Dois termos muito empregados em textos sobre Nutrição, e no nosso dia-a-dia, porém pouco compreendidos. Vou tentar explicar do melhor modo possível, resumindo ao máximo, sem contudo, prejudicar as informações buscadas em livros específicos e em sites e blogs publicados no Google.
RADICAIS LIVRES
A teoria dos radicais livres surgiu em 1954 com o Dr. Denham Harmon, um dos precursores da teoria do envelhecimento, como consequência dessas substâncias em nosso organismo.
Recorrendo à Bioquímica, sabe-se que as moléculas são constituídas por átomos unidos através de ligações químicas, formadas por um par de elétrons. Quando essas ligações se desfazem cada fragmento molecular passa a conter um único elétron em sua órbita, agora não pareada e ávida para estabelecer nova ligação. Esses fragmentos carregados, instáveis e reativos constituem os radicais livres que agem como catalisadores ou pontes para desencadear reações químicas ou modificações em outras células. São, portanto, moléculas oxidantes altamente reativas que atacam outras moléculas através da captura de elétrons, modificando sua estrutura química.
Os radicais livres na sua corrida desenfreada em busca de parceiros, destroem enzimas, atacam células, ocasionando o seu mal funcionamento até a morte. O organismo humano possui enzimas protetoras que reparam 99% dos danos causados pela oxidação, controlando o nível dos radicais livres através do nosso metabolismo.
Durante a queima de oxigênio, o nosso corpo produz radicais livres, usados para converter os nutrientes dos alimentos absorvidos, em energia, isto é, quando, em níveis considerados normais não são prejudiciais à saúde. Eles são úteis e nosso organismo não sobrevive sem eles, pois são indispensáveis às nossas defesas contra as infecções. Em excesso podem ser tóxicos, contribuindo para o surgimento de algumas doenças resultantes do enfraquecimento do sistema imunológico e o envelhecimento precoce, bem como outros distúrbios como artrites, arteriosclerose, diabetes tipo 2.
O primeiro radical livre identificado foi o trifenilmetilradicol, descoberto por Moses Gomberg em 1900 na Universidade de Michigan (USA), obtida por acaso, demonstrando que o carbono nem sempre é trivalente. Publicou sua descoberta nesse mesmo ano, mas as polêmicas duraram quase uma década, sem que a comunidade científica reconhecesse a sua existência.
Essa descoberta foi essencial para explicar o funcionamento de algumas enzimas em nosso organismo, envolvidas no processo de envelhecimento, no seu funcionamento saudável, no desenvolvimento do câncer e outras doenças graves. Outrossim, para compreender a síntese do DNA e outros fatores naturais, como a deterioração dos alimentos aos efeitos das queimaduras solares.
Na Indústria teve importante papel na produção de borracha sintética, plásticos e outros sintéticos.
MECANISMOS DE AÇÃO DOS RADICAIS LIVRES
Os radicais livres agem como faíscas, iniciando reações que se espalham rapidamente, levando a danos extensivos que têm a capacidade de romper ácidos graxos insaturados, prejudicando a habilidade da membrana em transportar substâncias para dentro e para fora da célula. Também prejudicam as proteínas celulares, alterando suas funções e o DNA, perturbando todas as células que herdaram o DNA danificado.
Os processos metabólicos não constituem a única fonte de radicais livres. Obesidade, ferimentos, exercícios exagerados, doenças agudas, diabetes, também concorrem para a sua formação. Além desses processos endógenos, há fatores externos ou exógenos que contribuem para o aumento da formação dessas moléculas. Os principais são: poluição ambiental, raios X e radiação ultravioleta, tabagismo, álcool, resíduos de pesticidas, oligominerais, asbesto, altos níveis de consumo de vitamina C, níveis elevados de oxigênio, aditivos químicos, conservantes, hormônios presentes nos alimentos e bebidas, estresse, gorduras saturadas como frituras e gordura animal.
Quanto mais tempo de exposição aos fatores externos, maior é a probabilidade de formação de radicais livres; com o tempo esse efeito cumulativo pode causar alterações irreversíveis às células ou mutações que propiciam o aparecimento e desenvolvimento de células cancerosas.
O problema começa quando os radicais livres no corpo excedem as defesas contra eles, uma condição conhecida como estresse oxidativo, até então difícil de quantificar.
