MOEMA

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PAPIRUS DO EGITO

sexta-feira, 30 de maio de 2014

A CANA-DE-AÇUCAR E SEUS SUB-PRODUTOS




                                                A  RAPADURA

A rapadura é um produto sólido, obtido pela concentração a quente do caldo da cana-de-açúcar, sendo o seu ponto final conseguido por desidratação do caldo. A rapadura, produto natural e orgânico, tem sabor e odor agradável e específico, elevado valor alimentício, devido os elevadores teores de vitaminas ( A, C, D, B1 e B2)e sais minerais, como ferro, cálcio, fósforo, magnésio  e flúor.
Tradicionalmente consumida pela população nordestina, especialmente no sertão, constituída pelas camadas sociais de baixo poder aquisitivo e, ao mesmo tempo, reduzidas exigências em qualidade, a rapadura supre as suas deficiências nutricionais..
Riquíssima em calorias, chegando cada 100g a ter 132 kcal é considerado um alimento completo, pelos carboidratos, vitaminas e proteínas, indispensáveis numa alimentação adequada, e a partir de 1999 foi  incluida na merenda escolar, fornecida aos estudantes da rede pública.
Bem tolerada por recém-nascidos, ajuda a evitar a formação de gases e previne a constipação intestinal por apresentar leve ação laxante.
Além de manter a qualidade nutritiva da refeição, serve como fator estimulante e restaurador da agroindústria, principal agente econômico das regiões dedicadas à produção de rapadura.
                                      HISTÓRICO

A fabricação da rapadura iniciou-se nas Canárias, ilhas espanholas do Atlântico, possivelmente no século XVI, constituindo-se não apenas guloseimas, mas uma solução prática de  transporte em pequena quantidade, para uso individual. Como o açúcar comumente umedecia e melava o tijolo de rapadura acompanhava o viajante que o carregava em sacolas, devido ser de fácil transporte e possibilitar prática acomodação.
No Brasil, a rapadura começou a ser produzida no mesmo século da implantação dos primeiros engenhos de cana-de-açúcar. Era consumida principalmente pelos escravos e colonos pobres. Ainda hoje é obtida artesanalmente e em pequena escala, utilizando tecnologia simplificada e de baixo custo.
A rapadura é um produto de grande importância na cultura alimentícia do Nordeste.
De maior produtor, o Brasil perdeu a hegemonia para a Colômbia, na América Latina. A Índia é o maior produtor mundial.
                                   
                          O  AÇÚCAR  MASCAVO

O açúcar mascavo é um produto obtido pela concentração do calda-de-cana e representa uma prática bastante rudimentar na indústria açucareira. É também conhecido pelos nomes de açúcar bruto, açúcar batido, açúcar moreno, açúcar do dia, açúcar cansado, açúcar integral.
O processo de produção do açúcar mascavo é realizado em engenhos com baixo nível tecnológico, usando a lenha como fonte de energia.
O açúcar mascavo tem cor amarelo queimado, podendo ser mais ou menos escuro, dependendo da maturação e variedade da cana. Seu valor nutritivo é bem mais elevado do que o  açúcar refinado, possuindo frutose, glicose, ferro, magnésio, fósforo, manganês, zinco, flúor, cobre, provitamina A, vitaminas A, B1, B2, B5, B6, C, D , E, PP e proteínas, fornecendo  382 calorias. A maior parte do açúcar produzido é comercializado para lojas de produtos naturais.
                    
AS  GULOSEIMAS FEITAS COM MEL DE CANA

Várias guloseimas que adoçaram a nossa infância, até hoje são fabricadas com ingredientes variados, em confeitarias sofisticadas e servidas em festas infantis. As que fazem parte das nossas mais caras recordações eram feitas artesanalmente por doceiras da terra ou em casa mesmo. Quem não se lembra dos rebuçados, pirulitos, quebra-queixos, vendidos na rua ou do puxa-puxa de fabricação caseira?
Sem balas, chiclets e bombons de chocolate elas constituíam as nossas pobres guloseimas, responsáveis por uma satisfação gustativa passageira e por dores de dentes terríveis causadas pelas cáries.
Os rebuçados só tinham um rival: as pastilhas de açúcar adicionadas com essências de hortelã e de rosas.
O mel era também degustado com macaxeira cozida nas nossas merendas do dia a dia, chamadas atualmente lanches.
   
