INTRODUÇÃO
O Estado do Maranhão ocupa uma área de 328.663 km2, sendo o 2@ no Nordeste e o 7@ no País e está situado numa posição privilegiada, entre as Macrorregiões: Norte, Centro Oeste e Nordeste, apresentando as características climatológicas e principalmente fitogeográficas dessas três grandes regiões. Em consequência, a sua vegetação reflete, em grande parte, as condições de transição entre o clima super-úmido da Floresta Amazônica e o semi-árido da Caatinga.
Os Biomas são: Pré-Amazônia, Baixada, Litoral Norte e Nordeste, Cocais, Chapadões, Cerrado e Planalto.
Por sua localização entre a Amazônia, o Centro-Oeste e a Caatinga, no Maranhão, o bioma Cerrado que ocupa 33% do território, não é caracterizado por um determinado tipo de cobertura florística, e sim um complexo vegetacional, constituído, na sua estrutura, por um extrato arbóreo, consistindo de espécimes de troncos e galhos curtos, tortuosos e revestidos por casca grossa. Essas formações se distribuem dentro de um gradiente, cujos limites vão do campo limpo ao cerradão, e abrangem 33 municípios dos quais só 23 apresentam vegetação típica. Estende-se a sudoeste desde a bacia do Itapecuru, abrangendo os municípios de São Francisco do Maranhão, Barão do Grajau, São João dos Patos, Pastos Bons, Nova Iorque, São Raimundo das Mangabeiras, Montes Altos, Sítio Novo, Mirador, Riachão, Carolina, Imperatriz, Tasso Fragoso, Alto Parnaíba e pequenas áreas em Presidente Dutra e Bacabal. Ao sul da bacia do Mearim, o Cerrado chega a ocupar uma área de 7.500km2, principalmente em Grajau e Porto Franco. Em alguns municípios da Baixada, do Litoral e dos Chapadões encontra-se superposição de biomas, formando ecossistemas diversificados, de acordo com os tipos de solos e índices pluviométricos, como Santa Helena, Pinheiro, Itapecuru, Barreirinhas, Humberto de Campos, São Benedito do Rio Preto, Chapadinha, Vargem Grande, Urbano Santos, Pirapemas, Coroatá.
Sem uma consciência ambiental, por parte das populações que habitam essas regiões , nem políticas públicas voltadas para a exploração sustentável e com manejo adequado, e sem uma legislação mais rigorosa para frear o desmatamento, assistimos impotentes a redução progressiva da vegetação nativa para a expansão agropecuária. Quase 50% do território ocupado pelos municípios de Balsas, Riachão, Tuntum, Barra do Corda, Grajaú, Aldeias Altas, Caxias, Codó, Timbiras, Parnarama, São João Sóter, Urbano Santos, Vargem Grande, São Bernardo, Santa Quitéria, Barreirinhas, Chapadinha, Coroatá, São Benedito do Rio Preto, correspondendo a uma área de 25 mil campos de futebol, foram devastados para a implantação de projetos agropastoris.
As espécies mais importantes e comuns são: pequi, araticum, cajuí, murici, buriti, ingá, mangaba, sucupira, andiroba, jatobá, barbatimão, canela de ema, mutamba, pau santo, pau terra, pau de colher, pau de pombo, fava d’anta, e outros vegetais, quase todos com frutos bioativos e nutritivos que alimentam os povos que ali vivem: índios, quilombolas, gente sem terra. Entretanto, o corte indiscriminado dessas árvores, é responsável pela destruição da cobertura florística original, dando lugar a diferentes paisagens antrópicas.
Apesar da falta de uma política mais incisiva, visando o reflorestamento para recuperação das áreas degradadas, o Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo, pela biodiversidade dos vários ecossistemas que abriga.
FAVA d’ANTA - CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS
A espécie predominante no Maranhão, parte do Piauí, Ceará e Bahia é D.gardneriana.
Sinonímia: falso barbatimão, barbatimão de folha pequena, faveira, farinheira, canafístula e outras denominações, dependendo da região.
VALOR COMERCIAL - PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS
Das suas vagens extraem-se flavonoides do grupo dos polifenóis ou pigmentos vegetais que protegem as plantas contra os raios ultravioletas, assim como de fungos, insetos, vírus e bactérias. Controlam a ação de hormônios dos vegetais e agentes alelopáticos, inibindo as enzimas. O principal flavonóide é a quercetina, constituindo matéria-prima por excelência no desenvolvimento de produtos fitoterápicos como a rutina, sintetizada na planta, e que retarda o processo de envelhecimento, melhora a circulação, devido às suas propriedades vasodilatadoras, atuando sobre a resistência e permeabilidade capilar, semelhante à Vitamina P. Também possui ação anti-inflamatória, usada como agente terapêutico no tratamento de doenças que envolvem os radicais livres. Outro componente químico extraído de suas vagens é a ramnose, usada na indústria de cosméticos.
A rutina, flavonoide solúvel em metanol foi descoberta em 1936, pelo bioquímico húngaro Albert Szent-Gyorgy que a chamou de vitamina P.
Pesquisadores da Universidade da Bahia, em testes com a rutina obtiveram resultados surpreendentes em células cancerígenas, impedindo a formação de vasos sanguíneos que alimentam os tumores, freando o seu crescimento e induzindo à morte as células doentes. Quando associada à vit. C, aumenta a sua absorção, formando um complexo com os radicais livres, que protege o organismo de sua ação lesiva.
