MOEMA

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PAPIRUS DO EGITO

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O CULPADO FOI O TAMARINDO


Tamarindo ou tamarino é o fruto  de uma planta – Tamarindus indica – originária das savanas africanas (África Tropical) e segundo outros pesquisadores,  seria oriunda da Índia. No Brasil é encontrada nas regiões Norte e Nordeste.
O nome tamarindo originou-se do árabe tams hind que significa tâmara indiana. A árvore é decorativa e chega a alcançar 25m de altura. Pertence à família das Leguminosas, com tronco muito ramificado com ramas curvadas, formando uma copa densa. Suas folhas são compostas e sensíveis à ação das baixas temperaturas. As flores são hermafroditas, amarelas ou avermelhadas, reunidas em pequenos cachos axilares Os frutos são vagens oblongas e indeiscentes, com 5 a 15 cm, casca parda, lenhosa, quebradiça, com 3 a 8 sementes envolvidas por uma polpa escura e agridoce.
O cerne da madeira é duro, difícil de trabalhar e resistente à ação dos cupins, sendo usado na fabricação de móveis,  brinquedos e na produção de carvão.

                           VALOR  ALIMENTÍCIO

Altamente calórico: cada 100g fornece 272 kcal. Rico em vitaminas A, B1 e C e minerais como cálcio, fósforo e ferro, assim como proteínas, lipídios e carboidratos.                                                                                                                                   
Seu sabor característico agridoce,  decorre dos elevados teores dos ácidos tartárico e málico. Sua polpa conserva-se muito bem, desde que as cascas se mantenham inteiras. Usada na preparação de  geleias, sorvetes, cremes,  licores,  caldas e sucos; estes devem ser preparados imediatamente antes do consumo, para evitar a fermentação que pode ocasionar alteração no sabor e causar distúrbios intestinais,. Muito ácidos quando  maduros, as pessoas preferem comê-los arientos ou  de vez, isto é, próximo à maturação.

                    PROPRIEDADES  MEDICINAIS

A polpa é laxativa, usando-se 50-100g por litro dágua. Estimulante das glândulas salivares devido ao ácido tartárico; usada, também, na preparação de xaropes. Suas folhas são aproveitadas como vermífugas  e as sementes como forrageiras.
Sob a forma de tisanas indicadas para estados febrís, disenterias, irritação intestinal e cólicas hepáticas

                             NOSSA HISTORIETA

Era o ano de 1958,  Anos Dourados na Música, nas Artes, no Desenvolvimento do Brasil, cujos ecos chegavam até a nossa, ainda, acanhada cidade de Pinheiro, através das matérias publicadas na revista O Cruzeiro, das reportagens projetadas pelo Cinema dos Gonçalves antes do inicio dos filmes, pelos bolachões que Aymoré levava em sua bagagem, nas férias, também ouvidos na Voz Paroquial, contagiando-nos  e levando-nos a fazer parte desse processo.
Em 1956, a minha mãe já viúva há quatro anos, casou-se com o poeta Abílio da Silva Loureiro, responsável pela explosão poética-cultural que ocorreu a partir dessa época. O nosso semanário Cidade de Pinheiro, em sua página cultural,  publicava nossas crônicas e poemas: Aymoré, Jurandy, Erasmo, Nair Amate,  Tinche,  Abraão, José Anastácio e outros mais velhos como Carolina Moraes, Maria Quitéria  Cerveira, Leomar Veloso, Graça Moreira, Marita Gonçalves e até eu, cometíamos os nossos sonetos e acrósticos.
O mundo era nosso, estávamos com quinze anos e prestes a concluir o curso ginasial. Tudo era alegria, mas com um sabor agridoce, como os tamarindos. Tudo que fazíamos mesclava a nossa euforia com um travo de saudade, de melancolia, pois estávamos despedindo-nos de uma etapa da nossa vida, para prosseguir em São Luis, os nossos estudos. Os bailes, piqueniques, passeios na Faveira, festas religiosas, desfiles cívicos,  em tudo, permeava  um quê de nostalgia. Pobres de nós que sem conseguir enturmarmo-nos com as novas colegas da capital, frequentando seus clubes e tertúlias, namorar os cadetes das Agulhas Negras, voltamos a badalar em Pinheiro, com mais vontade e savoir-faire.
Pois bem, antes da conclusão das aulas, nos primeiros dias de outubro, enquanto o Papa Pio XII agonizava, após a aula de Educação Física com o prof. Antônio Carlos Guterres, passamos pela casa do sr. Carrinho Pimenta, numa esquina, quase em frente ao convento das Irmãs e resolvemos apanhar uns tamarindos. Sempre que pedíamos a família nos franqueava, mas nessa tarde resolvemos apanhá-los com paus e pedras. Certeira na pontaria conseguí um punhado de suculentos frutos arientos e comí até fartar-me.
No dia seguinte, logo na primeira aula de Português, ministrada pela Irmã Rute, responsável, também pelas aulas aos sábados de Boas Maneiras, recebemos uma vexatória descompostura: isso não era o que se esperava de moças educadas, comportamento inadequado  de alunas às vésperas da formatura, incompatível com o nosso status social. Além do mais, dando risadas, falando alto e maculando a imagem do Ginásio, pois estávamos desrespeitando uma das farda (saia-calça e blusa azul e tênis com meia soquete na cor branca). E por tudo isso, recebemos uma punição severa: suspensão por 3 dias.
Cabisbaixa e sentindo-me injustiçada, pois era apenas o uniforme de ginástica, voltei pra casa, após tentarmos descobrir a autoria da denuncia. Fulana? É bem capaz, ela adora um fuxico. E beltrana? que vive licutindo no ouvido das freiras!
Provavelmente pelo excesso de tamarindos degustados , aliado a essa punição que achei exagerada, tive uma das maiores crises hepáticas da minha vida.

Até hoje aumenta a minha salivação só pela lembrança desse episodio, mas tamarindos, só em polpa, adquirida de cinco em cinco  anos, e usados como laxante!



Um comentário:

  1. Aymoré Alvim13 outubro, 2013

    Lendo teu trabalho sobre tamarindo não só lembrei-me dos tempos de infância como recebi muitas informações a respeito.

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