  A GARAPA  OU  CALDO DE  CANA

Suco ou caldo obtido pela moagem da cana em engenhocas rudimentares. Fazia parte do nosso calendário social, sairmos em grupos para tomar o suco nas garapeiras de Pinheiro, instaladas à época da safra da cana. Também chupávamos a cana cortada em roletes, geralmente feitos em casa, após a retirada da casca com uma faca afiada, operação essa  que requeria cuidados para não ferir-nos.
                                              
A  CACHAÇA

Pinga, cana, é o nome dado à aguardente, bebida alcoólica, tipicamente brasileira, sorvida pura, com cajus, limãozinho, seriguela e outros frutos como tira-gosto ou misturada com suco de limão, açúcar e gelo para fazer a mundialmente conhecida “caipirinha”.
A cachaça é obtida pela destilação do caldo de cana fermentado. A fermentação do melado serve, também para preparar o rum.
O nome cachaça origina-se da língua ibérica antiga, cachaza (vinho de borra), vinho inferior bebido  em Portugal e na Espanha; outros dizem ser proveniente de cachaço, nome dado ao caititu, porco selvagem de carne dura, amolecida com cachaça. Na produção colonial a cachaça era o nome dado à primeira espuma que subia à superfície do caldo fervido nos tachos e mais tarde nas caldeiras. Essa espuma era descartada; a segunda servia para alimentar animais e escravos. Essa bebida obtida , após fermentação  e destilação da espuma e do melaço era de baixa qualidade e adquirida por pessoas de baixo poder aquisitivo.
A cachaça atualmente tem grande importância cultural, social e econômica para o Brasil, relacionada diretamente com o início da colonização portuguesa que introduziu as primeiras mudas de cana-de-açúcar e instalação dos primeiros engenhos.
Tão importante para a nossa economia, para exportação e consumo interno que foi instituído um dia para comemorá-la ou bebemorá-la: o dia 13 de setembro.
Os primeiros relatos sobre a fermentação da cana vêm do Egito que usavam os vapores emanados da fervura da garapa no tratamento de várias doenças. Esse procedimento empregava uma chaleira e era feito em ambiente fechado.
Os gregos registraram o processo de obtenção de acgua ardens, denominando al huhu. Os alquimistas atribuíram-lhe propriedades místicas e medicinais, chamando-a de eau de vie.
Da Europa foi levada para o Oriente Médio durante a expansão do Império Romano. Foram os árabes que confeccionaram os primeiros equipamentos para destilá-la, misturando-a com licores ou com água (anis).
A cachaça brasileira tem na sua composição cerca de 300 substâncias, sendo 98% de água e etanol e 2% de compostos que conferem à bebida as características organoléticas, substâncias essas contidas no mosto, extraída do colmo e das reações decorrentes dos processos de fermentação, destilação e envelhecimento. Outras substâncias são acrescentadas para dar-lhe sabor, odor e coloração.
Há dezenas de denominações para a cachaça, usadas em cada região.

USOS  E  ABUSOS  DA  CACHAÇA

Bebida usada socialmente, servida inicialmente em botequins e hoje frequentando bares e restaurantes sofisticados. Vários coquetéis são feitos com a cachaça sendo a caipirinha o mais solicitado.
O uso abusivo da cachaça é causa de um dos maiores pragas da Humanidade: o alcoolismo, causador de dependência química, considerada doença pela OMS, requerendo tratamento drástico para a reabilitação dos viciados. Suas consequências não cabem neste texto despretensioso. Abordaremos apenas algumas doenças decorrentes da cachaça cujo teor alcoólico se situa entre 38 e 40%.
O álcool é veneno para o cérebro, causando embolia, formação de coágulos, isquemia, devido à contração dos vasos sanguíneos, todos esses sintomas, prelúdios de derrames. Causa  angina, crises de azia, insônia, refluxos,  pois se tomado à noite, a cachaça tende a relaxar o esfíncter, permitindo que o ácido suba ao esôfago. Não é recomendado em casos de úlceras gástricas, por causar danos à mucosa que reveste internamente o estômago, predispondo o organismo para o desenvolvimento de câncer do trato digestivo superior e inferior, próstata, mama e cólon e reto, ajudando a disseminar as células cancerígenas, Causa cirrose hepática, problemas psicológicos, psiquiátricos, neurológicos, não raro  evoluindo para o delirius tremens.


                                    