Esses favonóides biossintetizados a partir da via dos fenilpropanóides, fazem parte da importante classe dos polifenóis e podem pesar 10,25% da fava seca.
Várias instituições científicas estão desenvolvendo pesquisas para modificar os princípios ativos dos seus subprodutos, convertendo-os em remédio para o Mal de Alzheimer, agindo para melhorar o funcionamento neural e controle das convulsões.
Espécies caducifólias, pioneiras das plantas adaptadas a solos pobres, ocorrem agrupadas ou dispersas, desde formas arbustivas até espécimes cujos caules cilíndricos podem alcançar 25 a 30 m. de altura
A coleta das vagens é feita, geralmente, com o auxílio de instrumentos rudimentares como ganchos, forquilhas ou de maneira predatória pela quebra dos galhos. Depois são processadas, por trituração para extração do princípio ativo, de grande valor na indústria farmacêutica. No mercado encontra-se sob a forma de vitaminas e complemento alimentar. O subproduto é usado na alimentação de animais domésticos, também de tucanos, araras, antas e bovinos. Das cascas extrai-se tanino usado em curtumes. Seu manejo inadequado contribui, no entanto, para perda considerável de seus princípios ativos.
O Brasil comercializa 95% da rutina extraída, para o mercado internacional, constituído de 36 países, sendo o Laboratório Merck o maior comprador. De cada quilo de vagem, extraem-se 100 a 150 g de rutina ou cada 100g do pericarpo rende 8g de rutina. Somente uma planta chinesa possui os elementos químicos da fava d’anta, tão disputados pela indústria farmacêutica.
Provoca nos animais reações neurológicas estranhas, acompanhadas de dificuldade motora e fraqueza, tremores musculares, salivação espumosa, pelos arrepiados, timpanismo, distúrbios intestinais graves com fezes muco-sanguinolentas, coágulos sanguíneos, prolapso retal, problemas renais e aumento dos batimentos cardíacos. Pode provocar aborto em vacas. A dose letal éde25g/kg do peso vivo.
Das sementes obtem-se galactomananos para determinar o rendimento de polissacarídeos, na indústria alimentar. Na indústria de cosméticos extrai-se a soforina adicionada a creme para regular o brilho da pele.
A madeira é usada para tabuados, caixas, compensados, forros, brinquedos, painéis, postes, moirões de cercas, lenha e carvão. As mudas estão sendo usadas para recuperação de áreas degradadas e em arborização de projetos paisagísticos.
USO EM MEDICINA POPULAR
Antioxidante, cardiovascular, atua na oxidação de lipídeos e na radioproteção; também, anti-inflamatória, anti-carcinogênica. Usada para diminuir as dores provocadas por varicocele, hemorroidas e varizes e em pacientes hipertensos para prevenir tromboses ou em vítimas de irradiação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar da falta de políticas públicas para orientar o extrativismo dos frutos do Cerrado, algumas práticas e inovações em sustentabilidade, estão sendo adotadas para preservar as árvores, contribuindo com conhecimentos científicos e agregando valores a esses produtos vegetais, levando em consideração o crescimento economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto para essas comunidades que já se organizam em cooperativas familiares. Fomentando e dando suporte técnico algumas tentativas bem sucedidas vêm sendo adotadas em certas áreas, como em Januária e Montes Claros, norte de Minas, para coleta das favas, sem destruir os faveiros, substituindo a precariedade da extração, aperfeiçoando as técnicas corretas de manejo. Também incentivando o plantio de mudas, visando o reflorestamento das áreas degradadas e desestimulando o uso de troncos e galhos na produção de carvão. No Cariri, sul do Ceará, a produção de favas chega a ser de 300 toneladas por ano. O Laboratório Merck, em uma só oportunidade, comprou 350t. para repassar para a multinacional Nutrilite.
Aqui no Maranhão as tentativas são ainda tímidas e bem menos sucedidas. Entretanto o Laboratório Merck, adquiriu em 1989, a Unidade Agroindustrial da Fazenda Chapada, em Barra do Corda, com uma área de 3mil hectares, com o cultivo de jaborandi para extração da pilocarpina, com produção anual de 450 toneladas e, ultimamente da fava d’anta, para obtenção da rutina.
AGRADECIMENTOS
Ao Dr. Marco Antônio Teixeira Neto pela sugestão do tema e à Prof. Ana Maria Santana Neiva Costa pelas fotos de faveiros, enviadas de São João dos Patos, ambos sertanejos.
Sou da cidade de Iporá no interior de Goias, gostaria de saber se tem alguma industria que compra essa fava pois onde meu pai mora tem muitas arvores, e eu tive pesquisando sobre ele e vi que pode ter comercio, meu email é lucyannamorais@hotmail.com, gostei muito da sua postagem aprendi muito o que não sabia, desde já obrigado.
ResponderExcluirSou da cidade de Iporá no interior de Goias, gostaria de saber se tem alguma industria que compra essa fava pois onde meu pai mora tem muitas arvores, e eu tive pesquisando sobre ele e vi que pode ter comercio, meu email é lucyannamorais@hotmail.com, gostei muito da sua postagem aprendi muito o que não sabia, desde já obrigado.
ResponderExcluirVc conhece a guem que vende fava data manda o contato obrigado
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