O Brasil possui uma das mais diversificadas coberturas florísticas da Terra, principalmente a Região Amazônica. Segundo alguns estudiosos” as grandes variações botânicas se devem à inclinação dos raios Gama, que atuando nos genes ou fator e no DNA, faz com que o ritmo das mutações seja proporcional à quantidade de irradiação Gama e da inclinação deste raio solar. Na Hileia Amazônica como os raios caem com a perpendicularidade nula (0@), os mesmos penetram , com maior profundidade, no núcleo das células dos, vegetais, aumentando as mutações e, consequentemente, as variações fitogeográficas”.
Desde a descoberta do Brasil e por todo o Período Colonial, principalmente entre os séculos XVI e XVII, o extrativismo das nossas matas e florestas acabou sendo a maior atividade econômica, nos primeiros anos com o corte do pau-brasil e outras madeiras nobres, como pela busca das chamadas drogas do sertão, em substituição às especiarias das Índias que estavam se esgotando: salsaparrilha, cacau, baunilha, guaraná, castanha do Pará, óleo de copaíba, urucu, anil, canela, gergelim, puxuri, noz moscada, quina e muitas outras, inicialmente feitas pelas missões jesuíticas que aproveitavam a mão-de-obra indígena disponível. Mais tarde pela ação dos invasores holandeses, ingleses e espanhóis, despertando o interesse da Metrópole e a cobiça dos Capitães-Generais do Estado do Maranhão e Grão-Pará, ao constatar que esses recursos naturais podiam ser comercializados na Europa, por preços elevados, enriquecendo-os mais rapidamente. Para atingir seus objetivos a Coroa , transferiu o eixo político e econômico de São Luis para Belém, porta de entrada da Região Amazônica.
E assim começou a derrubada das matas, depois das seringueiras, estas a partir do século XIX, sem que houvesse a menor preocupação em recuperar essas áreas desmatadas, causando um grande impacto ambiental.
Além da Amazônia que continua no processo do desmatamento indiscriminado para implantar a atividades agropastoris, praticamente toda Mata Atlântica foi devastada.
O reflorestamento só passou a preocupar, a partir de uma tomada de consciência sobre as consequência que essas agressões estavam fazendo ao meio ambiento, com o consequente esgotamento de suas riquezas naturais. A partir daí começou o plantio de Pinus e eucalipto para a obtenção da celulose, de carvão vegetal, construção civil e movelaria.
Além dessas regiões mencionadas, o bioma Cerrados vem sendo implacavelmente degradado ,no Planalto Central, há mais de cinquenta anos, desde a construção de Brasília e cidades satélites, a abertura de estradas, principalmente a Belém-Brasília. O Pantanal Mato-grossense encontra-se bastante descaracterizado pela implantação de fazendas de gado, assim como para o cultivo de grãos, como a soja, o mesmo se dizendo do sul do Estado do Maranhão. Infelizmente tudo isso é feito em nome do progresso sem que se exija dos responsáveis por esses crimes ecológicos a obrigatoriedade de restaurar a cobertura vegetal dessas áreas.
Atualmente em nome da sustentabilidade, experiência adotada nos últimos 25 anos, estão sendo praticadas associações entre vegetais, cultivando café e cacau e até flores, à sombra de grandes árvores, sem necessidade de derrubá-las. Também priorizando projetos de caráter estruturante que precisam ser sustentáveis, ou seja, permitir que as populações dessas áreas sejam os protagonistas das transformações, usando os conhecimentos adquiridos para gerar renda e acessar seus direitos de forma contínua. O objetivo é incentivar a agricultura, a produção auto-sustentável e a proteção ambiental nas áreas mais pobres, para não comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.
Um dos vegetais usados para recuperar áreas degradadas é a ingazeira. Nativa da Amazônia, pertence ao gênero Inga, da família das Fabáceas. Ocorre em outros ecossistemas florestais do Amazonas até o Paraná, sendo exclusivamente neotropical. Também designa os frutos da árvore que contém sementes envolvidas por um arilo ou polpa branca e comestível Seu nome deriva do tupi in-ga e significa embebido, empapado, ensopado.