                            A CANA DE AÇÚCAR

HISTÓRICO

A cana-de-açúcar é originária da Índia e de outras regiões  do sul e sudeste asiático. Há muitos séculos os indianos moem a cana para obter o suco que é deixado  em repouso até ficar sólido. Da Índia a cana foi levada à Pérsia. No ano 600 d.C., os árabes invadiram a Pérsia e levaram a cana para a Arábia, com a expansão muçulmana. Quando os árabes conquistaram a Espanha, a cana foi plantada nas cidades de Granada e Valência. A produção de açúcar era tão pequena  que era vendido, em gramas, nas boticas.
Da Espanha, foram  trazida por Cristóvão Colombo, em 1493, canas da variedade Crioula, híbrido entre a  S. officinarum e a S.barberi, para as terras recém-descobertas do Novo Mundo, as chamadas Índias Ocidentais. A colonização começou em 1530 com o cultivo do açúcar iniciando em 1532  em São Vicente e, nos anos seguintes para a Bahia e Pernambuco. De acordo com Gabriel  soares, em seu tratado descritivo, assegura que foi na Capitania de Ilhéus onde primeiro se cultivou a cana, trazida das ilhas da Madeira ou cabo Verde.
Além do Brasil a cana foi levada para Cuba, México, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela. Em 1590, havia seis engenhos ou moendas em São Vicente, trinta e seis na Bahia e sessenta e seis em Pernambuco. A primeira moenda de Pernambuco , nos subúrbios de Olinda, foi instalada por Jerônimo de Albuquerque, que recebeu  a propriedade em 1534 do seu cunhado, o donatário Duarte Coelho.  Cerca de 40 navios deixavam anualmente as costas brasileiras abarrotados de açúcar. Em 1600 o Brasil já possuía 129 engenhos.  Menos de um século foi  necessário para a produção de açúcar tornar-se de grande importância mundial e os portugueses  seus maiores produtores, substituindo a indústria extrativa do pau-brasil.
E o açúcar se tornou o mais importante elemento do comércio exterior, sendo o Brasil a principal região tropical exportadora de açúcar para o mundo. Durante o século XVII o Brasil forneceu  a maior parte do açúcar consumida na Europa.
O açúcar foi a base da economia do Nordeste, na época dos engenhos, utilizando a mão-de-obra escrava, inicialmente indígena e depois de origem africana, utilizada até o fim do século XIX.
A produção do açúcar aumentava e, da mesma forma crescia  a riqueza de  Pernambuco . Essa riqueza  atraiu os holandeses  e, durante a invasão , o Conde Maurício de Nassau empregou grandes esforços para desenvolver de maneira mais racional a cultura da cana e consequente produção de açúcar. A expulsão dos holandeses em 1655 privou o Brasil do capital dos produtores holandeses, dos seus escravos, seu conhecimento prático e técnico.
Com a partida dos holandeses  e consequente redução do número de engenhos, a produção caiu de 100 milhões de libras esterlinas para oitenta milhões.
A maior parte dos holandeses expulsos estabeleceram-se nas  Índias Ocidentais, onde se entregaram no cultivo da cana, com grande sucesso.
A concorrência das Índias Ocidentais não foi o único entrave ao progresso  da produção de açúcar no Brasil. Havia uma causa interna de grande importância: a descoberta das minas de ouro e pedras preciosas em Minas Gerais, o que proporcionou uma intensa migração da população abandonando o cultivo da cana, principalmente em Pernambuco e na Bahia.
O açúcar ainda se manteve como produto importante, mas já não  como principal em fins do século XVII e  início do XVIII.
A política da economia continental de Napoleão Bonaparte que incentivou o cultivo da beterraba para  obtenção de açúcar desferiu um grande golpe na  produção açucareira do  Brasil. Na mesma época, no entanto, a destruição das safras de cana devida à uma rebelião dos escravos e à crescente importância dos Estados Unidos, como um novo mercado, trouxeram uma decidida elevação para os preços do açúcar, produzindo um renascimento da produção brasileira, principalmente em Pernambuco, Em 1822, a produção de novo excedeu à registrada no começo do século XVIII.
A revolução tecnológica açucareira foi seguida pelo desenvolvimento das ferrovias em todo mundo, entretanto o Brasil por não possuir uma rede ferroviária não conseguiu ajustar-se   ao novo desenvolvimento mundial; somente no século XVII o governo brasileiro dispôs-se  a estimular a introdução do sistema ferroviário Central do Brasil.
A abolição da escravidão  em 1888 influiu sobre a produção de açúcar, tal qual a corrida pelo ouro no século anterior. Os escravos deixaram as plantações e o Norte que não estava preparado para substituir o trabalho servil pela vinda de imigrantes, impediu-o de competir em condições de igualdade com seus concorrentes no mercado mundial. A exportação despencou, mas a I Guerra Mundial trouxe um novo alento à velha indústria, aumentando consideravelmente as exportações, durante de pois dela, atingindo o ponto culminante em 1922, quando o açúcar começou a ser produzido em usinas.

