MOEMA

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PAPIRUS DO EGITO

domingo, 22 de setembro de 2013

A CARAMBOLA VILà




A carambola- Averhoa carambola ( sânscrito kurmurunga), nome deriva do francês carambole, pertence à família das Oxalidáceas. Originária do Sri Lanka e Ilhas Molucas, segundo uns autores ou da Indonésia, India,e até Malásia, de acordo com a maioria, é encontrada no Sudeste Asiático e Pacífico Sul. Cultivada há milhares de anos, na India, como planta ornamental, foi levada para a China onde aclimatou-se muito bem. Trazidapara o Brasil, em 1817 por Paul Germain, botânico francês,foiintroduzida no Estado de Pernambuco, distribuindo-se por todas as regiões do país. Pode, também,ser encontrada na Colômbia, Guianas, República Dominicana e sul dos Estados Unidos, principalmente na Flórida; assim como no Havaí. Seu cultivo para fins industriais é feito só na Austrália. A caramboleira é uma árvore de porte pequeno, atingindo, no máximo 7m de altura, folhas pequenas, alternadas, flores também pequenas branco e púrpura. Frutificaapós4 a 5 anos de plantio e sua sobrevivência oscila entre 50 e 70 anos. Seus frutos, também conhecidos por camerunga, têm formato original, oblongos, com cinco gomos largamente separados uns dos outros, medindo até 12 cm. Baga carnosa, nas cores verde claro ou amarelo ouro, sabor agridoce, meio adstringente, podendo ser consumidos in natura ou sob a forma de sucos, caldas e doces (geleias, gelatinas, compotas ou tipo passas). Quando os frutos são cortados transversalmente, parecem estrelas e podem ser servidas em saladas e tira-gosto, também como ingredientes de coquetéis. Comum em quase todos os quintais e sítios brasileiros, não é árvore cultivada para fins industriais.

       VALORALIMENTÍCIOEPROPRIEDADESTERAPÊUTICAS 

 Contém Cálcio, Vitaminas A, Complexo B e C; ferro e fósforo; também proteínas e lipídios; 94%g é constituída por água;100ml do suco fornece apenas 23,3kcal. Rico em fibras é usado para prevenir a hipertensão. A vitamina C fortalece ossos, dentes, impedindo a mandíbula de encolher; previne a osteoporose, dores ósseas das gengivas e problemas menstruais. Fonte de polifenoisantioxidantes que combatem os radicais livres, retardando o envelhecimento precoce. O decocto das folhas fornece um sucodiurético, excelente, usado como febrífugo e contra tosse; combate o cansaço mental, resfriados. Pedaços da fruta podem ser utilizados para limpar prataria e manchas de ferrugem. As sementes ovais, achatadas e marrons, trituradas são indicadas na asma, cólicas menstruais e câimbras musculares.. As folhas, compostas por dois folíolos alternados contém ácido oxálico que estimula o apetite. Quando maceradas, fornecem um sumo que ajuda a clarear as manchas de idade das mãos. Também usadas, externamente, em picadas de animais venenosos. As cascas da caramboleira, ricas em tanino são usadas como disentéricas. Apesar de todos esses suplementos alimentares, em pesquisas realizadas na Universidade Federal de Ribeirão Preto foi detectada uma toxina – a carambotoxina – existente em teor elevado na fruta e que é nociva ao homem, por não ser filtrada pelos rins. Em pessoas com histórico de insuficiência renal, por diabetes ou outras causas, essa toxina cai na circulação sanguínea, vai ao cérebro, causando problemas neurológicos: soluços, confusão mental, convulsões. Se não for feita uma hemodiálise, pode levar ao coma e atéà morte. Os cristais de oxalato de cálcio, derivados do ácido oxálico encontrado na fruta são, também, responsável pela formação de cálculos renais, como o ácido úrico. Em 19 de março de 2008, foi sancionada uma Lei n@ 4152, no município paulista de Jaú,aprovado pela Câmara de Vereadores do município, projeto do vereador José Mineiro da Câmara, proibindo o uso de suco de carambola em restaurantes, bares, repartições públicas. Deve afixar-se cartazes em todos os estabelecimentos comerciais sobre as consequências da ingestão dessa fruta e seus derivados, inclusive a polpa e doces, sob pena de multa, fixada à época, em R$ 520,80. Desde 1982 vários médicos em Goiânia já proibiam o consumo de sucos ou mesmo da fruta em doentes renais crônicos.


