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PAPIRUS DO EGITO

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

NOSSAS FRUTAS POPULARES

O Estado do Maranhão por sua singular situação geográfica, confere caráter de transição entre o Nordeste árido e semiárido e a Região Amazônica de clima úmido e semiúmido e fazendo fronteira, ao sul, com o Centro-Oeste, constitui um exuberante bioma , com diferentes ecossistemas, concorrendo para apresentar uma abundante variedade de espécimes, tanto da fauna como da flora.
Dizem os estudiosos que essa pujança  se deve à sua localização, logo abaixo da linha do Equador onde os raios Gama quase não têm inclinação o que faz com que as espécies, principalmente os vegetais apresentem significativa  mutação genética.
Geograficamente o Maranhão é dividido em sete regiões: Litoral, Baixada, Pré-Amazônia, Cerrados, Chapadões, Cocais e Litoral, possibilitando que esses ecossistemas se intercruzem, se superponham,  tornando-se um Estado privilegiado e diversificado sob o aspecto fito-fisionômico.
A Ilha de São Luís fica situa-se no Golfão Maranhense entre o Litoral Noroeste, próximo ao Piauí, na região de Cerrados e Chapadões e o Litoral Nordeste, fazendo fronteira com as regiões da Baixada e Pre-Amazônia. Entretanto, se considerarmos as plantas frutíferas, constata-se que a Ilha se tornou um ponto de convergência de todas essas regiões.
Nativas da região Amazônica encontramos, principalmente nas áreas rurais, as seguintes frutas: Bacuri, cupuaçu, cajá, sapoti, pitomba, goiaba, bacurizinho, açaí, mamão, maracujá, cacau, abricó, ingá, graviola, pitanga, ata, abiu, acerola. A região dos Cerrados concorre com jenipapo, muricí, abacaxi, pequi, araticum, umbu. Dos Cocais temos: macaúba, bacaba, pupunha, tucum, buriti, tucuman, anajá. Do Litoral, principalmente caju e criuri, guajuru, murta, araçá, guariroba, jambolão. A Baixada pela proximidade com a Pré-Amazônia apresenta as mesmas frutas. Pela distância do Planalto e dos Chapadões, chegam até nós apenas jatobá, mangaba, cagaita, sapucaia, tuturebá, oiti  e outras  frutas nativas.
E há ainda em abundância, principalmente nos sítios e quintais, fruteiras que não sendo autóctones se aclimataram bem entre nós:  várias espécies de mangas e bananas, abacate, jambo, tamarindo, carambola, melão e melancia, jaca, fruta-pão, romã, figo, e as cítricas.
Também são encontradas nos supermercados e até nas feiras e bancas de ambulantes frutas das regiões temperadas: pera, maçã, uvas, kiwi, chirimoia ou  atimoia, caqui, pêssego, ameixa, nêspera, nectarina, morango, variedades de tangerinas dentre outras.
Apesar da profusão de frutas os ludovicenses elegeram três como suas preferidas, por serem mais populares, nivelando ricos e pobres,  vendidas, na época da safra,  nas praias, bancas de ambulantes, feiras e mercados. São acondicionadas em saquinhos de nylon essas gostosuras e comemos, in loco, sem preocupações com higiene: PITOMBA, JAMBO e SERIGUELA, sendo que a pitomba é vendida em cachos.

PITOMBA -  Eugenia luschnathiana ou Talisia esculenta pertence à família das Myrtáceas e é encontrada da Amazônia à Mata Atlântica. Seu nome deriva do tupi-guaraní e significa  sopapo, bofetada ou chute forte. Propaga-se espontaneamente, através de sementes, pois os pássaros são grandes consumidores. É uma espécie angiosperma, com árvores pequenas com 4 a 5m de altura, copa frondosa, folhas  alternas, compostas por 2 a 4 folíolos verdes. As flores são hermafroditas e produzidas em cachos, iniciando a floração entre agosto e outubro com frutificação  entre janeiro e março. Os frutos são globosos, ovais com 2,5cm de diâmetro, casca coriácea, pardo-amarelada. No interior há duas sementes envolvidas por um arilo ou massa esbranquiçada, suculenta, doce, levemente ácida e de sabor agradável. A frutificação se dá 5 a 10 anos, após o plantio e produz, por safra, cerca de 100 cachos com 10 a 25 unidades.
Para os iniciantes, uma dica: quebra-se a casca com os dentes e chupa-se a polpa suculenta e ligeiramente ácida até desaparecer. Há uns trinta e dois anos, por ocasião da construção do Conjunto Maiobão, possuí um sitio com 4 a 5 pés de pitomba. Meu filho, tinha a essa época 2 a 3 anos e eu não permitia que ele comesse, daí orientar o caseiro para apanhar e vender toda a produção.

VALOR ALIMENTÍCIO E USO EM MEDICINA POPULAR – rica em vitamina C, usada para preparar licores, embora seja mais consumida in natura. Seus caroços adstringentes  são usados no tratamento de diarreias.
As árvores são usadas em projetos de arborização de parques, na recomposição de matas de preservação permanente. A madeira é dura, de textura média, baixa resistência ao apodrecimento, usada para forro, moldura, tábuas para assoalho e confecção de caixas. Está sendo testada, experimentalmente, uma proteína extraída das sementes – lectina contra pragas, fungos e carunchos da cana-de-açúcar, feijão, soja, estes últimos estocados. As folhas são ricas em tanino usado em curtumes.

A PITOMBA NO FOLCLORE – Não é de hoje que a pitomba  faz parte do imaginário e da cultura popular. No Nordeste  segundo Mário Souto Maior é conhecida como “chicletes de pobre” por ficar girando pelo céu da boca. É expressão nordestina: sofrer mais do que caroço de pitomba em boca de velho banguela. Também se diz das pessoas que têm o globo ocular saliente  olho de pitomba lambida, isto é, sem pestana. Os pregoeiros com suas varas nos ombros com cachos pendurados de pitombas costumam fazer divulgação dessa fruta, gritando: “Chora menino pra comprar pitomba.”
 A antiga festa de Nossa Senhora dos Prazeres,  evento cívico-religioso, comemorado anualmente no Monte Guararapes, cenário de uma das batalhas mais importantes do Brasil, travada entre  pernambucanos e holandeses no século XVI, é conhecida atualmente como Festa da Pitombeira.
Em relação à Música há uma composição de Paulo Fernandes, cantada pelo conjunto Pau e Corda: “Olaolô, morena flor de cheiro, sai dessa roda e quebra a corda, Te dou um doce cacho de pitomba, vem pra meu lado, sai da contramão...”
Ainda em relação à música há em Olinda, Pernambuco, uma agremiação carnavalesca famosa chamada Pitombeira dos Quatro Cantos, com hino composto em 1950 por Alex Caldas.
                  

 No próximo texto falaremos sobre o jambo e a seriguela.


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