    A  CANA-DE-AÇÚCAR NO MARANHÃO

O açúcar foi um dos primeiros  produtos do Maranhão. Antônio Muniz Barreto, nomeado procurador da Fazenda, estabeleceu  em 1622 os primeiros engenhos de açúcar na ribeira do Itapecuru. No tempo da invasão holandesa (1641-44) há existiam naquela região  cinco engenhos aos quais se somaram seis pelos batavos, e um outro no Araçagy. Entretanto a produção maior era de aguardente e algum açúcar para consumo próprio. Em 1706, através de uma Carta régia foram abolidos os molinetes de aguardente.  Em 1722, nas fertilíssimas terras do Mearim os tr6es engenhos existentes foram abandonados com receio de agressões por parte dos índios.
Em outras regiões foram instalados engenhos que produziam o açúcar bruto. A Balaiada que convulsionou o interior do Maranhão, principalmente as regiões do Mearim, perturbou grandemente a agricultura maranhense, quase toda perdida pela invasão, saque e destruição das propriedades pelos balaios.
Em 1896, o Maranhão contava com duas usinas centrais, 58 engenhos a vapor e 71 movidos à tração animal ou água, sem contar numerosas engenhocas de cachaça e rapadura.
Este produto experimentou  grandes vicissitudes impostas por várias circunstâncias, tais como a falta de melhoria dos equipamentos, a escassez de capital, a falta de técnicos, contribuindo o espírito rotineiro dos  senhores de engenho que persistiam no fabrico do açúcar bruto e finalmente a extinção do tráfico de africanos, seguida pela abolição da escravidão.
Os engenhos maiores e mais importantes do Maranhão foram:  Engenho  São Bonifácio, fundado pelos Jesuitas, junto à Missão  de N. Sra. da Conceição em Maracu (Viana); Engenho Central de São Pedro e Usina Castelo, no vale do Pindaré; Usina Joaquim Antônio no município de Guimarães; Engenho d’Água próximo a Caxias e Usina Aliança, no município de Cururupu.
Durante cerca de 250 anos manteve-se o cultivo da variedade Crioula, sendo então substituída pela S. officinarum, a nobre, com variedade Bourbon.
                           
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

Visando à produção do etanol, o Brasil voltou a ser o maior cultivador da cana-de-açúcar, seguido pela Índia, China, Tailândia, México, Paquistão e Itália.  A cana foi a base econômica de Cuba até umas duas décadas atrás, quando perdeu o seu principal mercado: a União Soviética. Outros países de certa importância, onde o açúcar é o principal produto de exportação no Caribe são: Jamaica e Barbados. No continente africano destacam-se a África do Sul, Moçambique e ilhas Maurício.
No Brasil, os maiores estados produtores  estão na Região Sudeste, respondendo  por 64,5%, seguidas pelo Centro-Oeste, com  13,5%; Nordeste, 9,59% e Norte 0,29%.
A cana-de-açúcar não é comercializada in natura, e sim seus derivados: açúcar, álcool anidro, etanol hidratado, aguardente. Restritos ao consumo interno: o caldo ou garapa usado para fazer cachaça, o álcool e o rum; a massa escura para o açúcar mascavo  e a rapadura. As folhas e a vinhaça  ou vinhoto são usados como ração animal e o bagaço na cogeração de energia elétrica.
A cana-de-açúcar não deve ser tratada como simples produto vegetal e sim como importante biomassa energética, base para todo agronegócio sucroalcooleiro.
Em 1975 foi criado o Programa Nacional do Álcool ou Pró- Álcool, o mais importante programa comercial de utilização de biomassa para produção mundial de energia, representando excelente substituto do combustível derivado do petróleo. O etanol é menos poluente em comparação aos combustíveis fósseis, como o díesel e a gasolina. Dentro de algumas décadas, com o esgotamento das fontes de petróleo, pode ser a única alternativa viável, por ser renovável, no fornecimento de energia.
A política nacional para produção da cana se orienta na expansão sustentável com base em critérios econômicos, ambientais e sociais.

      CARACTERÍSTICAS  BOTÂNICAS

Conhecida pela denominação avaxi, em guaraní, a cana-de-açúcar é uma planta pertencente ao gênero Saccharum, da família das Poáceas.  Faz parte do grupo das Gramíneas com mais de 5mil espécies, entre as quais o bambu, o milho, o sorgo, o arroz, a bananeira, chamadas plantas rizomatosas, por extensão do caule que une sucessivos brotos. É uma planta viva com talho aéreo fibroso, atingindo 2 a 5m de altura, de cor diversificada  dependendo da espécie e dividido em nós e entrenós, mais ou menos largos conforme a variedade.
A planta é constituída por raízes, talho, folhas e flores. As raízes fibrosas  têm a função de absorver as substâncias nutritivas do solo para servir de alimento para a planta; apresentam um sistema radicular fasciculado.
 Quando se planta uma estaca ou haste  desenvolvem-se raízes transitórias e definitivas ou permanentes.
O talho é a parte mais importante, constituíndo o fruto agrícola e nele se encontra armazenado o açúcar. É ereto, delgado, agradável ao tato e extenso, formado de entrenós que variam  de comprimento, grossura, forma e cor, de acordo com a variedade. Os entrenós estão unidos por nós, lugar onde se enxertam as folhas. Nos nós se encontram as gemas, importantes na propagação da planta. A medula no centro é formada por tecido esponjoso, muito rico em suco açucarado que pode ser extraído por diversos processos. Dos nós brotam as folhas amplexicantes, revestindo a haste de modo alternado; são dísticas, planas e lineares, lanceoladas, lineares, largas e agudas. Apresentam uma nervura central   saliente e bainha espinescente e aberta, formadas por lâminas de sílica.. A sua cor é verde, variando a tonalidade com a variedade da cana e o estágio de desenvolvimento da planta. Essas folhas apresentam dois tecidos fotossintéticos distintos.
A florescência aparece de forma panicular ou em espiguetes e que se desenvolve a partir do último entrenó. A forma varia conforme a espécie e serve como elemento de identificação. Sobre as espigas desenvolvem-se flores pequenas,  hermafroditas, que produzem frutos do tipo cariopse, ovóides, pequenos, nos quais são encontradas sementes férteis que permitem a obtenção de novas variedades, através de trabalhos genéticos, desenvolvidos nas estações experimentais.
As variedades diferem em suas características de floração: em algumas a floração se dá mais cedo, enquanto noutras é mais tardia; com floração abundante, outras sem florescência.
As principais espécies são: Saccharum officinarum, S. spontaneum, S, robustum, S. sinensis, S. barberi e S. eduli. As principais variedades cultivadas no Brasil são: crioula, caiana, cana rosa, fita, bambu, carangola, cabocla, preta. O rendimento varia e função da qualidade do açúcar produzido, para formação dos canaviais.
Dois componentes ecológicos são  fundamentais  para o cultivo da cana: o clima e o solo. O clima favorável deve ser cálido e úmido, com temperatura por volta de 23@C, embora se desenvolva melhor em climas subtropicais; os melhores rendimentos são obtidos em climas temperados.
A cana-de-açúcar é muito eficiente na conversão da energia solar em açúcar e fibras, porém requer adequada quantidade de água. O clima é também importante fator no processo da fotossíntese: com pouco calor,  raios solares e pouca chuva, o processo de fotossíntese é direcionado para a fabricação de açúcar no colmo. Com calor, chuvas e raios solares todo o processo da fotossíntese é direcionada para o crescimento da planta.

