É óbvio que é o dia 22 de agosto, quando comemoro meu
aniversário natalício é a data mais importante pra mim, pois o meu nascimento
encheu meus pais de orgulho e felicidade. Depois do mano Aymoré, uma garotinha
era tudo o que meu pai almejava. Não era
uma gracinha, mas saudável como uma novilha: pele parda, cabelos crespos, olhos
vivos, bochechuda, nariz de batata, mas era a princesinha de José Alvim.
Nascí às 11:30h, em Pinheiro, com
ajuda de parteira mas foi papai quem cortou meu cordão umbilical e me deu meus
primeiros banhos. Também com todo desvelo, após as mamadas, me punha em seu
ombro para arrotar. Sou grata a Deus ter sido concebida por essas duas
criaturas, as melhores que qualquer filho poderia ter.
Crescí cercada de cuidados e
atenções, além do carinho das tias: Nega pra cá, Xanxan pra lá, minha mãe me ensinando as primeiras orações e
Cecé, minha tia, me levando às Missas. Cheguei
aos 5 anos quando comecei a ser alfabetizada em casa. Filha de um homem idoso,
tão logo aprendi a ler, as bonecas foram substituídas por livros com belas
figuras e histórias infantis e da bíblia adaptadas para crianças. Tive todas as
doenças da infância: sarampo, catapora, caxumba, coqueluche, verminoses e, já
na escola piolhos e uma micose no couro cabeludo. Para tristeza do meu pai um
médico que havia chegado à cidade diagnosticou um tracoma e haja a esfregar uma
escovinha nos meus olhos até sangrar. Também tomei muito calcigenol, óleo de fígado
de bacalhau, emulsão de Scott, biotônico Fontoura e muitos vermífugos. Éramos
saudáveis, mas papai não se descuidava com a nossa saúde. A alimentação era boa e farta, leite mugido com uns pingos de
iodo, mel de cana e muitas frutas.
Ainda no Primário meu pai morreu e
deixou um vazio em todos nós, mas mamãe assumiu com garra e competência, as
rédeas da família a essa época acrescida com a chegada de José Paulo, o caçula;
também da farmácia que nosso pai deixou para o nosso sustento, além de uma casa
para cada filho. Apesar da influência do meu pai nunca o jornal local me chamou
de graciosa nem interessante petiz, fino
enlevo do lar, e outros elogios tão ao gosto dos colunistas sociais do interior
para agradar seus assinantes. Era sempre a inteligente garota, meus pais
ficavam satisfeitos e eu conformada e consciente da usura em atributos físicos
da natureza para comigo.
Tive uma adolescência feliz e
despreocupada; gostava de cantar, dançar mas, acima de tudo era grudada nos
livros. Li vorazmente os livros que meu pai deixara; mais tarde da biblioteca
do Convento das Irmãs do Sagrado Coração, com quem estudei no Ginásio, a da
Casa Paroquial, da amiga Marita Gonçalves. Também lia estórias em quadrinhos.
Ia ao cinema e assistia todas as estreias de filmes. Ia à missa das Crianças,
fui Goretti e mais tarde Filha de Maria e da Legio Mariae. Fiz nessa época amizades que perduram até
hoje: Niedja, Edméa, Marília, Flory, Maria Alice, Delfina (já morreu), prima
Maria Helena e outras amigas não tão
chegadas. Apaixonei-me, mas não de forma avassaladora, talvez só para não
destoar do grupo. Fiz e publiquei sonetos, acrósticos e crônicas, no jornal “
Cidade de Pinheiro”. Desde essa época já havia traçado as metas
para o futuro nada me desviaria
dos meus objetivos: queria estudar História Natural, nome mudado para Biologia.
Adorava as aulas de Latim (o terror das colegas), Português, História, Ciências,
Geografia. Detestava Trabalhos Manuais e Canto Orfeônico (Música) e me
arranjava com Matemática e Desenho.
