MOEMA

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PAPIRUS DO EGITO

sábado, 26 de outubro de 2013

MEUS ANOS DOURADOS (1953-64)



Hoje vou entregar-lhes uma das mais caras recordações da minha mocidade. Os filmes,  a que assistíamos  eram, com raras exceções, mexicanos e cubanos, com músicas caribenhas, como rumbas, mambos, boleros, em castelhano.
Aprendemos algumas palavras em Espanhol e nunca fizemos feio quando cantávamos, em programas de calouros, as músicas ouvidas nos discos da minha casa ou do serviço de alto falante Voz Paroquial. Também muito me valeu esse modesto vocabulário, quando cursando Farmácia os poucos livros da biblioteca eram todos editados em Madrid ou Buenos Aires.
Pois bem, tão logo chegava a Pinheiro, esperava ansiosamente o inicio da Voz Paroquial, para pedir ao locutor, meu primo Hildebrando, que ele pusesse para  rodar Que murmurem, na voz de Trini Lopez ou de  Dolores Duran.
Essa era a senha para a nossa turma saber que eu estava na cidade e que as tertúlias que realizávamos em casa, iriam começar. Dançávamos  a partir das 20:00h, tomando apenas Cola Jesus ou suco de maracujá, encerrando às 21:30,  quando mamãe aparecia na sala perguntando quem iria ficar para dormir em casa. Encabulados e pedindo desculpas, iam saindo um a um. Às tardes os encontros eram no coreto da Praça da República, atual José Sarney. Conversas infindáveis. Assuntos os mais diversos, os quais intrigavam mamãe que sempre perguntava o que tanto tínhamos para falar. Nunca mencionávamos bebidas, cigarros; talvez nunca houvéssemos ouvido falar sobre drogas, sequer maconha, tampouco aberrações sexuais..
Em outras noites, simplesmente nos sentávamos no batente da Casa Paulo de Tarso,iluminados pela  lâmpada do poste de ferro, chantado num canteiro bem em frente, fazendo adivinhações ou jogando impugna, tirando as dúvidas com um exemplar do Dicionário Prático Ilustrado  de Português, da Livraria Chardon Editora Lello, do Porto  e que pertencera ao meu pai.
Bons e despreocupados tempos! A minha música-tema era Que Murmurem, na voz de  Dolores Duran, pois sempre fui um pouco avançadinha para a época, sendo foco da maledicência de alguns conterrâneos. Enquanto as colegas falavam em príncipes encantados, noivados, enxovais, casamentos e filhos, eu dizia que não queria casar-me enquanto não me formasse e fosse para o Rio de Janeiro. Namorados  eram descartáveis,  e não queria prender-me a nenhum rapaz.
                                                 Ouçamos  Que Murmurem
“Que murmurem, não importa que murmurem,/ Pouco importa o que dizem e o que pensa toda gente/ Os boatos se desfazem aos caprichos da corrente. Que murmurem, não importa que murmurem/ não importa o que dizem  que teu amor é traiçoeiro que teu riso é muito falso e teu beijo interesseiro/ que tiveste outros amores e que não fui o primeiro. Não importa o que dizem, embora mintam e jurem/ se tu és como eu te quero. Que murmurem, ah! que murmurem!” – versão pessoal.

2 comentários:

  1. Excelente!!! Muito Bom Amiga Moema, quando pode-se escrever da juventude coisas interessantes; Vida, artes de todas espécies, aqui no texto, um enfoque a Musica!!! Maravilha!!! Abraços

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  2. Grata, amigo, tenho muitas recordações principalmente da ,minha mocidade. Felizmente o ciclone que atingiu nossas vidas mantrve incólume a minha memória e espero permanecer lúcida, enquanto a vida puder favorecer-me. Abs.

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