por ser adstringente é usada nas afecções parasitárias, principalmente do couro cabeludo como caspa, seborreia; também para tratar sífilis, úlceras, hanseníase e outras doenças da pele. As sementes esmagadas são sudoríferas e usadas para tratar gripe, tosse; contusões e doença venéreas. Também é tônica, diurético adstringente e cicatrizante. Os frutos verdes podem causar náuseas, vômitos, disenteria.
Os frutos não têm merecido pesquisas, sendo arroxeados quase negros com aspecto não muito atraente. Em seu interior há uma polpa esbranquiçada e seca, muito doce, provavelmente açucares e poucas proteinas.
INDÚSTRIA DE COSMÉTICOS – O óleo extraído de suas folhas é usado sob a forma de tônicos, loções, xampus, sabonetes para impedir a queda de cabelos, retardando a calvície. Ajuda na manutenção da elasticidade dos fios de cabelos, em mistura com a seiva de juá..
Todas as suas partes são utilizadas: As sementes trituradas são consumidas como paçocas doces , para fabricar licores e aromatizar cachaça.
Os galhos são flexíveis e resistentes e usados para açoitar animais; servindo como chicote para os castigos familiares. As fibras extraídas das cascas são usadas na confecção de cordas (embira) e objetos artesanais.
São usadas em paisagismo e na recuperação de áreas degradadas para fazer pastos e plantio de grãos como a soja. Com a sua grande copa, excelente sombra.
CURIOSIDADES
Cair na mutamba é o mesmo que apanhar. Quando se refere a moças significa de pouca beleza, cansada, esculachada, mal cuidada.
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