 O  CALDO  DA  CANA  NA  MEDICINA  POPULAR

A cana pode ser consumida in natura, descascando-a e cortando-a em roletes para serem mastigados ou pela obtenção do caldo ou garapa, por moagem.
Indicado para  afecções renais, aumento da lactação e combate  a insônia. Antidiurético, contra hipotensão, angina, envenenamento, úlcera das córneas, rachaduras dos seios, aftas, pneumonia, tuberculose, escarlatina. erisipela, cólera, febre e vômitos na gravidez.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

GUARANÁ – O ELIXIR DA LONGA VIDA

    
                              INDRODUÇÃO
Índios foi a denominação dada por Cristóvão Colombo para os habitantes das terras recém-descobertas, quando chegou às ilhas Guanaány (São Salvador), em 1942, pensando ter chegado às Índias.
Durante mais de 500 anos de convivência, os índios vem nos dando  grandes lições de vida, retirando da natureza materiais que necessitam para sua sobrevivência: palhas para suas moradias, esteiras, cestos e cofos para transportar e guardar alimentos; madeira para estacas das palafitas e suas armas rústicas como arcos e flechas, tacapes;  alimentação obtida com a caça e a pesca; cerâmica para fabricar os utensílios essenciais (potes, panelas, pratos, urnas mortuárias); fibras para tecer redes de dormir e de pesca, cordas, esteiras;  além do cultivo  de produtos agrícolas como a mandioca, batata, inhame, amendoim, cará, castanha, banana, cacau, guaraná, preservando, ou invés de destruir o meio ambiente. Também uma grande variedade de remédios obtidos da flora silvestre (salsaparrilha, quina, óleos de copaíba, de rícino, de andiroba) e outros alimentos naturais que a floresta fornece, como palmito, tubérculos e frutas; o látex que abriu os horizontes para produção de artigos  de borracha, enfim,  as chamadas drogas do sertão que atraíram os primeiros exploradores estrangeiros, iniciando o ciclo do extrativismo.
O desmatamento  contínuo e a consequente degradação  ambiental das florestas equatoriais da América Latina, têm levado à procura de sistemas de manejos de recursos naturais que sejam ecologicamente sustentáveis e economicamente viáveis. Pesquisas recentes sugerem que sistemas de manejos nativos podem servir como alternativa às práticas baseadas principalmente nos modelos introduzidos dos ecossistemas e culturas não tropicais.
Afirma-se, também que a combinação das práticas desenvolvidas por grupos locais e adaptadas a ecossistemas específicos, além de suprir produtos básicos de subsistência á população, causam poucos distúrbios aos ecossistemas. Consequentemente, as práticas tradicionais de manejo de recursos são vistas como um modelo alternativo de uso da terra para amenizar o atual desmatamento desenfreado, recuperar áreas degradadas e incrementar e agregar o valor das matas tropicais.
Na Amazônia já existe um volume razoável de informações no que diz respeito às práticas nativas de manejo., a maioria deles baseado nos estudos de grupos indígenas. Esses estudos oferecem conhecimentos importantes sobre as diversas práticas de manejos, requerimento para subsistência e viabilidades ecológicas. Entretanto se os conhecimentos dos  sistemas nativos vão contribuir para melhorar as condições econômicas dos povos das florestas, que estão rapidamente integrando a economia de mercado,  soluções devem ser tomadas com urgência para descobrir os potenciais e limitações da adoção de práticas nativas de manejo de recursos naturais para  um desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Desde o Período Colonial a Amazônia fora espoliada em seus recursos florestais,  pelos europeus para exploração das chamadas DROGAS DO SERTÃO: essências, óleos de procedência vegetal como copaíba, andiroba e rícino para obtenção de azeite, cera, sabão; ervas usadas como remédios e outros produtos naturais como salsaparrilha, quina, cravo, canela, anil, corte  das árvores para madeira.
 Os primeiros europeus a adentrar a região foram os missionários Capuchinhos e Jesuítas  que reuniram os povos nativos em missões para aproveitar a sua mão-de-obra. Mais tarde o rei D. José com a colaboração do futuro Marquês de Pombal, criou a Companhia do Grão-Pará e do Maranhão (1755-1778), para promover o desenvolvimento agrícola no Baixo Amazonas e as oportunidades de comercialização criadas pela incorporação da região no mercado da economia.
Antes,  nessa  região fora praticado o extrativismo por franceses, holandeses, ingleses e irlandeses, além dos portugueses, ilhéus e mestiços.
Até 1975, eram explorados  de maneira predatória a resina da seringueira, essências, o açaí, o guaraná, o cupuaçu, o cacau, a sapucaia, a castanha, óleos vegetais, a caça de  animais silvestres e os peixes dos seus inumeráveis rios. A partir dessa época começou a difundir-se a noção de exploração sustentável, para evitar o esgotamento de suas potencialidades.