Concluído o curso
ginasial vim para São Luis, com a bola
cheia, pois havia alcançado o 1° lugar (9,34), ganhando um prêmio em dinheiro,
doação feita pelo empresário Eduardo Aboud, cuja família começara seus negócios na antiga Vila, na primeira
década do século 20. Nessa época passei de inteligente a simpática e aplicada. Penso
que o prêmio deve ter ajudado no exagerado enxoval pedido pelas Irmãs
Dorotéias, onde fui interna no 1° ano do Científico. Nos dois anos seguintes
morei em casa da prof. Zaide Mattos, no sobradão à Rua João Victal de Mattos,
onde meu pai aprendera a manipular remédios. No 3° ano morei no Cristo Rei,
pensionato localizado na Praça Gonçalves Dias das Irmãs de Jesus Crucificado.
Tive e mantenho laços afetivos com muitas colegas do Científico, mas estava
ansiosa para esse período acabar e finalmente, desobrigada das aulas e provas,
começar no Cursinho Preparatório do Prof. José Maria de Amaral, as estudar as disciplinas
que realmente me interessavam: Biologia, Química, Física, Português. Não que
tivesse perdido o ímpeto de estudar: fui 1ª aluna do início ao fim do
Científico concluindo o curso com 9,58! Uma proeza, mas não ganhei a medalha.
Fiz o Vestibular para Farmácia e não
era muito apreciada pelos colegas, à exceção de Antônio Gaspar, meu amigo e
padrinho do meu filho. Os demais colegas tinham ficado reprovados para Medicina
e estavam só ganhando tempo. E eu, sempre me esforçando, estudando e tirando as
notas mais altas. Terminei o curso com 9,80! Isso me credenciou a ganhar uma
bolsa pela CAPES e fazer a minha primeira Especialização em Análises Clínicas
na antiga Universidade do Brasil. No ano seguinte fiz Saúde Pública na Fundação
Nacional de Saúde Pública em Manguinhos e fui bolsista-estagiária no Instituto
Osvaldo Cruz. Aproveitei o máximo que pude: entrei nos laboratórios onde trabalharam
Osvaldo Cruz, Carlos Chagas, Gaspar Vianna e
Arthur Neiva, dentre outros; manuseei seus livros, sentei em suas
poltronas, realizei meu sonho. Conhecí muitos pesquisadores nessa época, mas
foi um ano difícil para as Ciências: todos tinham receio de comentar sequer
suas pesquisas pois havia espiões do Governo Militar prontos para denunciar e
provocar o exílio, exoneração ou antecipando a aposentadoria. Tristes trópicos!
Sórdidos tempos! Não podia me dar ao luxo de ter saudades de casa: não tinha
amigos influentes nem dotes físicos atraentes. Só dispunha do meu cérebro e
sempre me sobressaindo pela dedicação e paixão a tudo que faço. Nessa época com
23-24 anos fui convidada pra ser professora de Parasitologia na FENSP, porém
sequer cogitei da possibilidade de aceitar tal convite. Ciosa da minha competência,
mas sempre modesta, segui os conselhos do namorado, colega de profissão, porém
ciumento e inseguro: submeti-me a dois concursos pelo Governo da Guanabara,
sendo aprovada nos dois, mas não me satisfizeram. No ano seguinte resolvi
aventurar-me em outros campos da Farmácia. Fui trabalhar no Laboratório Moura
Brasil-Orlando Rangel, como analista de matérias-primas, depois de produtos
acabados. Por minhas mãos passaram: Kolantil gel, Vick Vaporub, Supra-sumo. Com
o meu curriculum não tinha receio de mudar de emprego, de ares. Fui trabalhar
em Galvanoplastia, onde fazia a análise das matérias-primas e dos produtos
preparados. Essa empresa era a Orwec Química e Metalurgia do sr. João Havelange
nessa época presidente da CBD.
Nas férias, vim rever a família. Aqui
chegando, depois de ter passado uns dias em nossa casa no interior, fui à Faculdade
de Farmácia rever os funcionários e amigos. O dr. Salomão Fiquene, Diretor do
Curso, meu ex-professor e Catedrático de Parasitologia e ex-colega do prof.
Marcelo Silva Jr. e do dr. Edmar Terra Blois, Coordenador do Curso de Análises
Clínicas e Catedrático de Higiene da UB e Presidente da FENSP, respectivamente.
Baseado nesses elogios o dr. Fiquene me convidou para ajuda-lo nas aulas
práticas, percebendo 15,00, por aula e eu só podia dar um total de 13 aulas.