É exagero dizer que as ligações entre o estresse oxidativo e as doenças são intermináveis, mas os pesquisadores têm identificado ligações com o desenvolvimento de mais de duzentas doenças. Dentre elas: cegueira senil, artrite, enfisemas, manchas na pele, rugas precoces, alguns tipos de câncer, doenças cardiovasculares, catarata, diabetes e doença renais, Mal de Parkinson e Mal de Alzheimer.
Exercícios físicos exagerados são importantes geradores dessas moléculas que não são de todo ruins. Suas propriedades destrutivas são direcionadas para o bem quando utilizados por algumas células do sistema imunológico. Essas células produzem radicais livres como munição em uma queima oxidativa, que leva à destruição de vírus e bactérias, desempenhando papel importante no combate às inflamações e controlando o tônus muscular liso. As infecções, por conseguinte, causam um aumento detectável da atividade dos radicais livres por todo o corpo.
ANTIOXIDANTES
O organismo tem dois sistemas principais de defesa contra os danos causados pelos radicais livres: suas reservas de antioxidantes e seus sistemas de enzimas. Esses sistemas não são 100% efetivos. Se os agentes combatentes dos radicais estão insuficientemente presentes no corpo e se os radicais livres ficarem em excesso, problemas de saúde podem acumular-se à medida que as pessoas envelhecem.
Antioxidantes são moléculas com carga positiva que se combinam com os radicais livres, de carga negativa, tornando-os inofensivos, pela capacidade de bloquear as reações de oxidação desses radicais e oferecer proteção à membrana e outras partes das células.
Podem ser: hidrófilos quando solúveis em água e hidrófobos se solúveis em lipídios. Os primeiros reagem com oxidantes no citoplasma celular e no plasma do sangue e podem ser sintetizados pelo organismo. Os hidrófobos protegem a membrana celular.
Mesmo quando os radicais livres estão com concentração reduzida os antioxidantes agem como moduladores e não bloqueadores, ou seja, a mera ingestão de vitaminas não evita completamente a ocorrência de doenças por eles causadas, embora sua ausência favoreça o aparecimento deles.
As principais substâncias antioxidantes são as vitaminas, com reservas mantidas pelo nosso organismo: vitamina E, vitamina C e do precursor da vitamina A, o betacaroteno. Essas vitaminas se ligam aos radicais livres, tornando-os oxidados, portanto inativos. Uma vez oxidadas, algumas dessas substâncias podem ser regeneradas voltando à sua atividade antioxidante. Os radicas livres atacam as células do organismo continuamente, sendo necessário repor rapidamente esses suprimentos.
Entre as vitaminas antioxidantes, a vitamina E e os betacarotenos defendem os lipídeos, bloqueando a reação em cadeia. A vitamina C protege os componentes hidrossolúveis do corpo, como os fluidos do sangue, assim como neutraliza os radicais livres do ar poluído e da fumaça de cigarro, além de de recuperar a vitamina E oxidada para sua forma ativa.
Se os tecidos tiverem estoques extras desses antioxidantes, os danos celulares são mais leves, teoria essa usada pela indústria de suplementos vitamínicos. Pesquisas efetuadas demonstram que a suplementação com a vitamina E é inútil contra o câncer de cólon e pulmões.
Alguns fitoquímicos tem atividade antioxidante, embora ajam de muitas outras maneiras, também. Um, filtra a luz, outro diminui, alguns atuam como hormônios, outros inibem reações químicas nocivas, estimulam a imunidade e muitos outros agem por mecanismos ainda desconhecidos.
Fitoquímicos são compostos naturais encontrados apenas nos vegetais, protegendo-os contra fungos e bactérias. Eles não se encaixam em nenhuma categoria: não são vitaminas, carboidratos, gorduras ou vegetais. Embora não sejam nutrientes, isto é, imprescindíveis ao sustento da vida, são benéficos para a nossa saúde, prevenindo certas doenças. Existem quase 200 pigmentos diferentes de plantas nos alimentos que ingerimos. Os principais são as antocianinas encontradas em frutas que têm a cor vermelha como morango, cereja, framboesa; os carotenoides dão à cenoura, abóbora a cor amarela; a quercitina encontrada no chá, uvas vermelhas, roxas e pretas e vinho; a isoflavona , na soja, linhaça; betacaroteno na batata-doce; limoneno (flavonoide) encontrado nas frutas cítricas; allium na cebola e no alho; terpeno (flavonoide) encontrado no tomate; os feijões têm flavonoides saponinos. A maçã apresenta, também, flavonóides As frutas vermelhas também possuem ácido elágico; indoles isotiocinatos, encontrados no brócolis.