                            O  GUARANÁ
Seu nome deriva do tupi wara’ná que significa o início de todo conhecimento; outros dizem ser wara na ou frutos de olhos de gente. Cientificamente seu nome é Paulinia cupana, pertence à família das Sapindáce, chamado vulgarmente cupuna, waraná e uramá, naraná, uarana, guaranauva, guaranaina ou guaranazeiro. Nativo na floresta amazônica é, também encontrado, em estado silvestre no Peru, Bolívia, Colômbia, Venezuela. É cultivado em Maués no Amazonas e também na Bahia e Minas Gerais.
A designação Paulinia, é atribuída a Lineu para homenagear o médico e botânico alemão  Simon Pauli. Os índios da Nação Saterê-mawé tem lenda sobre a origem da planta e que será transcrita no final do texto.
                 CARACTERÍSTICAS  BOTÂNICAS

É um cipó lenhoso, de cor escura, trepador, podendo atingir até 10m de comprimento, com folhas trifoliadas ou com cinco folíolos; flores pequenas, branco ou amarelo-claro, hermafroditas.  Após a floração produz cachos  longos que chegam a ter 25  cm de comprimento; os frutos, tipo cápsulas de folhas invertidas com cerca de 2 a 2,5 cm de diâmetro, de cor avermelhada e alaranjada. Quando amadurecem 2 a 3 meses depois, abrem-se parcialmente deixando à vista uma a três  sementes esféricas, negras e brilhantes, em parte envoltas numa película branca, ou arilo, assemelhando-se com olhos. Formam cachos de até 50 unidades
Na natureza é encontrada como cipó, usando galhos de árvores como apoio; cultivadas tem o porte de arbusto, em moitas com 2 a 3 m de altura.
Na Bahia a  reprodução é feita por meio de sementes, enquanto na Amazônia são usados os processos de estaquia e enxertia.
Originária da Amazônia Brasileira, no médio Amazonas entre os rios Madeira e Tapajós, no território ancestral dos Saterê-Mawê, seus  primeiros cultivadores, pioneiros no processo de conservação para preservação das qualidades excepcionais do fruto, mais tarde desenvolvidas pelas comunidades caboclas. O processo consiste na torrefação lenta, em fornos de argila que permite a desidratação das sementes, sem oxidá-las. A torrefação demora umas 8 horas. Após esse  processo as sementes liberam nos grãos que são triturados com água para se obter uma pasta. Depois é amassada e rolada em forma de bastões que ficam em fumeiro por alguns meses. Durante o ano esses bastões são ralados, usando língua de pirarucu e depois misturados com água para obter-se a bebida.
As principais doenças atingidas pelos guaranazeiros são a antracnose e a fusariose que chegam a causar perdas de 100% da produção.

 VALOR  NUTRITIVO  E PROPRIEDADES  FARMACOLÓGICAS

 Nas plantas as xantinas são ligadas a açúcares, aos fenóis e taninos e são liberadas ou desconectadas durante o processo de torrefação, como no caso do guaraná, do café e do chocolate. É rico em substâncias funcionais como a cafeína dentre outras. Cada grão contém 4 a 8 gramas de cafeína, seu principal princípio ativo. Além dela encontram-se em sua composição outros alcaloides, terpenos, resinas, taninos, flavonoides, saponinas, amido e vitaminas. Citando as principais: adenina, alantoina, alfa-copaeno, anetole, carvacrol, cariofileno, catequinas, ácido catechu-tânico, colina, dimetilbenzeno, dimetilpropilfenol, estragol, glicose, guanina, hipoxantina, limoneno, mucilagem, ácido nicotínico, proantocianidinas, proteínas, resinas, ácido salicílico, amido, sacarose, ácido tânico, tanino, teobromina, teofilina, timbonina e xantina.
Também apresenta  sais minerais como o cálcio, fósforo, ferro, potássio e vitamina A e tiamina.

