MOEMA

MOEMA
PAPIRUS DO EGITO

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

JENIPAPO – UMA RESERVA DE FERRO




Uma das minhas frutas preferidas é o jenipapo, embora não o consuma com muita frequência. Adoro o seu aroma inconfundível e o seu sabor exótico.
Gosto de degustá-lo, picando-o em pedaços bem pequenos e amassando-os com açúcar, leite e farinha seca. Nos últimos anos, com o diagnóstico de diabetes tipo 2, uso adoçante sintético.
Já fui exímia preparadora de licor de jenipapo, indo ao Mercado Central para escolher pessoalmente os melhores frutos. Escovava-os sob  água corrente, furava-os com um garfo e os punha em maceração na cachaça, ao invés de álcool comercial. Essa preparação era guardada em lugar sem muito movimento e no escuro. Dois meses depois, esmagava os frutos, levando ao fogo brando com um pouco de açúcar, para fazer uma calda rala. Finalmente coava o líquido resultante, punha na licoreira para ir degustando, aos poucos, rolando o líquido na boca para melhor sentir o seu  buquê.
                                                     
                               UM  POUCO  DE  BOTÂNICA

O Cerrado constitui um dos nossos biomas mais degradados, devido à desenfreada expansão agrícola, nas últimas décadas, daí ser considerado  hots pot, isto é, ambiente ameaçado de destruição. Esse conceito foi criado pelo ecólogo inglês Norman Myers para designar áreas prioritárias para conservação, com grande biodiversidade ameaçada no mais alto grau. Com vegetais  diversificados, destaca-se por  características peculiares, como o grande número de frutas desconhecidas, que chegam a ajudar a subsistência das populações nativas. O jenipapo é um deles, embora ocorra em biomas da Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica e Pantanal, em matas úmidas, nas proximidades de rios, sendo encontrado em praticamente todo o País, exceto Tocantins, Roraima, Rondônia, Amapá, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Apesar de ser  autóctone da América Tropical, o seu cultivo foi introduzido, com sucesso, na África e na Ásia.
A árvore que o produz é o jenipapeiro – Genipa americana, da família das Rubiáceas, foi citada pelos primeiros navegadores dos séculos XIV e XV. Também, listada e desenhada por Frei  Cristóvão de Lisboa, no século XVII, quando viveu em nosso Estado (História dos Animais e Árvores do Maranhão). Em Poranduba Maranhense, o seu autor, Frei Francisco de N. Sra. dos Prazeres Maranhão que passou por aqui no século XIX, se refere ao jenipapeiro como uma árvore caducifólia, cujos frutos permanecem  depois da queda das folhas e só amadurecem no ano seguinte, quando a árvore estiver revestida de novas folhas. O jenipapeiro chega a alcançar 20m de altura, folhas simples com 15 a 35 cm. de comprimento, luzidias;  flores com 5 pétalas brancas ou amarelas; os frutos  são bagas ovoides, cor amarelo-pardacento, medindo entre 5 e 12 cm. Quando maduros apresentam a casca rugosa, murcha e úmida e são muito aromáticos e suculentos. As sementes são pardas, chatas e polidas. Seu nome deriva do tupi,  yandi-pawa , que significa planta que serve para pintar.
Os silvícolas até hoje usam o sumo dos frutos verdes, para pintar o corpo. Empregado, também, em  tecelagem, para tingir redes e tecidos. A cor azulada é causada pela geniparina  ou genipina, em contato com as proteínas da pele, sob a ação do oxigênio atmosférico.
  

                         VALOR   ALIMENTÍCIO



Apresenta elevado teor de  vitaminas do complexo B (B1, B2, B5 B12), Vit. C.
Por causa da acidez dos frutos, o consumo não é bem aceito in natura. Cem gramas da polpa fornece 113 kcal  e apresenta 3,6mg de ferro. Rico em carboidratos, proteínas, fibras, água e outros sais  minerais como cálcio e fósforo, também,  compostos fenólicos com atividade antioxidante.
Usado na alimentação de pessoas e animais  no Nordeste, suprindo a fome de populações nativas.
                                   
PROPRIEDADES   MEDICINAIS  E  INDUSTRIAIS

Suas raízes são usadas na medicina popular, como purgatório e no tratamento da gonorreia;  sob a forma de emplastros em caso de  dores localizadas. As sementes esmagadas, podem ser usadas como vomitórios. O chá de suas folhas, como antidiarreico; reduz as taxas de glicemia; na sífilis e como cicatrizante. Os frutos verdes ralados combatem a asma.
Pelo alto teor de ferro, provavelmente associado à Vit. B12, os frutos são usados em casos de anemia, causada pelo impaludismo
O suco do fruto maduro é usado como tônico do estômago, diurético e desobstruinte. O decocto das cascas dos frutos, usado para cicatrizar úlceras.
Fazendo incisões no seu tronco escorre um líquido branco que  combate a catarata.
As cascas do caule e os frutos  verdes, ricos em tanino são  empregadas para curtir couro. Há toda uma linha de cosméticos, à base da essência extraída de suas flores aromáticas e melíferas: xampus, hidratantes, reparador de cabelos, máscaras faciais, sabonetes em barra e líquidos, colônias.
O jenipapeiro é usado em projeto de reflorestamento e no repovoamento da fauna nativa.  Sua madeira é mole, flexível, racha com facilidade, porém, aceita bem o verniz e é usada em marcenaria, xilogravura e na construção naval e civil.
Excelentes para a  preparação de sucos, refrescos, doces cristalizados, jenipapadas, xaropes, licores.