Na adolescência passada totalmente na cidade de Pinhero costumávamos ir nos fins de semana na Ilha de Ventura para apanhá-las no sítio do sr. Palmério Martins. Hoje a ilha faz parte do núcleo urbano, pelo aterramento de parte do campo.
Encontrada em matas ciliares, geralmente nas margens de rios e lagos, quando caem servem de alimento para peixes . Produz cerca de 20 anos.
São conhecidas cerca de 300 espécies que se distribuem no México, Antilhas e toda a América do Sul. A espécie mais comum entre nós é a Inga vera. A ingazeira chega a alcançar 15 m de altura, raíz pivotante além de numerosas secundárias e se desenvolve em solos arenosos, sendo procurada pelo homem e animais, pássaros como periquitos e papagaios; abelhas, macacos e roedores. O tronco atinge 5 a 10m de altura com 20 a 30cm de diâmetro . A copa é ampla, aberta, ramificada com folhas com textura papirácea, compostas, paripinadas, raque foliar e com nectários foliares entre cada folíolos e sarcotesta envolvendo as sementes. A florescência é terminal ou subterminal, nas axilas das folhas com os ramos. As flores são andróginas, perfumadas, coloração branco-esverdeado, protegidas por 5 brácteas que formam um cálice inteiro de forma tubular com corola de cor amarela e revestida de finos pelos; a floração se dá mais de uma vez por ano, isto é, a ingazeira frutifica praticamente todo o ano. Os frutos são lineares, alongados, do tipo vagem, variando o comprimento de 10 a 30 cm, cor amarelo claro, facilmente descascada, arilo flocoso, semelhante a algodão doce, envolvendo sementes verdes. A polpa, arilo ou sarcotesta é levemente fibrosa e adocicada, sendo consumida in natura.
A espécie Inga edulis ou ingá de metro, tem a fava mais dura e quando aberta uma polpa branca, macia, flocosa, consistência macia, sabor adocicado recobre grandes caroços pretos luzidios. A ingá-cipó não é nativa da Amazônia, porém vem sendo encontrada atualmente. Suas vagens grandes atingem 1 m de comprimento, meio espiralada.
VALOR ALIMENTÍCIO
Rica em sais minerais, açúcares, fibras, proteínas e umidade não é fruta cultivada, nem explorada comercialmente. É fruta de passatempo.
USO NA MEDICINA CASEIRA
Sob a forma de xarope usada para bronquite e cicatrizante com o chá obtido das folhas. Também tem propriedades anti-artrites, anti-reumáticas, dores reumáticas, disenterias, problemas intestinais, diarreias, dores de cabeça.
OUTROS USOS
Excelente em projetos de paisagismo não só em parques, praças e avenidas mas para arborização de calçadas estreitas; melíferas atraem pássaros e abelhas.Apresenta porte médio e crescimento rápido. Também para recuperação de áreas degradadas, principalmente matas ciliares.
A madeira é leve, macia, medianamente resistente e de baixa durabilidade, usada para fabricar brinquedos, lápis e caixotaria, lenha, carvão. As cascas são usadas em tinturaria e curtumes.
FOLCLORE
É muito conhecida no município de Ingazeira, em Pernambuco esta toada cantada por capoeiristas: O ingá da ingazeira/Ingazeira o ingá/Oioi, oioi ingazeira o ingá. Vou cantando a capoeira, ingazeira o ingá. Essa fruta é brasileira/ ingazeira o ingá. Do folclore popular, ingazeira o ingá. Se você quiser me ver, bote seu navio no mar/ ingazeira o ingá.
Também é muito conhecida a música Maringá de autoria do compositor e médico paranaense Joubert Gontijo de Carvalho, corruptela de Maria de Ingá, de grande sucesso até os dias atuais:
“...Maringá, Maringá, depois que tu partiste, tudo aqui ficou mais triste que eu garrei a maginá....Foi numa leva que a cabocla Maringá, ficou sendo a retirante que mais dava o que falar. Maringá, Maringá, volta aqui pro meu sertão/ pra de novo o coração do caboclo assossegar...”
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