Muito pouco! No Rio, ainda com a Carteira Profissional em aberto ganhava 750
cruzeiros. Não aceitei de pronto, mas o mano me falou que no Centro de Saude
Paulo Ramos havia uma vaga no Laboratório de Bacterioscopia, acéfalo com o
pedido de licença do dr. Arnaldo Albarelli. O Diretor do Centro era dr.
Hamilton Raposo Miranda. Levei o meu curriculum, mas teria que ser aprovado pelo dr. Murad, Secretário
de Saúde. Ao fim e ao cabo estava eu no Rio para dar baixa na CP, comprar
livros e materiais para as aulas na Faculdade. Passei um mês estagiando na
Faculdade de Farmácia com o prof. Ênio Goulart, revendo as técnicas e
finalmente voltei para o Maranhão para desespero do namorado, a essa época
pesquisador da SUCAM.
Alguns meses depois o dr. Fiquene me
levou para ajuda-lo no Curso de Medicina. Corria o ano de 1968 e no ano
seguinte já era Regente de Cadeira.
Em fins de 1969 fui ao Rio, São
Paulo, Curitiba e Belo Horizonte para fazer testes para Seleção em Mestrado de
Parasitologia. O curso havia sido aberto no ano anterior. Passei nas
Universidades Federais de Minas Gerais e do Paraná. Também na rural do Km 47 do
Rio e na USP, sem carta de apresentação, sem referências, apenas com cópias
datilografadas do Curriculum. A 1ª parte foi fácil, a aprovação na seleção
faltando apenas a liberação por
parte da FUM. Foi uma novela que não quero recordar neste dia, mas só fui
liberada por que o Cônego Ribamar, então Reitor, convenceu os demais Diretores,
Superintendentes, que essa oportunidade estava sendo dada à FUM e não à prof.
Moema. Conseguí a liberação pelo curso de Medicina mas o de Farmácia se recusou.
O dr. Bacelar Portela Diretor do Centro de Ciências Físicas e Naturais aprovou
com a condição de arranjar quem me substituisse. Aí o amor fraternal e união
familiar prevaleceram. Vizinha de Aymoré fui pedir-lhe que ficasse no meu
lugar, argumentando que a Parasitologia é um ramo da Biologia do qual era
professor no curso preparatório para o Vestibular do prof. José Maria. Diante
disso os membros do Conselho Universitário concordaram e lá foi Moema de avião
até Brasília e de lá de ônibus para Belo Horizonte. Fui ainda procurar um hotel
e estremunhada e sem dormir fui direto
para o Instituto de Ciências Biológicas onde seria realizado o Curso. Adorei tudo: as
instalações, os equipamentos, aparelhos, colegas (12, cada um de um Estado) e,
principalmente os professores, todos pesquisadores reconhecidos nacionalmente.
Sem entrar em detalhes fiz o curso e com o ante-projeto da tese dei entrada na
Secretaria de Saude, de onde era funcionária pedindo licença remunerada, o que
foi negado. Com a bolsa da CAPES atrasada e o meu salário da FUM retido, quando
o dinheiro acabou e o Banco do Brasil se recusou a descontar os cheques de
viagem do Bancipe (o gerente me garantiu que havia agência em BH), enviei uma
CTN para Aymoré dizendo que iria abandonar o Mestrado. E o frio chegando e eu
sem roupas adequadas. Foi nessa época que perdi o luxo de jantar. Mas a grana
chegou: da FUM, do Bancipe e da CAPES e eu fiz a festa: cachecóis, japona de
camurça chiquérrima, casaquinhos, casacões, lenços, suéteres e tudo o mais que
se usa no frio. E o curso apertando e Mó se virando, pois os textos eram em
Espanhol, Inglês, Francês, Italiano e até Alemão. Ainda bem que tínhamos uma
colega filha de alemães. Dividia um apartamento perto da Alfredo de Galena,
Alagoas esquina com a Avenida Afonso Pena, com amigas, inclusive uma que entrou
no FB agora, Inesir Heringer e que indiquei seu nome para amiga do Grupo. No
curso tive grandes amigos como Paulo Zábulon de Figueiredo, veterinário cearense
mais tarde chefe do Departamento de Parasitologia da Universidade Federal do
Piauí e Bruno Schlemper Jr. médico, PhD e ex-reitor da Universidade Federal de
Santa Catarina.