         EMPREGOS  EM  MEDICINA  POPULAR
 
Tônico, adstringente, febrífugo, diurético, serve para eliminar o cansaço físico e mental. Combate a hipertensão, pois ajuda a dilatar os vasos sanguíneos, expandindo-os e permitindo um melhor fluxo do sangue juntamente com nutrientes, mantendo a pressão arterial. Talvez por isso  se atribua a ele a função afrodisíaca. Mantém os níveis de glicose no sangue, diminui o apetite e aumenta a quantidade de calorias gastas, obrigando o organismo a queimar suas reservas de gorduras, promovendo  a sensação de saciedade, aumento  do efeito termogênico suave, e consequente emagrecimento. Evita  a formação de coágulos sanguíneos e dissolve os já formados. Potencializa os anticoagulantes, podendo suscitar efeitos contrários como dor de cabeça, se for utilizado como inibidor da MAO. Alivia as dores de cabeça, enxaquecas, sendo também, usado em nevralgias, lumbagos e reumatismo. Empregado em casos de perturbação gastrointestinal como flatulência, dispepsia, diarreia, prisão de ventre, ajudando a eliminar as toxinas que causam fermentação; combate as salmoneloses e a Escherichia coli.
Estimulante, aumenta a resistência nos esforços mentais e musculares e diminui a fadiga motora e psíquica. Por meio das  xantinas que possui, principalmente a cafeína e teobromina, o guaraná produz com mais rapidez a clareza de pensamentos. Em excesso produz insônia, irritabilidade, taquicardia, azia e dependência física. Aumenta a memória, graças a um óleo essencial encontrado nos grãos.
O guaraná, devido aos elevadores teores de cafeína, o dobro da encontrada no café é antioxidante, renovando as células do corpo, evitando o desenvolvimento acentuado de rugas e sinais de expressão.
Em pó deve ser usado  1 colher de café para 1 copo de suco de frutas, antes do trabalho ou para ir a baladas. Também é fabricado sob a forma de xarope, barras, pós e refrigerantes.
Contraindicado  na gravidez, lactação, hipertensão, problemas cardíacos, diabetes, úlceras, epilepsia.

                            HISTÓRICO
O botânico alemão Theodore von Martius realizou  as  primeiras análises químicas das sementes do guaraná, nos anos Setecentos. Conseguiu isolar uma substância amarga, cristalina com função fisiológica notável, batizando-a de guaranina, que é a cafeína ligada a um tanino ou a um fenol.
 Segundo alguns estudiosos foi o padre alemão Batentorf o primeiro civilizado a provar o guaraná dos índios da Mundurucânia, entre os rios Tapajós e Madeira. Chegara à aldeia, fatigado, febril e faminto devido à longa caminhada através da floresta inóspita. Os índios Mawé prepararam uma beberagem com o guaraná e segundo suas palavras: “Foi como se tivesse tomado o elixir da eterna juventude pois a recuperação foi rápida”.   Segundo alguns naturalistas, o Guaraná é uma planta, dos muitos tesouros etno-botânicos mantidos ciosamente pelos índios.

