Uma das minhas frutas preferidas é o jenipapo, embora não o consuma com muita frequência. Adoro o seu aroma inconfundível e o seu sabor exótico.
Gosto de degustá-lo, picando-o em
pedaços bem pequenos e amassando-os com açúcar, leite e farinha seca. Nos
últimos anos, com o diagnóstico de diabetes tipo 2, uso adoçante sintético.
Já fui exímia preparadora de licor
de jenipapo, indo ao Mercado Central para escolher pessoalmente os melhores
frutos. Escovava-os sob água corrente,
furava-os com um garfo e os punha em maceração na cachaça, ao invés de álcool
comercial. Essa preparação era guardada em lugar sem muito movimento e no
escuro. Dois meses depois, esmagava os frutos, levando ao fogo brando com um
pouco de açúcar, para fazer uma calda rala. Finalmente coava o líquido
resultante, punha na licoreira para ir degustando, aos poucos, rolando o
líquido na boca para melhor sentir o seu
buquê.
UM POUCO DE BOTÂNICA
O Cerrado constitui um dos nossos biomas
mais degradados, devido à desenfreada expansão agrícola, nas últimas décadas,
daí ser considerado hots pot, isto é,
ambiente ameaçado de destruição. Esse conceito foi criado pelo ecólogo inglês
Norman Myers para designar áreas prioritárias para conservação, com grande
biodiversidade ameaçada no mais alto grau. Com vegetais diversificados, destaca-se por características peculiares, como o grande
número de frutas desconhecidas, que chegam a ajudar a subsistência das
populações nativas. O jenipapo é um deles, embora ocorra em biomas da Amazônia,
Caatinga, Mata Atlântica e Pantanal, em matas úmidas, nas proximidades de rios,
sendo encontrado em praticamente todo o País, exceto Tocantins, Roraima,
Rondônia, Amapá, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Apesar de ser autóctone da América Tropical, o seu cultivo
foi introduzido, com sucesso, na África e na Ásia.
A árvore que o produz é o
jenipapeiro – Genipa americana, da família das Rubiáceas,
foi citada pelos primeiros navegadores dos séculos XIV e XV. Também, listada e
desenhada por Frei Cristóvão de Lisboa,
no século XVII, quando viveu em nosso Estado (História dos Animais e Árvores do
Maranhão). Em Poranduba Maranhense, o seu autor, Frei Francisco de N. Sra. dos
Prazeres Maranhão que passou por aqui no século XIX, se refere ao jenipapeiro
como uma árvore caducifólia, cujos frutos permanecem depois da queda das folhas e só amadurecem no
ano seguinte, quando a árvore estiver revestida de novas folhas. O jenipapeiro
chega a alcançar 20m de altura, folhas simples com 15 a 35 cm. de comprimento,
luzidias; flores com 5 pétalas brancas
ou amarelas; os frutos são bagas ovoides,
cor amarelo-pardacento, medindo entre 5 e 12 cm. Quando maduros apresentam a
casca rugosa, murcha e úmida e são muito aromáticos e suculentos. As sementes
são pardas, chatas e polidas. Seu nome deriva do tupi, yandi-pawa , que significa planta que serve
para pintar.
Os silvícolas até hoje usam o sumo
dos frutos verdes, para pintar o corpo. Empregado, também, em tecelagem, para tingir redes e tecidos. A cor
azulada é causada pela geniparina ou genipina,
em contato com as proteínas da pele, sob a ação do oxigênio atmosférico.
VALOR
ALIMENTÍCIO
Apresenta elevado teor de vitaminas do complexo B (B1, B2, B5 B12), Vit.
C.
Por causa da acidez dos frutos, o
consumo não é bem aceito in natura. Cem gramas da polpa fornece 113
kcal e apresenta 3,6mg de ferro. Rico em
carboidratos, proteínas, fibras, água e outros sais minerais como cálcio e fósforo, também, compostos fenólicos com atividade antioxidante.
Usado na alimentação de pessoas e
animais no Nordeste, suprindo a fome de populações
nativas.
PROPRIEDADES MEDICINAIS E INDUSTRIAIS
Suas raízes são usadas na medicina
popular, como purgatório e no tratamento da gonorreia; sob a forma de emplastros em caso de dores localizadas. As sementes esmagadas,
podem ser usadas como vomitórios. O chá de suas folhas, como antidiarreico;
reduz as taxas de glicemia; na sífilis e como cicatrizante. Os frutos verdes
ralados combatem a asma.
Pelo alto teor de ferro,
provavelmente associado à Vit. B12, os frutos são usados em casos de anemia, causada
pelo impaludismo
O suco do fruto maduro é usado como
tônico do estômago, diurético e desobstruinte. O decocto das cascas dos frutos,
usado para cicatrizar úlceras.
Fazendo incisões no seu tronco
escorre um líquido branco que combate a
catarata.
As cascas do caule e os frutos verdes, ricos em tanino são empregadas para
curtir couro. Há toda uma linha de cosméticos, à base da essência extraída de
suas flores aromáticas e melíferas: xampus, hidratantes, reparador de cabelos,
máscaras faciais, sabonetes em barra e líquidos, colônias.
O jenipapeiro é usado em projeto de reflorestamento
e no repovoamento da fauna nativa. Sua
madeira é mole, flexível, racha com facilidade, porém, aceita bem o verniz e é
usada em marcenaria, xilogravura e na construção naval e civil.
Excelentes para a preparação de sucos, refrescos, doces
cristalizados, jenipapadas, xaropes, licores.