                         MINHA HISTORIETA

Há uns 16 anos  tive um grave problema de saúde, refletindo-se em séria anemia causada por grandes perdas de sangue. Feita a ultrassonografia do útero e ovários foi detectado um mioma na parede uterina, difícil de ser extirpado. Enquanto resolvia se fazia ou não a histerectomia, o meu hematócrito caiu, pela redução de hemácias, em quase 50%.  Encaminhada por minha ginecologista dra. Luciane Faray Brito, comecei a reposição com a dra. Ada Viana, de saudosa lembrança, na sua Sanclínica Competente, decidida, corajosa, Ada que venceu tantas vicissitudes sucumbiu a um câncer de sangue. O tratamento fora feito com várias aplicações de Noripurun  na veia, diluído em soro fisiológico. Em poucas semanas as taxas subiram, podendo, submeter-me a essa  grande cirurgia. Só que o jenipapo deu uma mãozinha no tratamento; diariamente comia com adoçante e farinha seca. A dra. Andrea Pires, amiga e ex-aluna, também  ajudou esse tratamento, enviando-me tortas feitas com miolos de boi. O certo é que após recuperar a taxa de hemácias, solicitei à dra. Ada retirar 500ml de sangue, para serem  transfundidos, em caso de hemorragia durante a intervenção cirúrgica.
                      
    O  JENIPAPO  NA  MPB  E  NA  HISTÓRIA

Alguns compositores famosos utilizaram o jenipapo como tema de suas canções. O mais famoso deles, Vinícius de Moraes empregou-a em O Pato. Também, não menos famoso Caetano Veloso compôs uma música intitulada Jenipapo Absoluto. Há uma Banda nordestina com o nome Jenipapo.
Há ainda uma tribo indígena dos Jenipapo-Kanindé que habita a Lagoa Encantada.
Algumas cidades  e pequenos cursos d’agua no Brasil, principalmente no Nordeste, têm o nome de Jenipapo ou Jenipapeiro. Aqui no Maranhão temos Jenipapo dos Vieiras.
Mas o local mais importante com essa denominação, fica no Estado do Piauí,  célebre pelas  lutas  entre brasileiros partidários da Independência, dentre os quais Francisco Inácio Costa e a resistência portuguesa, travadas às margens do riacho Jenipapo, atual Campo Maior,  em 13/3/1823. Considerada uma das mais sangrentas para consolidação do território nacional, na qual perderam a vida. piauienses, cearenses e maranhenses, não faz parte dos nossos compêndios de História
. Em Parnaiba, um grupo liderado por João Cândido de Deus e Silva e Simplício Dias da Silva aderiu à Independência desde o dia 19/10/1822. O Major João José da Cunha Fidié, à frente de uma tropa de soldados portugueses partiu de Oeiras, capital do Piauí, para sufocar o levante, acampando na Fazenda Tombados, perto de Campo Maior. Daí partiu para Estanhado, hoje União onde bateu-se com as tropas nacionalistas, desviando a sua rota. Em Oeiras, o futuro Visconde de Parnaiba, Manuel de Sousa Martins, proclamou a adesão ao Império e assumiu a presidência da Junta Governativa. Fidié resolve voltar para a capital sendo batido pelas forças nacionalistas. Enfraquecido,  refugiou-se em Caxias, no Maranhão, onde foi derrotado por maranhenses e piauienses em 31/7/1823. Alguns historiadores afirmam que foi nessa época que chegou na Vila de Aldeias Altas (Caxias), o português egresso das tropas de Fidié, João Manuel Gonçalves Dias, que se tornou um próspero comerciante. De uma relação anterior ao seu casamento, com uma mestiça no sítio Boa Vista, em terras de Jatobá a 14 léguas de Caxias, nasceu  em 10/8/1823 o nosso grande poeta, Antônio Gonçalves Dias. 
 



12 comentários:

  1. ADORO ESSA FRUTA, AQUI ENTÃO NÃO SE ACHA MESMO, E QUANDO ALGUÉM FICA FELIZ PORQUE ENCONTROU UM GENIPAPO, A TURMA TORCE A CARA, DIZ QUE É INSUPORTÁVEL. TAMBÉM NÃO SABEM O QUE ESTÃO PERDENDO.

    ResponderExcluir
  2. Quem toma muito suco de jenipapo não tem pedras nos rins, elas dissolvem.O chá de 8 folhas novas em 2 lts de agua, toma de copo duplo ,e no outro dia urina todas as pedras sem dor.O chá e o suco tb dissolvem pedras da vesicula.De nada.

    ResponderExcluir
  3. Eu tenho um pé em casa e produz muitos frutos.

    ResponderExcluir
  4. Eu tenho um pé em casa e produz muitos frutos.

    ResponderExcluir
  5. me disseram que a casca seca do pé de jenipapo socada e colocada na água de um dia para o outro ,se tomada ajuda a emagrecer,alguém sabe me dizer se isto é verdade.

    ResponderExcluir
  6. me disseram que a casca seca do pé de jenipapo socada e colocada na água de um dia para o outro ,se tomada ajuda a emagrecer,alguém sabe me dizer se isto é verdade.

    ResponderExcluir
  7. E um fruto excelente, rico em ferro e combate a anemia.

    ResponderExcluir
  8. Vou experimentar como mascara facial usando mel.

    ResponderExcluir
  9. Amei a página. Vou tomar o chá de jenipapo prá pedras nos rins.

    ResponderExcluir
  10. Amo genipapo e principalmente o doce cristalizado. Estou com pedra no rim por isso vou tomar bastante chá e suco pra ver se consigo expelir essa pedra ou dissolver pois ela já está na Bexiga.

    ResponderExcluir
  11. Eu tenho várias mudas de jenipapo posso plantar em vasos.

    ResponderExcluir