MOEMA

MOEMA
PAPIRUS DO EGITO

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

INAUGURAÇÃO DA CASA DE BEQUIMÃO


Neste momento em que se inaugura esta Casa, concretização de um sonho acalentado há anos, cheio de júbilo, explodindo de orgulho por participar, como coadjuvante, desta solenidade, deixo aqui consignados os agradecimentos em meu nome e do povo de Bequimão pela iniciativa da criação deste Centro onde serão expostos e comercializados o nosso Artesanato, nossas pinturas e esculturas, nossa música, enfim, as artes através das quais a nossa gente se expressa e se comunica com os seus concidadãos.
Quero também deixar aqui patenteado, como Secretário Municipal de Cultura, o meu compromisso de fomentar e realizar ações culturais voltadas para as necessidades do nosso povo, resgatando tradições já esquecidas, apoiando, incentivando as já existentes, sem criar modismos, nem tentar imitar alhures.
Pretendo, outrossim retomar as atividades artesanais, até agora negligenciadas, as quais num passado não muito remoto, fizeram da antiga Vila de Santo Antônio e Almas, uma referência na Baixada Maranhense. Quero, como todos os bequimãoenses ouvir e fazer com que todo o Maranhão ouça a música dos fusos dos nossos teares na tecedura das redes; queremos ver a fumaça dos nossos fornos na queima de alguidares, potes, vasos, tijolos e telhas. Queremos sentir a azáfama do nosso povo produzindo e não só esperando as benesses do Poder Público.

E é por acreditar em tudo isso que aceitei voltar às minhas raízes para fazer despertar nos jovens conterrâneos aquela chama que aquece a minha vida e ilumina os meus caminhos.
Eu quero ajudar a despertar-lhes sua sensibilidade onírica, fazendo-os trabalhar com um material bem nosso conhecido, o barro que pisamos desde que começamos a dar os primeiros passos, criando obras de arte que possam ser reconhecidas em todo o País, pois somente assim conseguiremos elevar o nível sócio-econômico e cultural do nosso povo.
E eu pretendo ser o instrumento dessa mudança, eu que saí do Mojó aos dez anos de idade com uma mão na frente e outra atrás, como se diz, para retornar à minha terra com um nome conhecido em quase todo o Brasil, sem nunca esconder as minhas origens, grato a este povo que me viu nascer e crescer e que sempre prestigiou os meus trabalhos.
Eu quero e posso despertar em nossos jovens as suas potencialidades artísticas que jazem latentes em seus intelectos, sufocadas pela luta insana e quotidiana pela sobrevivência.
Com a ajuda e colaboração de todos, pretendo criar em cada povoado um pequeno núcleo cultural, deixando a cargo da comunidade o livre arbítrio, a iniciativa da escolha de suas atividades vocacionais que vão da organização de grupos folclóricos, como o bumba-meu-boi, o tambor de crioula, o terecô, os pastorais e reisados aos festejos cívicos e religiosos, festas carnavalescas de rua, teatro, pintura mural e de quadros, cerâmica, artesanato de fio, fibra, madeira, etc.
A mim caberá a tarefa de orientar, reivindicar o suporte financeiro necessário, monitorar os gastos, prestar contas, difundir, estimular a criatividade, descobrir talentos, organizar exposições, feiras, eventos, conseguir mercado para a comercialização dos produtos. Em todas essas etapas sei que posso contar com a colaboração de todos.
Quem sabe com o apoio de uma equipe de pessoas de boa vontade não estaremos em pouco tempo exportando a Cerâmica Jaburu, já por mim iniciada, com o rótulo “ Made in Bequimão”!
Agradeço a confiança depositada em nosso trabalho, reafirmando o compromisso de colaborar para colocar uma seta com muito brilho nos caminhos da Baixada e uma estrela-guia no mapa turístico do Maranhão.                                                    
                                                                                                                                             Fransoufer

Resultado dessa indicação como Secretário Municipal de Cultura: sem ajuda do poder público e contando com meus próprios esforços e de alguns jovens, construímos uma casa simples nas proximidades da minha casa para servir de oficina para as atividades de cerâmica, queimadas num forno artesanal da minha propriedade. As peças produzidas foram expostas em duas ocasiões diferentes em São Luís: no Shopping São Luís e na Galeria de artes do SENAC. Também conseguimos que as peças ficassem expostas à venda em várias casas de artesanato da Capital, inclusive na Casa de Bequimão, com trabalhos em lã, madeira, fibra e com outros materiais fabricados por artesãos locais. Infelizmente esse espaço, orgulho da nossa gente, pois fora uma das primeiras criadas por municípios maranhenses, cerrou suas atividades por falta de pagamento do aluguel e das contas de água, energia e IPTU.
Também comprei às minhas expensas fios e anilinas distribuídas às artesãs que ainda sabiam tecer redes. Poucas unidades foram vendidas, embora o trabalho fosse de excelente qualidade e os desenhos da minha autoria, expostas em São Luis na sede do SENAC.
Desenvolvemos com mulheres moradoras de comunidades carentes trabalhos de tapeçaria, com desenhos de minha autoria. Referidos trabalhos também foram expostos no Shopping São Luís e na Galeria do SENAC.
Fiz oficinas em vários povoados não só de Bequimão mas de Alcântara cujos moradores descendentes dos quilombolas já tivessem prática em moldar cerâmica utilitária (vasos, potes, bilhas, alguidares).
Outra atividade desenvolvida, também sem apoio oficial, resultou da coleta de garrafas pet e outros artefatos jogados no lixo e que foram reutilizadas na confecção de jarros, flores e outros enfeites.

Um comentário:

  1. Esta foi uma grande iniciativa do artista Fransoufer que visou, principalmente, levar às crianças e jovens de Bequimão uma oportunidade a mais na vida. Parabéns ao ilustre artista. Aymoré.

    ResponderExcluir