MINHA HISTORIETA
Há uns 16 anos tive um grave problema de saúde, refletindo-se
em séria anemia causada por grandes perdas de sangue. Feita a ultrassonografia
do útero e ovários foi detectado um mioma na parede uterina, difícil de ser
extirpado. Enquanto resolvia se fazia ou não a histerectomia, o meu hematócrito
caiu, pela redução de hemácias, em quase 50%. Encaminhada por minha ginecologista dra.
Luciane Faray Brito, comecei a reposição com a dra. Ada Viana, de saudosa
lembrança, na sua Sanclínica Competente, decidida, corajosa, Ada que venceu
tantas vicissitudes sucumbiu a um câncer de sangue. O tratamento fora feito com
várias aplicações de Noripurun na veia,
diluído em soro fisiológico. Em poucas semanas as taxas subiram, podendo,
submeter-me a essa grande cirurgia. Só
que o jenipapo deu uma mãozinha no tratamento; diariamente comia com adoçante e
farinha seca. A dra. Andrea Pires, amiga e ex-aluna, também ajudou esse tratamento, enviando-me tortas
feitas com miolos de boi. O certo é que após recuperar a taxa de hemácias, solicitei
à dra. Ada retirar 500ml de sangue, para serem
transfundidos, em caso de hemorragia durante a intervenção cirúrgica.
O JENIPAPO
NA MPB E
NA HISTÓRIA
Alguns compositores famosos
utilizaram o jenipapo como tema de suas canções. O mais famoso deles, Vinícius
de Moraes empregou-a em O Pato. Também, não menos famoso Caetano Veloso compôs
uma música intitulada Jenipapo Absoluto. Há uma Banda nordestina com o nome
Jenipapo.
Há ainda uma tribo indígena dos
Jenipapo-Kanindé que habita a Lagoa Encantada.
Algumas cidades e pequenos cursos d’agua no Brasil,
principalmente no Nordeste, têm o nome de Jenipapo ou Jenipapeiro. Aqui no
Maranhão temos Jenipapo dos Vieiras.
Mas o local mais importante com essa
denominação, fica no Estado do Piauí, célebre
pelas lutas entre brasileiros partidários da Independência,
dentre os quais Francisco Inácio Costa e a resistência portuguesa, travadas às
margens do riacho Jenipapo, atual Campo Maior,
em 13/3/1823. Considerada uma das mais sangrentas para consolidação do
território nacional, na qual perderam a vida. piauienses, cearenses e
maranhenses, não faz parte dos nossos compêndios de História
. Em Parnaiba, um grupo liderado por
João Cândido de Deus e Silva e Simplício Dias da Silva aderiu à Independência
desde o dia 19/10/1822. O Major João José da Cunha Fidié, à frente de uma tropa
de soldados portugueses partiu de Oeiras, capital do Piauí, para sufocar o
levante, acampando na Fazenda Tombados, perto de Campo Maior. Daí partiu para
Estanhado, hoje União onde bateu-se com as tropas nacionalistas, desviando a
sua rota. Em Oeiras, o futuro Visconde de Parnaiba, Manuel de Sousa Martins,
proclamou a adesão ao Império e assumiu a presidência da Junta Governativa.
Fidié resolve voltar para a capital sendo batido pelas forças nacionalistas.
Enfraquecido, refugiou-se em Caxias, no
Maranhão, onde foi derrotado por maranhenses e piauienses em 31/7/1823. Alguns
historiadores afirmam que foi nessa época que chegou na Vila de Aldeias Altas
(Caxias), o português egresso das tropas de Fidié, João Manuel Gonçalves Dias,
que se tornou um próspero comerciante. De uma relação anterior ao seu
casamento, com uma mestiça no sítio Boa Vista, em terras de Jatobá a 14 léguas
de Caxias, nasceu em 10/8/1823 o nosso
grande poeta, Antônio Gonçalves Dias.
ADORO ESSA FRUTA, AQUI ENTÃO NÃO SE ACHA MESMO, E QUANDO ALGUÉM FICA FELIZ PORQUE ENCONTROU UM GENIPAPO, A TURMA TORCE A CARA, DIZ QUE É INSUPORTÁVEL. TAMBÉM NÃO SABEM O QUE ESTÃO PERDENDO.
ResponderExcluirQuem toma muito suco de jenipapo não tem pedras nos rins, elas dissolvem.O chá de 8 folhas novas em 2 lts de agua, toma de copo duplo ,e no outro dia urina todas as pedras sem dor.O chá e o suco tb dissolvem pedras da vesicula.De nada.
ResponderExcluirMuito obrigado
ExcluirEu tenho um pé em casa e produz muitos frutos.
ResponderExcluirEu tenho um pé em casa e produz muitos frutos.
ResponderExcluirme disseram que a casca seca do pé de jenipapo socada e colocada na água de um dia para o outro ,se tomada ajuda a emagrecer,alguém sabe me dizer se isto é verdade.
ResponderExcluirme disseram que a casca seca do pé de jenipapo socada e colocada na água de um dia para o outro ,se tomada ajuda a emagrecer,alguém sabe me dizer se isto é verdade.
ResponderExcluirE um fruto excelente, rico em ferro e combate a anemia.
ResponderExcluirVou experimentar como mascara facial usando mel.
ResponderExcluirAmei a página. Vou tomar o chá de jenipapo prá pedras nos rins.
ResponderExcluirAmo genipapo e principalmente o doce cristalizado. Estou com pedra no rim por isso vou tomar bastante chá e suco pra ver se consigo expelir essa pedra ou dissolver pois ela já está na Bexiga.
ResponderExcluirEu tenho várias mudas de jenipapo posso plantar em vasos.
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