VALOR  COMERCIAL - INDUSTRIALIZAÇÃO
Pode ser encontrado para comercializar sob a forma de ramas, bastões só das sementes. Também xarope,  em pó, cápsulas, pasta para pasteis; entretanto 70% da produção brasileira é destinada aos fabricantes de guaraná.
O processo de industrialização no Brasil, começou somente em 1905 por Luiz Pereira Barreto, médico de Resende (RJ) que publicou um trabalho  que dá em análise preliminar 2,7 a 3,5 % de tanino e cafeína nas amêndoas e 2,7 a 3,0 na casca. Em 1906 foi lançado pela F. Diefenthaller, uma fábrica de refrigerantes, em Santa Maria (RS), seguida pela Cyrilla, em 1921 que produz o Guaraná Champanhe, marca genuinamente brasileira, líder absoluto no segmento guaraná com 37% de participação no mercado brasileiro. É distribuído em mais de  1milhão de postos em todo o país.
O Guaraná Antarctica, é o de maior aceitação no Brasil, pertence a AmBev, desde o ano 2000, quando foi criada. A sua fórmula foi desenvolvida pelo químico industrial Pedro Batista de Andrade, sendo os frutos procedentes de Maués.
Até 1962 o extrato era produzido somente em São Paulo, depois , começou a ser extraído em Maués.
Inicialmente o refrigerante era comercializado em garrafas de vidro, mas a partir de 1981 passou a ser encontrado em latas de folhas de flandres
Atualmente é vendido em embalagens Pet de 600ml, 1l,1,5l,2,5l, e 3,30l ou garrafas de vidro de 290 e de 350ml.
Um litro de refrigerante contém  apenas 0,02 g de guaraná.
Na Sérvia e em outros países do Leste Europeu fabrica-se uma bebida energética comercializada com este nome, mas ao invés do sabor doce de refresco tem sabor amargo e efeito cardioacelerador.
Portugal produz guaraná desde o final da década de 1990 com polpa  importada do Brasil.
A Amazônia já foi o maior exportador de guaraná, substituído por Taperoá, na  Costa do Dendê, na Bahia, com uma produção de 2.540 t contra 1080t da Amazônia.
Nas últimas décadas, a EMBRAPA desenvolveu duas variedades, através de técnicas de melhoramento genético, elevando a 40% a produtividade na Amazônia, além de tornar mais resistente a fungos e à antracnose. As variedades são: BRS Saterê e BRS Marabitanos.
Na fábrica da Antarctica estão sendo feitas pesquisas sobre o tipo de solo mais adequado, culturas paralelas e técnicas de combate às pragas sem agredir o meio ambiente.
A Fazenda Santa Helena foi implantada em 1971 com a preocupação de garantir melhor qualidade e repassar a tecnologia e os conhecimentos desenvolvidos no local para os demais fornecedores.
Esse é um trabalho pioneiro, utilizando no cultivo armações de madeira e arame, como as parreiras; encontradas  na natureza, no meio da floresta, agarrando-se nas árvores.
A comercialização de cada safra é feita com um ano de antecedência, pela  grande demanda do produto. Durante muito tempo, os índios Mawé-Sataré sustentaram uma produção incipiente; atualmente fora aumentada com os guaranazais implantados no município de Maués, onde tem o seu indigenato, dando, também emprego para milhares de famílias.
Outras marcas de refrigerantes à base de guaraná são: Brahma e Barés, e algumas menores, como Psiu, Taí.
Mas apesar de todas as qualidades reconhecidas mundialmente, as propriedades terapêuticas do guaraná ainda não são totalmente conhecidas.
 CURIOSIDADES  E    LENDAS  SOBRE  O  GUARANÁ
Quem visita os índios Maués, terá de participar  de uma “Sessão de çapó”: o guaraná é servido numa cuia e passa de boca em boca entre os presentes e tem grande significado religioso e social. Essa prática tem raízes nos tempos mitológicos da criação do mundo. Eis a  lenda:;
Onhiamuáçabê era uma jovem de estranhos poderes e tomava conta de Noçoquém, uma floresta encantada. Um dia, porém a moça foi seduzida por uma “cobrinha” e teve um filho, sendo por isso expulsa da floresta, pelos irmãos. O menino, ignorando  o perigo se alimentava de frutos de Noçoquém até que foi descoberto e eliminado pelos guerreiros dos tios. Onhiámuáçabê aos prantos   sepultou o filho e invocou as forças da natureza para  transformá-lo; dos olhos nasceu o guaraná e do corpo, alguns animais e também uma criança que deu origem aos índios Mawé. Então a moça profetizou:
- Tu, meu filho serás a maior força da natureza: quem provar de teus olhos (o guaraná) terá proteção, saúde e longa vida.
Essa é uma das formas (há outras lendas) que os índios Mawé encontraram para justificar a semelhança desse fruto com o olho humano.
Uma outra lenda mais difundida, envolve um casal de índios da tribo Mawé que não conseguia ter filhos. A esposa aflita, aconselhado pelo pajé recorreu a Tupã. Meses depois a índia pariu um menino que crescia saudável, bonito, criativo, prestativo e por essas qualidades amado por toda a tribo. A fama do curumim crescia despertando a inveja de Jurupari, um espírito do mal. Sempre acompanhando o menino, de maneira invisível quando ele ia à floresta.  Certo dia o curumim foi atraído para a parte mais interna da mata onde foi picado mortalmente por Jurupari que havia se transformado numa serpente. A morte deu-se quase instantaneamente. Preocupada com a demora do filho, a mãe pediu a ajuda de toda a tribo que saiu a procurar o pequeno. Quando o corpinho foi encontrado a mãe desesperou-se e toda a tribo ficou consternada. Nesse momento começou a relampejar e a cair um grande temporal com trovões e raios. Os índios disseram  ser o lamento de Tupã que enviou à mãe uma mensagem para arrancar os olhos do filho morto e enterrá-los separados do corpo. Algum tempo depois no local onde os olhos foram enterrados, brotou uma linda plantinha – o guaraná – com frutos vermelhos que na parte interna pareciam os olhos do infeliz curumim.
Há, no município de Maués, na época da safra a Festa do Guaraná, atraindo não só os  colhedores, mas cultivadores e até compradores. Não só dos bastões e xaropes , mas do artesanato, representando figuras zoomorfas e fitomorfas, confeccionados com a pasta do guaraná.