Concluidas as disciplinas básicas e obrigatórias
faltavam as complementares. Fui à Brasília falar com o Prof. Lobato Paraense,
Diretor do Centro Internacional de Identificação de Caramujos e fiz, sob sua
orientação, o anteprojeto da minha tese cujo tema seria a Esquistossomose no
Maranhão. Orgulhosa, enviei uma cópia para a Secretaria de Saúde do Maranhão e
quem disse que continuaram me pagando? “ O Estado não tem interesse em estudar
tal doença e sim a SUCAM” indeferindo meu pleito. Não esmoreci: mudei-me para
Brasília e passei quase dois anos fazendo Malacologia (não é palavrão e sim o
estudo dos caramujos). Parte experimental feita e tese meio elaborada, vim a
São Luis, pois o Reitor havia mudado e
nada constava sobre mim. Passei 6 meses aqui só destrinchando a burocracia e em
busca dos relatórios enviados. Liberada fui diretamente para BH elaborar a tese
e felizmente consegui para essa etapa que o dr. José Pellegrino me aceitasse em
seu laboratório, disponibilizando
estatístico, geneticista e um professor para fazer as correções. Passava a
noite datilografando e no dia seguinte tudo cortado. Até que descobri o que eles
buscavam: enxugar e dessecar (não
dissecar) o texto, retirando todos os
adjetivos e deixando só o essencial. Texto conciso, autoexplicativo e com
análise estatística. No dia da defesa, tendo perdido 12 kg em 2 meses para
concluir minha tese depois de passar por perícia médica, fui ao salão fazer
unhas e cabelo, comprei uma saia envelope com uma blusa enfeitada de fitilhos e
a exibi como roupa estilizada de bumba-boi. Apenas 20 minutos cronometrados
para apresentar uma pesquisa com
tabelas, gráficos, slides nesse
exíguo tempo. Mas fui aplaudida de pé
não por mérito pessoal ou alto nível da pesquisa e sim porque entre os
convidados estava o dr. Raimundo Siebra de Brito, Superintendente da SUCAM e
meu amigo. Nordestino foi prestigiar a
sua quase conterrânea.
De volta para a UFMA, após a Departamentalização,
nova chateação: não poderia receber o salário do mês trabalhado porque a folha
de pagamento fora feita no mês anterior quando ainda estava defendendo a minha tese. Há muito mais,
mas não quero cansá-los. Aqui não havia estrutura para pesquisa e voltei apenas
a lecionar, fiscalizar provas de vestibular, participar de Comissões disto e
daquilo. Mas sempre fazia as minhas pesquisas com os poucos recursos que
dispunha. Aparelhos sucateados, comprei microscópio, lupa, slides, lâminas e
tudo o que um professor comprometido com a Educação precisa.
Mais tarde coordenei os primeiros
cursos de Especialização, e dava aulas para técnicos dos laboratórios da UFMA,
do município e do estado e para técnicos de laboratórios particulares. Também
coordenei o Programa de Iniciação Científica com 52 bolsistas do CNPq. Além de
todas essas atividades coordenei a 1ª Jornada da Sociedade de Parasitologia e
Doenças Tropicais do Maranhão. Orientei dezenas de monografias de Graduação e
algumas de Especialização. Participei de excursões com alunos, para desespero
dos meus chefes, sempre fazendo pesquisas sobre esquistossomose.
Em 1984, com direito a gozo do
período sabático, consegui ser aceita para fazer um Curso de Especialização em Entomologia
em BH, mas a burocracia novamente tentou me barrar. Descobriram que durante os
últimos 7 anos tive uma falta num dia 28
de fevereiro, quando fui liberada mediante convênio com o CNPq, a SUCAM
e a UFMA para fazer um estágio no núcleo
de Medicina Tropical na USP. (imunofluorescência indireta) visando a um
Inquérito Imunobiológico, a nível nacional, sobre a Doença de Chagas.