Os fenólicos do vinho inibem a formação do LDL ou mau colesterol; o ácido elágico protege as células saudáveis e o cérebro.
Os flavonoides são chamados polifenóis e já foram isolados mais de quatrocentos diferentes. As maiores categorias dos flavonoides são: flavonas, flavonóis, isoflavonas, antocianinas e catequinas.
As isoflavonas são flavonoides semelhantes ao hormônio estrogênio feminino, encontrados na soja, frutas vermelhas, sementes, grão-de-bico. Melhora a densidade óssea, diminui o mau colesterol, reduz os sintomas da menopausa e protege contra câncer de mama e da próstata.
Os índoles são encontrados em vegetais crucíferos(couve e repolho) e sua ação bloqueia o câncer de mama e da próstata.
Há ainda certos esteróis de plantas como o sitosterol, o estigmasterol e campesterol que baixam as taxas de colesterol.
Outros agentes desintoxicantes são encontrados nos alimentos como verduras folhosas, legumes, tubérculos, frutos e cereais integrais. Uma dieta rica em frutas, hortaliças e cereais fornecem grande variedade de antioxidantes, aumentando a defesa imunológica e diminui o risco de desenvolver doenças e envelhecimento precoce.
Dentre os minerais o selênio pode desempenhar papel atuante na prevenção do câncer principalmente de próstata, cólon e pulmões. Uma taxa adequada de selênio, inferior a 750 microgramas, não deve ser negligenciada.
PRINCIPAIS FITOQUÍMICOS
Capsaicina –pimentas ardidas- Reduzem riscos de coágulos fatais
Carotenóides (beta-carotenos, licopeno) – frutas e vegetais pigmentados – Reduzem riscos de câncer e outras doenças.
Cúrcuma – tempero amarelo – Inibe enzimas carcinogênicas
Flavonóides (flavonas, flavonóis, isoflavonas, catequina) – frutas vermelhas, chá preto, azeitona, orégano, cebola, uvas pretas, suco de uva, vinho, soja, verduras, trigo integral) – Antioxidantes; ligam-se a nitratos do estômago, impedindo a conversão em em nitrosinas e inibem a proliferação celular.
Indois – brócolis, couve, repolho, couve-flor, rábano, mostarda – Desencadeiam a produção de enzimas que bloqueiam o dano ao DNA, causado por carcinógenos e inibem a ação do estrógeno.
Isotiocianatos – brócolis e outras hortaliças como couve, couve-flor, repolho, rábano, folhas de mostarda – Inibem enzimas que ativam carcinógenos, desencadeiam enzimas que detoxificam carcinógenos.
Lignanas – linhaça e seu óleo e grãos integrais – Bloqueiam a atividade do estrógeno nas células, reduzindo o câncer de mama, próstata, cólon, ovários.
Monoterpenos (limoneno) – cascas e óleos de frutas cítricas – Desencadeiam a produção de enzimas para desintoxicar e inibir a produção de carcinógenos e a proliferação de células.
Compostos organo-sulfurados – cebolinha; alho; alho-poró, cebolas. – Aceleram a produção de enzimas destruidoras de carcinógenos e retardam a produção de enzimas ativadoras de carcinógenos.
Ácidos fenólicos – grãos de café, frutas, aveia, batata, soja -Desencadeiam a produção de enzimas para tornar os carcinógenos hidrossolúveis, facilitando a excreção.
Ácido fítico – grãos integrais – Liga-se a minerais, impedindo a formação de radicais livres.
Fitosterois (genisteina e daidezina) – soja e seus derivados, tofu, proteína vegetal texturizada, legumes – Liga-se à inibição de estrógeno e à replicação celular no trato digestivo e reduz os riscos de câncer de mama, de próstata, ovário, cólon; também da osteoporose.
