Neste momento em que se inaugura
esta Casa, concretização de um sonho acalentado há anos, cheio de júbilo,
explodindo de orgulho por participar, como coadjuvante, desta solenidade, deixo
aqui consignados os agradecimentos em meu nome e do povo de Bequimão pela
iniciativa da criação deste Centro onde serão expostos e comercializados o
nosso Artesanato, nossas pinturas e esculturas, nossa música, enfim, as artes
através das quais a nossa gente se expressa e se comunica com os seus
concidadãos.
Quero também deixar aqui patenteado,
como Secretário Municipal de Cultura, o meu compromisso de fomentar e realizar
ações culturais voltadas para as necessidades do nosso povo, resgatando
tradições já esquecidas, apoiando, incentivando as já existentes, sem criar
modismos, nem tentar imitar alhures.
Pretendo, outrossim retomar as
atividades artesanais, até agora negligenciadas, as quais num passado não muito
remoto, fizeram da antiga Vila de Santo Antônio e Almas, uma referência na
Baixada Maranhense. Quero, como todos os bequimãoenses ouvir e fazer com que
todo o Maranhão ouça a música dos fusos dos nossos teares na tecedura das
redes; queremos ver a fumaça dos nossos fornos na queima de alguidares, potes,
vasos, tijolos e telhas. Queremos sentir a azáfama do nosso povo produzindo e
não só esperando as benesses do Poder Público.
E é por acreditar em tudo isso que
aceitei voltar às minhas raízes para fazer despertar nos jovens conterrâneos
aquela chama que aquece a minha vida e ilumina os meus caminhos.
Eu quero ajudar a despertar-lhes sua
sensibilidade onírica, fazendo-os trabalhar com um material bem nosso
conhecido, o barro que pisamos desde que começamos a dar os primeiros passos,
criando obras de arte que possam ser reconhecidas em todo o País, pois somente
assim conseguiremos elevar o nível sócio-econômico e cultural do nosso povo.
E eu pretendo ser o instrumento
dessa mudança, eu que saí do Mojó aos dez anos de idade com uma mão na frente e outra atrás, como se diz, para retornar à
minha terra com um nome conhecido em quase todo o Brasil, sem nunca esconder as
minhas origens, grato a este povo que me viu nascer e crescer e que sempre
prestigiou os meus trabalhos.
Eu quero e posso despertar em nossos
jovens as suas potencialidades artísticas que jazem latentes em seus
intelectos, sufocadas pela luta insana e quotidiana pela sobrevivência.
Com a ajuda e colaboração de todos,
pretendo criar em cada povoado um pequeno núcleo cultural, deixando a cargo da
comunidade o livre arbítrio, a iniciativa da escolha de suas atividades
vocacionais que vão da organização de grupos folclóricos, como o bumba-meu-boi, o tambor de crioula, o terecô, os pastorais e reisados aos
festejos cívicos e religiosos, festas carnavalescas de rua, teatro,
pintura mural e de quadros, cerâmica, artesanato de fio, fibra, madeira, etc.
A mim caberá a tarefa de orientar,
reivindicar o suporte financeiro necessário, monitorar os gastos, prestar
contas, difundir, estimular a criatividade, descobrir talentos, organizar
exposições, feiras, eventos, conseguir mercado para a comercialização dos
produtos. Em todas essas etapas sei que posso contar com a colaboração de
todos.
Quem sabe com o apoio de uma equipe
de pessoas de boa vontade não estaremos em pouco tempo exportando a Cerâmica Jaburu, já por mim iniciada, com o rótulo “ Made in Bequimão”!
Agradeço a confiança depositada em
nosso trabalho, reafirmando o compromisso de colaborar para colocar uma seta
com muito brilho nos caminhos da Baixada e uma estrela-guia no mapa turístico
do Maranhão.
Fransoufer
Resultado dessa indicação como Secretário
Municipal de Cultura: sem ajuda do poder público e contando com meus próprios
esforços e de alguns jovens, construímos uma casa simples nas proximidades da
minha casa para servir de oficina para as atividades de cerâmica, queimadas num
forno artesanal da minha propriedade. As peças produzidas foram expostas em
duas ocasiões diferentes em São Luís: no Shopping São Luís e na Galeria de
artes do SENAC. Também conseguimos que as peças ficassem expostas à venda em
várias casas de artesanato da Capital, inclusive na Casa de Bequimão, com
trabalhos em lã, madeira, fibra e com outros materiais fabricados por artesãos
locais. Infelizmente esse espaço, orgulho da nossa gente, pois fora uma das
primeiras criadas por municípios maranhenses, cerrou suas atividades por falta
de pagamento do aluguel e das contas de água, energia e IPTU.
Também comprei às minhas expensas fios e
anilinas distribuídas às artesãs que ainda sabiam tecer redes. Poucas unidades
foram vendidas, embora o trabalho fosse de excelente qualidade e os desenhos da
minha autoria, expostas em São Luis na sede do SENAC.
Desenvolvemos com mulheres moradoras de
comunidades carentes trabalhos de tapeçaria, com desenhos de minha autoria.
Referidos trabalhos também foram expostos no Shopping São Luís e na Galeria do
SENAC.
Fiz oficinas em vários povoados não só de
Bequimão mas de Alcântara cujos moradores descendentes dos quilombolas já
tivessem prática em moldar cerâmica utilitária (vasos, potes, bilhas,
alguidares).
Outra atividade desenvolvida, também sem apoio
oficial, resultou da coleta de garrafas pet e outros artefatos jogados no lixo
e que foram reutilizadas na confecção de jarros, flores e outros enfeites.
Esta foi uma grande iniciativa do artista Fransoufer que visou, principalmente, levar às crianças e jovens de Bequimão uma oportunidade a mais na vida. Parabéns ao ilustre artista. Aymoré.
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