Contornado mais esse problema com a apresentação da liberação assinada pelo
reitor da época, fiz o Curso e ao voltar
começou a fase mais produtiva da minha carreira como pesquisadora. Fiz projetos
que foram aprovados pelo CNPq com liberação
de recursos e no Governo Sarney,
tendo um conterrâneo como Presidente, o dr. Renato Archer, de Codó como
Ministro da Ciência e Tecnologia. Dr. Josélio Carvalho Branco como
Superintendente da SUCAM e mais o apoio de alguns deputados federais dentre os
quais o dr. Antônio Gaspar, participamos de um Programa Interinstitucional para
Pesquisa das Doenças Endêmicas do Maranhão. Foram selecionadas: Malária,
Esquistossomose e Leishmaniose. Nada ganhávamos, pois fora a contrapartida da
UFMA e mais as instalações físicas; a SUCAM dava o apoio logístico, a FINEP os
recursos para a compra de equipamentos e outros materiais e a Secretaria de
Saúde entraria com 2 técnicos de nível superior. Mais entraves que para
contorna-los tive que pedir a intercessão do Pro-Reitor de Pesquisa e
Pós-Graduação da UFMA. Havia necessidade de tanta complicação?
No meu caso tive vários bolsistas
colaborando no Levantamento da fauna flebotomínica de São Luis. Muitas
monografias foram elaboradas, a nível de graduação e especialização. Dezenas de trabalhos foram
apresentados em Congressos da Sociedade de Medicina Tropical e de
Parasitologia, além é claro, nas nossas Jornadas de Parasitologia e Doenças
Tropicais. Instalamos um laboratório de criação de flebotomíneos, um dos poucos
do Brasil. Os demais eram o do Renée
Rachou, em BH; do Evandro Chagas, em Belém e de Manguinhos, no Rio. A nossa
coleção chegou a 12 mil exemplares de 19 espécies diferentes. Um feito e tanto!
Representei a UFMA num Congresso Médico da Amazônia, participei de debates em
congressos realizados em Campinas e em Belém.
Aí o sr. Fernando Collor de Melo
assumiu a Presidência da República e cortou nossos recursos, bolsas, enfim tudo
que conseguimos no governo Sarney. Pra não ficar de braços cruzados, com o
farto material coletado fiz, com a ajuda de bolsistas um levantamento da fauna
de Ceratopogonídeos (maruins) da Ilha.
Ia tudo bem apesar da falta de recursos,
pois os alunos eram dedicados e gostavam de pesquisar, mas aí começaram as
greves. Sou avessa a esse tipo de coisas, afinal de contas, nós professores
universitários tínhamos condições de dialogar sem movimentos paredistas.
Solicitei meu tempo de serviço, dei um “ciao”, voltando à UFMA apenas para participar
de bancas de defesas de monografias, de concursos para docente e algumas aulas
esporádicas. Só, então abri o Papiros do Egito com livros meus, do mano Aymoré,
da sua esposa já falecida dra. Maria Augusta e de algumas alunas mais próximas.
Realizei-me? Sim, só lamento ter
relaxado a educação do meu filho, pois as coletas de insetos eram feitas à
noite. Conhecí grandes pesquisadores, pisei solo sagrado pelos mais importantes
cientistas, fiz amizade com vários medalhões, impulsionei a carreira de vários
alunos e três deles superaram a mestra: dra. Cláudia Castro Gomes, PhD em
Parasitologia pela USP, dra. Andrea Pires, doutora em Biologia Parasitária e
atual chefe do Departamento de Patologia da UFMA e a dra. Orzinete Rodrigues,
coordenadora do Programa de Controle da Esquistossomose do LACEN.
Continuo a mesma: gosto de brincar,
mas não participo de festas carnavalescas, juninas, festas populares, desfiles
cívicos; não vou a shows, não curto teatro, cinema nem circo, nem concertos nem
óperas. Não vou a passeatas, carreatas, comícios, procissões, desfiles de
modas, praia, piquenique. Não corro atrás de trio elétrico nem vou a estádios
de futebol ou outro esporte. Não gosto de festas de formatura, batizados,
casamentos. Também só viajo por necessidade, enfim, SOU UMA CHATA DE
GALOCHAS!
- Editor: Thiago Silva Prazeres
- Editor: Thiago Silva Prazeres
Adorei ler todo um exemplo de vida de trabalho, Moema!
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