Inibidores de protease – brotos de brócolis, batata; soja e outros derivados de soja – Reduzem a produção de enzimas em células cancerosas, retardando o crescimento tumoral; inibe a ligação do hormônio e inibe as alterações malignas das células.
Saponinas – brotos de alfafa e de outros vegetais; batatas; - tomate - Interfere com a replicação do DNA, impedindo a multiplicação das células cancerosas e estimulam a resposta imunológica.
Taninos – feijão-fradinho; uvas, lentilhas; vinho tinto e branco, chá – Inibe a ativação de carcinógenos e a manifestação do câncer; atua como antioxidante.
SUPLEMENTOS VITAMÍNICOS
Segundo algumas pesquisas os suplementos de vitamina E, ingeridos por um período de tempo podem aumentar os riscos de hemorragia cerebral. Retardam a coagulação sanguínea, agravam doenças autoimunes, como asma e artrite reumatoide.
A vitamina C quando em excesso eleva a absorção de ferro, frequentemente causando sobrecarga em algumas pessoas.
Suplementos diários de vitamina E, betacaroteno ou ambos não reduzem a incidência de câncer de pulmão entre fumantes e o betacaroteno pode aumentá-la.
Suplementos de selênio também são tóxicos, quando em quantidade elevada.
O QUE DEVEMOS FAZER?
Os alimentos liberam milhares de substâncias químicas, além de nutrientes. Não tente selecionar uns poucos nutrientes mágicos para tomar como suplementos. Frequente com mais assiduidade, as feiras, mercados e setores de supermercados onde você encontra uma grande variedade de frutas e hortaliças, ingerindo-as, diariamente, em quantidades generosas.
PRINCIPAIS ALIMENTOS
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Frutas: damasco, aspargo, cevada, manjericão, morango, amora, manga, mamão, tangerina, laranja, limão, açaí, jabuticaba.
Verduras folhosas: repolho, brócolis, couve-flor, alface, espinafre.
Cereais: arroz integral, aveia, cevada; soja, trigo integral, lentilha.
Legumes e tubérculos: cenoura, nabo, aipo, batata inglesa, batata-doce, gengibre, cebola, alho, abóbora, estragão.
PRINCIPAIS SUBSTÂNCIAS ANTIOXIDANTES
- Vitamina C – encontrada nos cítricos (laranja, limão) frutas amarelas ou vermelhas (acerola, morango, framboesas, amora, goiaba, caju, tomate) e verduras folhosas verde-escuro como brócolis. A vit. C neutraliza os radicais livres e ajudam a produção de colágeno. As frutas vermelhas contêm antocianinas e ácido elágico que evitam a formação de rugas.
- Vitamina E – presente no gérmen de trigo, óleos vegetais (soja, arroz) nozes, vegetais folhosos e legumes.
- Vitamina A – cenoura, abóbora, brócolis, melão, batata doce, damasco seco, castanha-do-pará.
- Zinco – carnes, peixes, aves, leite, ostras e outros crustáceos, aves, leite, feijão e nozes.
- Selênio – fígado, carne, ovos, aves, nozes, castanha-do-pará, alimentos marinhos.
- Licopeno – tomate.
- Isoflavonoides – soja
- Catequis – morango, uva e chá verde.
- Aveia – Vitaminas B1, B2 e silício que produz colágeno.
- Azeites extravirgem, contêm as vitaminas A, D e E que retardam o envelhecimento.
- Castanha-do-pará – selênio que combate os radicais livres, equilibra a função da tireoide oscilação da pressão.
- Linhaça – além de conter zinco, auxilia a síntese do colágeno, dá sensação de saciedade e regula a função intestinal.
- Salmão, atum – ricos em Ômega 3 que combate as reações inflamatórias.
- O tomate além de licopeno e vitamina C; contém, também magnésio e sódio que ajudam a combater a flacidez, retardando o envelhecimento.
-Vinho- contém substâncias antioxidantes como o resveratrol, antocianinas e flavonoides.
Outras substâncias antioxidantes: óleo de cártamo, planta asiática da família do girassol previne o envelhecimento e reduz a formação da celulite; lentilha, abacaxi, carne bovina, fígado, peixes e espinafre.
- O espinafre – tem magnésio, ácido fólico. Vit. A, B6, B12 que auxiliam na manutenção das células imunes.
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