                                                CURIOSIDADES 

Quase nada achei no folclore brasileiro sobre carambola, a não ser a expressão popular, ora carambolas!ou somente carambolas!para designar surpresa causada por algo incomum ou frustração.



 MINHA OJERIZA A CARAMBOLAS E CARAMBOLEIRAS 

No quintal da nossa casa, em Pinheiro, havia uma caramboleira, provavelmente plantada por minha avó paterna, na década de 1930, assim como todas as fruteiras do nosso quintal. Com a sua morte, meses antes do meu nascimento, uma sobrinha sua, Dona, que sobreviveu ao meu pai, se auto-denominou guardiã dessas fruteiras, principalmente do cajazeiro, objeto dos nossos desejos. Na realidade eu nunca gostei de carambolas, principalmente as de casa, mirradas e muitoácidas, mas gostava de subir para ter uma visão da Avenida Paulo Ramos que corta a Avenida Presidente Dutra, quase que na esquina de nossa casa. Há uns 22anos ganhei umas carambolas grandes,amarelinha e dulcíssimas, de uma professora visitante do Departamento de Patologia da UFMA, de origem chinesa, Essa professora trouxera da sua terrasementes da fruta e plantara em seu quintal, com sucesso. Passei a minha primeira infância sob vigilância rigorosa do meu pai, principalmente em relação às nossas incursões ao quintal onde havia um poço sempre coberto, mas ele tinha receio da curiosidades dos filhos em relação ao tal poço, assim como ao porão, construído na época da II Guerra Mundial para abrigar-se de bombardeios. Durante as perseguições getulistas contra o Comunismo e o Integralismo, alguns amigos seus integralistas ficaram alí escondidos. Aos 6-7 anos já subia nos pés de jucá, fugindo de nossa mãe com suas colheradas de Emulsão de Scott e de Óleo de Fígado de Bacalhau. Não adiantava nada e tínhamos que tomá-los com um copinho de Biotônico Fontoura, para mascarar o gosto intragável. A caramboleira deve ter sido podada, bifurcando-se em dois galhos relativamente grossos e resistentes. Do alto dava para ouvir bem o alto-falante do cinema dos Paiva (não lembro o nome): curtia as músicas, principalmente as marchinhas. Nessa ocasião tentava aprender ”Cadê Zazá,” lançada no Carnaval de 1948 e sucesso na voz de Carlos Galhardo. Vivia cantarolando a primeira estrofe, mas a segunda não conseguia entender unas duas palavras. Nesse bendito dia, assim que começou a ser transmitida eu subí na caramboleira e estava tão distraída que não pressenti a chegada de mamãe que, de taca na mão me intimou a descer. Comecei a apanhar tão logo minhas perninhas ficaram ao seu alcance. Eu chorava e soluçava enquanto Carlos Galhardo cantava: “Cadê Zazá, Zazá, Zazá/ Saiu dizendo vou ali mas volto já. Se não voltou por que, por que será? Cadê Zazá, Zazá, Zazá. Sem ela vou vender meu bangalô que tem tudo mas não tem o seu amor/sem ela, praque serve geladeira/pra que ventilador? Eu pergunto e ninguém sabe onde ela está. Cadê Zazá, Zazá, Zazá?” Pronto as palavras que não entendia eram: bangalô, geladeira e ventilador, ainda não conhecidas por mim. Não apanhei mais, porque Camélia (Dadá), minha babá me socorreu. Também gostava muito de General da Banda, cantada por Blecaute, em 1949. Hoje eu entendo que essa marchinha fazia alusão ao General Dutra, nesse tempo Presidente do Brasil, e ao Gal. Mourão que certamente queria derrubá-lo. Entre 1997-98 a Globo apresentara, no horário nobre uma novela de Lauro César Muniz, tendo a atriz Fernanda Montenegro, representando a protagonista, descendente de Santos Dumont. Título da novela: “Zazá”. Se já havia esquecido o episódio da pisa, tudo voltou à minha memória: a marchinha, a caramboleira e a taca de mamãe. Agora lhes pergunto: como falar em caramboleira e carambolas sem lembrar-me dessa surra? A primeira e única na minha vida, porém inesquecível!

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